Trabalhamos dentro do mundo astral construído pelo mental dos atendidos

Felizes serão os que houverem dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos e unamos nossos esforços a fim de que o Senhor encontre a obra terminada quando chegar” (ESSE cap.XX)

… renovar-se-á a face da Terra, no rumo da felicidade perfeita. Para isso, porém, é necessário nos devotemos à assistência recíproca, com ardente amor fraterno… (Fonte Viva)           

Na abertura foram dadas as orientações do mentor para o desenvolvimento dos trabalhos da noite. Séculos passados voltariam a se encontrar e quiçá se perdoar. Entre ter notícias do passado e reconciliar, perdoando e compreendendo, tem um longo caminho de muita dedicação, preces e Evangelho.

Como já explicamos anteriormente, o critério para que membros do grupo participem não é ortodoxo. Médiuns experientes ao lado de neófitos convivem harmonicamente. O que vale é a dedicação, esforço, persistência, estudo, vibrações elevadas e muita vontade de servir.

Recorremos mais uma vez às recomendações encontradas no livro de Ermance Dufaux ¹ : Hoje, mais do que nunca, o bem exige alicerces seguros e trincheiras eficazes. É nesse contexto que podemos entender o valor inestimável das trincheiras de amor, construídas no desinteresse e na forja da coragem. Entre os homens, equipes que se amam e se respeitam. Além da matéria, grupos socorristas que operem quais pólos produtivos de lídimo serviço cristão de libertação das consciências.

A superação de parâmetros na aquisição de conhecimentos novos pode ser amealhada através da instauração de iniciativas experimentais. Os contributos morais da compaixão, do desejo de auxiliar e de aprender são as únicas linhas morais a serem conservadas nessa modalidade de aprendizado. Quanto ao mais, bom senso, ousadia, rompimento com padrões e muito diálogo serão os fios condutores de novos modelos de parceria entre o mundo físico e espiritual.

Poucos ousam a investigação, a observação, a experimentação fraterna. O estudo e a disciplina, conquanto imprescindíveis, não deveriam se converter em cadeados para a espontaneidade.

Para este trabalho chegava um novo membro no grupo. Pessoa interessada, pronta para se dedicar, com a vidência aflorando, com pequenas participações em trabalho de desobsessão. Uma novata cheia de boa vontade.

Uma das características de nosso grupo é a alegria. Galhofamos entre nós com espontaneidade. Durante o atendimento, a médium estava vasculhando a casa atendida. Muitos miasmas, objetos, aparelhos instalados. O ambiente era sufocante. Mais dois médiuns davam sustentação nesta viagem em ambiente difícil. Cada um ia percebendo alguma coisa ou situação e atuava o necessário. Atendimento em parceria. A médium mais experiente relatava, limpava e os outros caminhavam juntos, atuando conforme percebiam e sentiam necessário.

Em rica fonte de ensinamentos, André Luiz² nos relata: No dia imediato, pela manhã, em companhia de entidades ignorantes e transviadas, dirigimo-nos para confortável residência, onde espetáculo inesperado nos surpreenderia. O edifício de enormes dimensões denunciava a condição aristocrática dos moradores, não só pela grandeza das linhas, mas também pelos admiráveis jardins que o rodeavam. Paramos junto à ala esquerda, notando-a ocupada por muitas personalidades espirituais de aspecto deprimente. Rostos patibulares, carantonhas sinistras. Indiscutivelmente, aquela construção residencial permanecia vigiada por carcereiros frios e impassíveis, a julgar pelas sombras que os cercavam. Transpus o limiar, de alma opressa. O ar jazia saturado de elementos intoxicantes. Dissimulei, a custo, o mal-estar, recolhendo impressões aflitivas e dolorosas. Entidades inferiores, em grande cópia, afluíram à sala de entrada, sondando-nos as intenções. De posse, porém, das instruções do nosso orientador, tudo fazíamos para nos assemelharmos a delinqüentes vulgares. Reparei que o próprio Gúbio se fizera tão escuro, tão opaco na organização perispirítica, que de modo algum se faria reconhecível, à exceção de nós que o seguíamos, atentos, desde a primeira hora. Instado por Sérgio, um gaiato rapaz que nos introduziu com maneiras menos dignas, Saldanha, o diretor da falange operante, veio receber-nos.

A médium novata, referência a ela com muito carinho, entrou também na faixa e diz:

– estou vendo um bicho dentro do vaso

– pegue o vaso e jogue o bicho fora, pela janela

– já estou fazendo…

Isto mesmo que você leu. Nos atendimentos em faixas vibratórias trevosas, existem aparelhos, bichos, objetos imantados, seres hipnotizados acreditando-se animais e o que a imaginação trevosa puder conceber e transformar.

André Luiz³ volta a nos ensinar: a indução hipnótica significa o processo através do qual um corpo que detenha propriedades eletromagnéticas pode transmiti-las a outro corpo sem contacto visível. No reino dos poderes mentais a corrente mental é suscetível de reproduzir as suas próprias peculiaridades em outra corrente mental que se lhe sintonize. No mentalismo, o fenômeno obedece à conjugação de ondas, enquanto perdure a sustentação do fluxo energético. Compreendemos assim, perfeitamente, que a matéria mental é o instrumento sutil da vontade, atuando nas formações da matéria física, gerando as motivações de prazer ou desgosto, alegria ou dor, otimismo ou desespero, que não se reduzem efetivamente a abstrações, por representarem turbilhões de força em que a alma cria os seus próprios estados de mentação indutiva, atraindo para si mesma os agentes (por enquanto imponderáveis na Terra), de luz ou sombra, vitória ou derrota, infortúnio ou felicidade. 

Nos trabalhos de desobsessão como o nosso, deparamos com objetos imantados, às vezes por vidência e outras vezes porque as entidades declaram estar de posse naquele instante, geralmente ameaçando causar algum mal. Encontramos uma explicação em Ramatis4: “A ação mental e dinâmica do mago, sobre o campo físico dos objetos e seres destinados à função censurável de acumuladores magnéticos de enfeitiçamento, também se propaga pelo duplo etérico dos mesmos, obediente a lei de atração e coesão magnética. Os fluidos acumulados em tais objetos, sob a lei de atração recíproca dos semelhantes, vinculam-se à aura do duplo etérico da vítima e disseminam-se pelo seu perispírito, causando enfermidades e perturbações, que dificultam a percepção intuitiva dos médiuns, sobre a pessoa enfeitiçada. As coisas e objetos materiais, sob a força mental de mago poderoso, atuando-lhes no duplo etérico ou corpo vital, podem transformar-se em captadores de éter-físico inferior e de energia astralina maléfica.”  

Em seguida , o pequeno grupo médiuns que estavam dedicados neste atendimento projetaram luz, queimaram os miasmas com tochas, focos intensos de luz. As larvas astrais e miasmas são criações mentais, geradas a partir de pensamentos e sentimentos negativos, a manutenção da iluminação e asseio do ambiente vibratório se faz pelo equilíbrio e o controle do que pensamos e sentimos. Esta limpeza é apenas o começo de uma grande mudança de comportamento mental e espiritual.

A casa estava tomada por seres transformados em figuras animalescas. Dois dialogadores atendiam um médium que retratava a situação. Como explicamos, este trabalho espiritual exigiu de toda equipe muita agilidade de pensamento, ação e decisões.

– o morcego (figura animalesca de espíritos hipnotizados – zoantropia) entrou debaixo do sofá

– então vou levantar o sofá e você joga a rede

– mentalmente levanta o sofá, está dentro do mundo real daquelas entidades

– joguei a rede. Peguei, está preso!

A cena é real, trabalhamos dentro do mundo astral construído pelo mental dos atendidos. O plano espiritual nos acompanha, dá as orientações através de intuições e outra conversando, participando do atendimento.

Segundo Kardec5 Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que é a mão para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem àqueles fluidos tal ou qual direção, os aglomeram, combinam ou dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma coloração determinadas; mudam-lhes as propriedades, como um químico muda a dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo certas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual. O Espírito cria fluidicamente os objetos que ele esteja habituado a usar. Para o Espírito, esses objetos fluídicos são tão reais, como o eram, no estado material

Ao final o mentor recomendou a continuidade do atendimento deste caso, mais cuidado e zelo das atitudes e posturas por parte dos atendidos e muita leitura do Evangelho.

Obs: este atendimento, por trazer experiências mais ricas de ideoplastia e zooantropia nos convida a estudos mais profundos a fim de trabalharmos com propriedade em situações análogas. Recomendamos o estudo do trabalho de Rodrigo Félix da Cruz, O Pensamento, publicado na internet.

¹ livro Lírios da Esperança de Ermance Dufaux e Wanderley de Oliveira – introdução de Cícero Pereira

² livro Libertação – pelo Espírito André Luiz e Francisco Candido Xavier 

³ livro Mecanismos da Mediunidade Francisco Cândido Xavier pelo Espírito André Luiz

4 livro magia de Redenção – Ramatis e Hercílio Maes

5 livro A Gênese – Alan Kardec cap 14

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