Reunião densa, revelando entrosamento entre o plano espiritual e nós os encarnados desde o estudo inicial.
Na leitura do livro Desobsessão – A terapia dos Imortais de Luiz Gonzaga Pinheiro, nos chamou atenção este trecho: Aqui não existe apenas desafetos de seu apadrinhado. Ele não é tão importante assim. São muito os devedores em castigo nesta fortaleza. Somos credores que arregimentam tropas entre os que devem à Lei para forçá-los a trabalhar para nós. São prisioneiros comuns de qualquer espécie. Precisamos de trabalhadores, de peões que abram trilhas nas matas, que removam a lama, que vasculhem dejetos à procura de quem queiramos encontrar. Precisando de espiões, trinamo-los e os enviamos a campo. Quando a necessidade pede escravos, escravizamo-los e os utilizamos como burro de carga. Em resumo nossos prisioneiros suprem nossas necessidades.
Começamos então a analisar a força da hipnose. Este trabalho das trevas é sustentado pelo uso da hipnose nos seus comandados. Nosso companheiro Donizete, médico psiquiatra, nos esclareceu com propriedade o assunto dizendo: na medida em que o ” hipnotizador” incute suas idéias e intenções na cabeça dos suscetíveis, em outras palavras os que estão sintonizados pelo rancor, magoa, ódio ou o que o valha, suas idéias, capacidade reflexiva e juízo crítico se perdem. Sem capacidade de juízo crítico, a pessoa ou espírito torna-se um joguete manipulável ao bel prazer do hipnotizador pois não é mais capaz de avaliar as situações que se lhe colocam diante do nariz. Sem capacidade de juízo torna-se um escravo, perde de alguma forma sua liberdade de escolha pois em sua cabeça encontra-se sempre as mesmas formas perversas e repetitivas ali incutidas. Lembro-me do meu preceptor na residência de psiquiatria, o Dr Carol, contando que no seu ponto de vista o doente psiquiátrico perde sua liberdade de escolha pois as doenças psiquiátricas afetam o funcionamento dos processos mentais de tal forma onde tudo é repetitivo e estereotipado e então o doente perde sua capacidade de pensar-se outra forma. Sua liberdade de pensamento e portanto de escolha pessoal perante a vida se foram. Acho perfeitamente possível traçar um paralelo entre a condição dos doentes e a dos espíritos sofredores. Aos doentes encefalopatas fornecemos terapêutica médica na tentativa de quebrar as estereotipias e melhorar a doença e aos espíritos a doutrinação serena e pautada no conhecimento e fé em Jesus.
Tudo se encadeou, como uma grande orquestra. Os instrumentos estavam bem afinados e os músicos bem treinados. É interessante que nunca se diz que um músico está pronto, é sempre medido se está bem treinado e apto para naquele instante executar a partitura. Não é seu passado, o que já tocou que vai valer naquele instante. Músico não tem passado, só presente. Assim é o médium trabalhador. Sua oportunidade de trabalho é única, só o presente conta.
Às vezes brincamos que temos que assinar o caderno de presença para garantir o bônus hora. Ainda bem que sabemos, que o bônus hora vale para que possamos obter cada vez mais trabalho, sem muita burocracia. “A quem tem, mais se dará, e a quem não tem, até o pouco que tem lhe será tirado”.
A família atendida, foi por um pedido de um companheiro do grupo. Moram distantes, não são conhecidos. Ressaltamos porque os médiuns tiveram relativa facilidade de ir até o local para trazer as entidades que lá estavam. Em outro momento foram até a casa para limpar o ambiente, para deixar junto com os mentores lindas rosas brancas.
Desta vez os considerados “chefes” estavam integrados. Reagiam ao mesmo tempo, reclamavam que estavam perdendo seus comandados, Em alguns momentos se juntavam para dizer em uníssono que o trabalho de ajuda e socorro de nada adiantariam. Não é comum tanto entrosamento da parte daqueles que assediam um lar, uma família. Não davam a impressão de serem provenientes de trevas profundas, nem que estariam obedecendo a elas. Queriam vingança, fazer o mal, conservar as pessoas desnorteadas. Tinham técnicos para fazerem isto. Sabiam usar aparelhos para causar sérios compromissos nas atitudes dos encarnados assistidos.
O primeiro atendido vivia numa contradição. Sentia ódio, queria vingança, queria ficar perto, se sentia mal em ficar perto, não queria se afastar. Ao simples convite para deixar aquelas pessoas e procurar uma possibilidade melhor, caía, mergulhava dentro de suas lembranças ruins. Não houve indução magnética inicial, foi tentar convencê-lo de se afastar um pouco e a dor das lembranças do passado o dominavam. Reclama de que estava se sentindo mal, mas não podia ir embora. Tentamos buscar alguma figura importante, amorosa do seu passado, mas seu pensamento era muito restrito, não tinha espaço. Dizia que ia permanecer e não tinha argumento. Interessante é que sabíamos que tinha um índio junto a nós, mas não deu vontade de falar sobre ele. Num instante, índios vieram e o levaram.
Um dos médiuns experimentou uma percepção diferente para ele. Captou o nome da entidade ante mesmo percebê-la. A entidade por sua vez, também não viu o médium, mas sabia que ele captou seu nome. A entidade não gostou disto. Ao se comunicar através do médium, enrolava as palavras, confundia, não ficava entendível o que dizia. O médium ficou sem compreender.
Teve um momento em que dois médiuns estavam com entidades que de alguma forma estavam juntas. Um zombava daqui, o outro completava de lá. Um destes atendidos trazia na mão um aparelho tipo óculos. Oferecia para quem estava ao lado, para o dialogador. A sustentadora que estava entre os dois médiuns estava dentro da situação. Via o que um falava e mostrava, oferecia ao outro. Ouvia a resposta. Era mentalmente diálogo aberto por assim dizer. Com este aparelho colocado nas pessoas da casa, eles não conseguiam enxergar as coisas e ficavam brigando entre si.¹ O aparelhos foi confiscado, ou desfeito – para o plano espiritual é fácil – e toda a turma de espíritos que os acompanhavam foram atendidos, socorridos e encaminhados.
Um das médiuns foi buscar o pessoal que estava lá na casa. Foi desgastante, causou cansaço. Pediu então para outro médium retornar no local para trazer o restante. A chegada da entidade chefe foi imediata. Quem chamou, porque chamou e não seríamos atendidos. Ele estava lá porque o querem lá.
– me chamaram e estou lá. Eles me querem lá. Converso com eles à noite.
– você pode continuar sendo das trevas, mas em outro lugar. Tem muito lugar escuro para você procurar.
– mas não adianta, eles me chamam de volta, gostam da minha presença.
– desta vez você vai ter que sair. Pode continuar fazendo o que faz, mas vai dar uma trégua para o pessoal da casa……
– sou das trevas, gosto somente do escuro….
-você não tem um amor do passado, alguém que gostou muito, que você se lembra
– só tem minha mãe. Ela anda sempre comigo
– e você leva sua mãe para esses lugares feios?
– ela sabe que eu gosto e vai comigo… Cemitérios, lugares pantanosos, mal cheirosos…
– você tem coragem de fazer isto com sua mãe? …..
Nesta altura, já intuíamos que a mãe é espírito elevado que o acompanha…
– ela vai comigo, não a vejo….
– que bom que você é o guia dela. Como você conhece todos estes lugares, fica mais fácil para ela ir com seus companheiros de trabalho ajudar os que precisam e pedem socorro.
– eu vou e ela vai junto…
– que Deus abençoe sua mãe…. Neste momento emocionados fizemos uma oração de agradecimento por este anjo protetor, cheio de luz que acompanha esta entidade e vai socorrendo os infelizes.
A entidade não esboçou reação, não protestou nem demonstrou emoção. Ele sabe que algo está acontecendo.
– obrigado a você também por ser um parceiro da sua mãe abençoada. Cada lugar que você vai ela pode levar luz…²
O atendimento àquela família já estava quase terminado. Mais um chefe de grupo foi trazido nos mesmos moldes de protesto e revolta e foi atendido.
A médium nos atraiu a atenção. Como já dissemos em outra oportunidade, esta médium tem a facilidade de trazer grandes grupos. Chegou com um voz quase infantil:
– que idade você tem?
– 15 anos?
– como é seu nome?
– meu nome é ninguém. Aqui ninguém tem nome³
– como não tem nome!?
-nenhum de nós tem nome. Eles dizem que somos ninguém, que não valemos nada…
– vocês e seus amigos estão com fome? Querem comer? Podem tomar banho também e ficar limpos e bonitos.
– estamos com fome mas não vamos comer a sopa com pozinho. Já avisaram para a gente não comer esta sopa que tem pozinhos para a gente dormir…
A desconfiança era total. Preferiam passar fome do que arriscar.
– você está vendo aqueles outros meninos? Estão limpos, alegres e de barriga cheia
– é que na sopa deles vocês não colocaram pozinho
– você quer continuar sujo e feio?
– eu não sou feio, só estou sujo
– então se veja no espelho…
– este espelho está com defeito, eu não sou assim
– então vamos colocar o garoto sorridente do seu lado
– é estou sujo… mas não quero tomar a sopa
– seus amigos se viram no espelho e olha lá como estão…
– vocês mostraram para eles também? Tinha espelho para todo mundo!?
– tinha, e eles já estão bonitos e tomando sopa e todos eles tem nome
– imagina se tem. Ninguém tem nome…
– você vai ficar de fora, sujo e ainda sem nome?
– sou ninguém, não sirvo pra nada…
– então você vai escolher um nome bem bonito… José que foi o pai de Jesus… Pedro, significa pedra, ser forte…… João….. Mateus…….. ah!, já sei Lucas. É um nome bonito como você…
– de Lucas eu gosto
– então Lucas vá atrás deles. Eles já comeram, estão bonitos e vão sair com aquela turma de garotos..
– Já vou então, obrigado, to indo…..
Os sustentadores no final do trabalho, quando trocamos informações, contaram que sentiram durante todo o atendimento cheiros muito ruins, difíceis de agüentar. Foi uma situação difícil, suportar o mau cheiro e manter a sustentação em alto nível.
Findo o trabalho vibramos pelos trabalhadores da casa, principalmente aqueles que põem a mão na massa e garantem festas e eventos e o pagamento das despesas da casa de Auta de Souza. Uma da médiuns, por vidência pôde observar o quanto recebem investidas do mal para não realizarem tão importante tarefa.
¹ este aparelho é interessante, porque na nossa vida cotidiana, quantas vezes reclamamos que não estamos encontrando as coisas. Objetos somem por um tempo e depois são encontrados. Se temos a imaginação fértil vamos dizer que foi transportado para outro lugar. No entanto vimos nesta noite, que um simples “óculos escuro” colocado à nossa frente pode nos trazer muito aborrecimento.
² informação do médium à posteriori : um espírito muito inteligente totalmente consciente de tudo, da vida que levava no mal e não se comoveu com as palavras que ouvia de forma alguma; mantiveram até um certo respeito de parte a parte neste embate, a luz com a treva.
Explicação da dialogadora: O que aconteceu neste atendimento, foi Francisco Candido Xavier e André Luiz puros.
Enquanto conversava com o amigo, e podemos realmente chamá-lo de amigo porque ainda teremos agradáveis surpresas como ele, seja em futuro próximo ou distante, as leituras de André Luiz iam desfilando na minha cabeça*. As idéias vinham, as visões que foram criadas quando fizemos estes estudos, desfilavam dentro do nosso pensamento, se insinuavam. Outra hora pareciam que estavam sendo mostradas e uma a uma, iam sendo trocadas. Não eram imagens distantes, estavam dentro.
Sabemos, através das informações que vamos obtendo ao longo de muitos anos, que muitos espíritos de inteligência diferenciada, transitam pelo lado que chamamos “mal” com todo conhecimento de discernimento que transitarão no lado do “bem”. O que os leva a se manterem na faixa vibratória mais pesada, na maioria das vezes, são grandes amores tidos como perdidos. É um peso enterrado no fundo da alma, que um dia boiará como se fosse algo leve dentro do oceano.
Argumentar dentro de padrões religiosos, discurso adocicado, faz-nos parecer ridículos aos seus olhos. Vivem uma escolha, sabem o que estão fazendo, questionar se é bem ou mal, é difícil. Usam o argumento de que foram chamados e lá estão. O que causam ou deixam de causar não é problema deles, é de quem os chamou e os mantém ali.
O que vai tirar a pedra lá do fundo d’alma é o AMOR. Neste dia os anjos descerão do Céu para viver esta grande benção!
*cabeça aqui pode ser pensamentos, imaginação, imagens. Ao mesmo tempo que criava as idéias e imagens próprias, outras que pertenciam aos livros entravam junto. Ao mesmo tempo que conversava, ia selecionando a idéia mais apropriada, segundo meus parâmetros, para levar o diálogo adiante.Usando uma expressão corriqueira atual estavam junto e misturadas.
³. Por princípio evitamos ao máximo perguntar o nome de alguma entidade que se nos apresenta, não fazemos isto. Não relacionamos nomes a membros de família ou a personagens conhecidos publicamente. Perguntamos para o garoto por um impulso, por uma intuição, de forma instantânea, sem passar pelo raciocínio lógico.