Dia após dia, estudo após estudo, trabalho seguido de trabalho, tudo se encadeia para melhores resultados em cada empreitada.
Neste nosso trabalho foi interessante que o estudo, na leitura da preparação, facilitou as tarefas que estavam por vir. Não se pode imaginar, embrenhar pelos caminhos da desobsessão sem muito conhecimento do assunto. Nada de aventuras. “A quem tem se lhe dará, e a quem não tem, até o pouco que tem lhe será tirado”.
Cada página lida, abre um espaço de atenção, discussão, dúvidas imensas, que nos leva a querer mais respostas, saber se temos a mínima condição de adentrar neste mundo de tragédias, dores, sofrimentos atrozes, vinganças, pensamentos cristalizados, mentiras, enganações, ludíbrios, engodos que levam muitos a descerem ainda mais, a se enfurnarem nos enganos e bancarrotas.
Não estamos exagerando. A preparação do grupo, determina sua qualidade de resultados. Um grupo despreparado, que se contenta com muito pouco, fica na ilusão de ter feito muito. Não existe trabalho eficiente com pouco esforço. Acabamos de ler uma reflexão “ostra descansada, não produz pérola”. Uma pérola de frase. Trabalhador que imagina que o plano espiritual o guiará e protegerá das intempéries do caminho, está iludido. Os trabalhadores do plano espiritual têm muita coisa para fazer, e não gastam tempo com quem quer se iludir, ou justificar seu pouco esforço, em nome de uma grande proteção espiritual.
Se ele quer se enganar, pode se enganar, mas a realidade não é esta. Recomendamos a leitura do livro 1/3 da Vida de Ermance Defaux, para ver a situação dos trabalhadores encarnados quando estão à noite no plano espiritual se imaginando competentes. Parafraseando “respeito é bom e eu gosto”, nossos amigos espirituais, trabalhadores junto a nós estão a nos dizer “estudar é bom e eu gosto”.
Para poder lidar com problemas enraizados no passado, é preciso ser bom jardineiro e ter respeito pela natureza do homem. Sim, é a nossa natureza, nosso passado, que nos mantém ativos para a luz, ou aprisionados nas trevas. O trabalhador que se propõe entrar nesta guerra íntima de um desconhecido, tem que ter muita habilidade para tamanha ousadia. Este preparo acontece com trabalho, estudo, dedicação, assiduidade e bom senso. Bom senso pode ser a soma da emoção, coração e inteligência. Todos nós temos isto à farta e à disposição. A questão da vontade, é de responsabilidade pessoal e intransferível.
O estudo vai nos dando os ingredientes para avaliar o que fazemos, o que acontece à nossa volta, o atendimento, resultados, progresso, confirmações, depoimentos. “Não acrediteis em todos os espíritos, mas provai se são de Deus”. A farsa, o deboche, o escárnio, acontecem de maneira disfarçada, muito mais do que abertamente. São sutilezas que vão minando um trabalho que não tenha trabalhadores atentos e preparados. Da mesma maneira que a fé é a sustentação, o alicerce do trabalho. Não basta declarar fé. É nos momentos de ameaça direta ou velada, em que chefes, poderosos, chegam até nós sutis ou fazem profecias da desgraça, que nossa fé é testada.
Quantas vezes isto acontece! Muito mais do que “imagina nossa vã filosofia” já dizia Shakespeare por volta de 1.600, séc. 16 e 17. Se não existe a estrutura da fé dentro do trabalhador, aos poucos ele disfarça e cai fora. À vezes nem percebe o que está fazendo, hoje, está com dor, amanhã muito ocupado, além, um parente lhe clama os cuidados no horário da reunião e quando vê, “conseguiu” se livrar do trabalho que lhe causava medo. Pior ainda, quando entra num estado de desamor para consigo mesmo e acha que não faz falta. Um trabalhador de Jesus sempre é bem vindo. “Venha a mim, vós que estais aflitos, e Eu vos aliviarei”. Convite, claro, simples e direto. Convite para todos nós.
Desta vez o que chamou atenção foi a quantidade de atendimentos de grupos. Não tinham um líder específico, estavam agrupados recebendo e cumprindo ordens. Com carinho fica mais fácil o diálogo e encaminhamento.
Atendemos um amigo, que estava acompanhado de muitos outros. Quando ele informou que eram muitos, ficamos felizes. É muito bom libertar, tirar do sofrimento muitos de uma vez. Uma perseguição a menos para o mal, uma possibilidade de muitos para o bem. Contou que foram bem recebidos, tomaram banho e receberam comida. Estavam com medo de ser enganados porque foram alertados que aqui faziam assim para enganar: tratamos bem e depois os aprisionamos. Continuamos perguntando se estavam sendo ameaçados e a confiança dele aos poucos foi aumentando.
– vocês estão atrapalhando nossos objetivos
– seus objetivos, ou seus deveres?
– nossos objetivos, claro…
– você pode errar na sua tarefa?
-não, se eu errar tem punição
-então é dever
– é mesmo…, se fosse meu objetivo, eu poderia errar, que nem ia ligar e começava de novo…
– então o objetivo não é seu, é do seu chefe que manda em vocês
– fui enganado, ele nem está ligando para nós. Estamos fazendo só o que ele quer…
-e nunca ninguém falou isto para vocês?
– apareceu um moço, que falou. Ele estava rindo e achamos que estava gozando a nossa cara…
Peça a seus amigos, companheiros que vieram junto com você para olharem em volta
Neste instante ia falar que lhe daria um presente, mas não deu tempo de acabar a frase. Calei no meio da conversa.
– já estamos vendo, ele está aqui!
– ele sorri?
– ele falou que foi muitas vezes lá, mas a gente não ouvia. Por isto fez aquela cara de gozação, rindo, só para a gente prestar atenção nele. Agora vamos com ele…
Uma lição tiramos deste acontecimento. Quando o atendimento é agendado, entra na nossa lista com semanas de antecedência, o trabalho espiritual começa. A reunião nossa de trabalhadores encarnados é o final de uma etapa, onde aqueles que estão em condição são esclarecidos, e alguns que estão agindo para o mal são contidos. Não existe o fim do problema. Apenas novas condições de dar continuidade à Vida. Se alguém se ilude, imaginando que após o trabalho tudo se resolve, terá a decepção de ver pouco tempo depois, as coisas se repetindo. Espíritos foram atendidos, encaminhados, contidos. Mas se a porta continua aberta, escancarada, sem a proteção da oração e da dedicação, tudo retorna.
“Quando um espírito imundo sai de um homem, passa por lugares áridos procurando descanso e não encontra, e diz: ‘Voltarei para a casa de onde saí’. Chegando, encontra a casa desocupada, varrida e em ordem.
Então vai e traz consigo outros sete espíritos piores do que ele, e entrando passam a viver ali. E o estado final daquele homem torna-se pior do que o primeiro. Assim acontecerá a esta geração perversa“.¹
É um pouco óbvio demais. No entanto vivemos em ilusão, a matéria nos deixa extasiados e cegos. Não temos tempo para tanta dedicação a nós mesmos. Cuidar de nós, de nossa paz, da nossa libertação de males históricos, não tem muito atrativo. Sentimos, porém, se não vemos, não existe.
Outro atendimento lindo, emocionante foi de um novo amigo revoltado. Estava bravo e não queria conversa. Parecia mais um adolescente rebelde. É interessante como o coração do dialogador, percebe algo, que não é em palavras, é de coração a coração. Na abertura do trabalho foi lido “Porque não é boa a árvore a que dá maus frutos, nem má árvore a que dá bons frutos. Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu fruto.” ²
Chegou meio sarcástico, dizendo que não adiantava nada o que estávamos fazendo. A atendida não iria melhorar. É recorrente esta atitude, principalmente quando o comunicante está desacreditando de tudo. Uma espécie de cinismo consigo mesmo, tipo não vale à pena investir em mim.
– de onde venho não tem frutos
– pelo menos a árvore tem folhas, pode dar sombra
-não tem folhas, é tudo seco. Os galhos são secos…
-você conhece nosso jardim? Já viu o jardim que tem aqui?
-não e não quero conhecer
Neste momento induzimos magneticamente uma imagem…
–este é o pomar da minha casa…
não quero ver, porque estão insistindo com isto…
saí de lá, e nunca mais vi ninguém, afastem esta imagem…
– que aconteceu para você sair de lá?
– meu pai me expulsou…tinha 18 anos…
– porque seu pai fez isto?
– porque ele não aceitava minhas idéias, eu queria mudar as coisas na fazenda e ele não aceitava.
– minha mãe não fez nada para me defender…
-ela não podia fazer nada, sofreu calada. A terra era sua?
– não……
– não quero vê-los. Eles estão lá dentro. Minha mãe está magrinha
– como era o sorriso de sua mãe
-ela está sorrindo. Está sem dente (dá uma risadinha). O sorriso dela é tão bonito…
-que luz é está que está brilhando atrás de você? Está brilhando muito e vem vindo para cá.
Tem uma mão saindo da luz. É a mão da minha mãe…
Momento emocionante este. Ele praticamente sai correndo em busca da mãe. As lágrimas corriam na face do médium.
No final dos trabalhos, quando trocávamos impressões sobre o atendimento o médium confessou que era tão lindo que ele também queria ir junto em busca daquela mão.
Chegou aquele gozador, sem compromisso com nada, assusta por assustar. A casa estava aberta, entrou. A assistida tem medo, assusta. Se intitula freelancer. Vive atrás de oportunidade de assustar os outros e se diverte com isto. É avisado que daqui para frente esta fase de sua vida acabou.
– você percebeu que tem alguém aqui que quer conversar com você?
– não quero conversar com meu pai, ele me batia muito, tenho medo dele
– ele quer se reconciliar com você
– não quero e nem dá. Numa das surras que ele me deu, me defendi, peguei uma faca e matei ele.
– então ele quer conversar com você
– tenho medo dele, sozinho não fico com ele
– então vamos colocar uma pessoa para ficar com vocês dois, vai ajudar a se entenderem…
– se ele ficar junto, até converso com meu pai
“Reconciliai-vos enquanto estás ao lado dele”. Não é comum uma solução destas durante o diálogo. Sabemos sempre que outros espíritos intervém a favor do atendido e de suas relações e continuam a esclarecer após o evento. Mas este acordo durante o atendimento não é rotineiro.
Depois da metade dos atendimentos e encaminhamentos, o “chefe” chegou bravo. Não deu para ter certeza se veio ou se foi trazido. Nada de diálogo, apenas revolta. Foi contido e encaminhado. A conversa vai ficar para daqui um bom tempo.
Para encerrar o trabalho, recebemos a presença de uma entidade feminina, delicada, meiga. Estava feliz com os resultados da noite e fez um alerta carinhoso e gratificante: “nas suas orações, lembrem não só das pessoas atendidas, mas também de todos estes espíritos que passam por aqui. Eles serão futuros companheiros de trabalho deste grupo.”
Ao final, como sempre fazemos nossas vibrações. Estamos sentindo a cada semana mais confiança nestes pedidos. Rogamos por muitos e sabemos, temos certeza de que estão sendo amparados. A sensação é muito boa, não dá vontade de acabar a reunião.
Após o encerramento, trocamos nossas impressões, esclarecemos algumas situações que à vezes não ficaram nítidas, brincamos uns com os outros, desejamos sucesso no dia a dia e prometemos nos encontrar na próxima semana.
² ESE Cap. 21 Haverá Falsos Profetas.