É preciso garra, fé, coragem

 Hoje o atendimento foi “das profundas” como diria um antigo amigo nosso, de há long, long time  (muito, muito, tempo atrás).

Escuridão, muitos prisioneiros em buracos, tocas, cavernas. Falta de perspectiva para o futuro, ausência de uma luz para dar alguns passos. Inércia, desistência.

Uma das entidades atendidas sofria e chorava copiosamente. Petrificada, imobilizada na sua dor.  Não queria ouvir, afinal sua dor era maior do que qualquer possibilidade não tê-la.

É interessante como nos apegamos às nossas desgraças, dia a dia vamos repetindo para nós mesmos que não tem jeito, que  a vida é assim mesmo, que não precisamos perder tempo de mudar. Um dia perdemos o corpo físico e não nos damos conta que uma mudança aconteceu. Continuamos a reclamar desesperados pela decepção com a vida que sentimos.

Como nos alerta Bezerra de Menezes no prefácio do livro Emoções que Curam de Ermance Defaux, “A lei universal de amor nos permite e convida-nos à ação consoladora em favor das necessidades de nosso próximo. Entretanto, a ação no bem, por si mesma, não representa a cura pessoal.   …. a cura e a redenção (nossa) , entretanto são caminhos individuais e intransferíveis, frutos do merecimento e do trabalho pessoal.”

É muito difícil a comunicação com uma pessoa surda na sua dor. Uma atitude mais dura foi necessária. Enfaticamente falamos que estava morta, que seu filho estava morto, que não adiantava continuar apegada à sua imagem de que o filho continuava na sua barriga. Dava para sentir, perceber que o sofrimento estava instalado há muito tempo. Sua dor a aprisionara, não a deixava sentir qualquer outra possibilidade. O filho era a única coisa que lhe restava, depois de uma grande e insuportável decepção amorosa,  do filho ela não podia abrir mão. Era preciso dar-lhe um choque de realidade.

Mentirosa, você é uma mentirosa

– Não sou mentirosa, porque você está me dizendo isto

– É sim, mentirosa, você é mentirosa

– Por que você está me dizendo que sou mentirosa? (pela primeira vez saiu de sua prisão mental para perceber alguém de fora)

Ao mesmo tempo, chegava até nós, dentro daquela sala de atendimento, o som do grupo que está trabalhando na sua “Reforma Íntima”. O contraste era interessante. De um lado alguém que sofre engessado na dor, e lá de fora, vindo o som daqueles que se abrem, perguntam, relatam, buscam… Como as quintas-feiras são abençoadas no Auta de Souza!  Continua Bezerra a nos ensinar “Todo servidor no bem que busca sua própria iluminação habilita-se, pelo exemplo e pela força de suas atitudes sinceras, a despertar esse poder em seu próximo…. Louvemos a vida e a oportunidade que nos foi entregue de curadores de nós próprios nas bênçãos da reencarnação e comecemos o quanto antes a cuidar do enfermo que está dentro de cada um de nós, promovendo-nos à condição de saudáveis filhos de Deus.”

Você é mentirosa porque sabe que morreu, que não tem mais o corpo de carne, mente dizendo que continua viva; é mentirosa porque seu filho está fora de você, ao seu lado, querendo falar com você, e você não quer deixá-lo ir.

– Não sou mentirosa, é que não posso deixar meu filho sair de mim, ele é meu…..

Olhe para fora, saia de si mesma, veja, onde você está

– Vejo flores, lindas, …que flores são estas, parece que tem todas as cores dentro da mesma flor…

– Sinta que estas cores chegam até você…

– Beba esta água maravilhosa…

Quem é aquele menino que fica me olhando….

– Ele disse que é meu filho….

– Está me chamando…. é verdade? …..posso ir com ele?  

– Mas estou muito suja, não posso ir assim…

– Nossa, não estou suja, estou linda! Como assim?….

– Foram as flores que te limparam…. Lembra quando as energias delas chegaram até você?

– Pode ir com ele….

Outros atendidos querem vencer, dominar, machucar. Não conhecem suas vítimas, apenas obedecem ordens. Um espírito destes que ficam junto das pessoas para agredi-las contou que fazia aquele serviço por gratidão. Precisou se vingar de alguém que tinha matado sua família, e com o êxito da empreitada ficou eternamente grato a um “chefe”. Daí para frente, se o chefe mandou, está mandado.

É muito bom conversar com este tipo de espírito, limitado a pequenos raciocínios da lógica. Quando questionados socraticamente, vão percebendo que suas justificativas para o mal, caem uma a uma. Essa descoberta é maravilhosa, libertadora, esperançosa, com novas possibilidades de caminhada. O deslumbre sempre se repete, quando vêem as armar que dispunham transformarem-se em flores. A partir daí o diálogo é sobre o que fazer, como fazer, para onde ir e principalmente “mereço esta oportunidade que me está sendo dada?” Ao descobrirem que estão sendo presenteados pelo Amor, seguem extasiados.

Nos aquece o coração quando ao atender uma entidade, somos informados por ela, que são muitos a desejarem a mesma ajuda. Que alegria sentimos nesta hora! Eles querem, o que nos resta a fazer é protegê-los com nossas vibrações de amor, para que possam sair, romper os grilhões, chegar até nós. É preciso neste momento uma barreira de luz, energias de proteção. Se estão presos em algum lugar, com certeza existem guardas, existe um “dono” deles. Não podemos ser inocentes, de que eles podem sair com facilidade. São as vibrações do trabalho, que fazem a defesa daqueles que libertamos. Depois que a maioria daqueles que estavam encarcerados no buraco saíram e estavam entre nós…

E meus amigos que ficaram presos?

– Eles também serão libertos

– Mas eles estão presos, não conseguem sair

– Vamos buscá-los

– Tenho medo de ir até lá, vão me pegar…

– Siga estes faróis, estas tochas de luz vão nos levar até lá

– Como eles saíram e estão aqui?

Não vi abrir a porta! Como eles passaram pela porta?….

– Agora confio em vocês, entendi a diferença….

Este espírito que ao confiar no atendimento, lembrou de ajudar todos os que estavam ao seu lado, no início da conversa não confiava em nós. Dizia que mais uma vez seria traído, nossas palavras eram falsas, depois o aprisionariam. Quando viu os seus amigos que estavam prisioneiros em correntes, saírem, passarem pelas portas sem precisar abri-las, ficou encantado. Agora posso confiar… e saiu com todo o grupo, primeiro iriam tomar um banho e depois comer, porque estavam com muita fome.

Nem todos os espíritos atendidos facilitam o diálogo. Existem aqueles, que transformaram suas mentes em um emaranhado confuso e nebuloso. São diálogos difíceis e quase infrutíferos. Um atendimento de pronto-socorro apenas.  É o médium neste caso quem mais trabalha. Está emprestando por alguns momentos, uma cabeça pensante organizada. É uma verdadeira disputa entre o bem pensar e o mal pensar, uma simbologia do que acontece naqueles minutos de atendimento. O médium funciona como um grande curativo mental. Reorganiza para o atendido alguma capacidade do pensamento lógico. É um tratamento que exigirá muito tempo. O espírito é levado para instituições adequadas para este tratamento.

O trabalho, o tempo inteiro, é acompanhado por uma equipe imensa de trabalhadores qualificados. Para uma multidão de atendidos, necessário é uma grande equipe socorrista. É a fortaleza de nossa fé. Durante o trabalho, ora um, ora outro, protetores, se manifestam para dar o tom do atendimento. É a chancela de que a pessoa socorrida daquele dia, seu lar, sua família, estão sendo minuciosamente atendidos nas suas necessidades espirituais, morais e emocionais. Toda recomendação que um destes protetores comunicantes nos dirigem, é compreendida para todos do grupo.

No balanço final do trabalho, os médiuns de incorporação puderam contar da imensa dificuldade para eles de suportar certos lugares que são levados. Retirar espíritos de cavernas, furnas, buracos, significa entrar onde não se sabe o que tem lá. Ás vezes são lugares horríveis de se ver e difíceis de suportar. Para ser médium de incorporação é preciso garra, fé, coragem, desprendimento verdadeiro e muito amor. O estudo que fazemos na preparação do trabalho é fundamental para dar orientação aos médiuns nesta difícil tarefa de socorro espiritual.

Ao final do trabalho, antes de seu encerramento, solicitamos vibrações para aqueles que sentimos necessitados de ajuda. É uma possibilidade de ajuda que está fortalecendo. Começamos também a praticar um exercício de expansão da aura somada às vibrações. Não precisamos sair, ficamos por inteiro, nos fixamos na fortaleza da Casinha Azul, e nos expandimos até onde nosso pensamento alcança. Vamos onde queremos ir, deixamos as melhores vibrações, nos sentimos por inteiro lá e cá. Soltamos nossos corpos astrais e fomos brincar, fazer travessuras de crianças alegres no coração do Brasil, retornamos, voltamos e partimos plenos para nossas casas.

 

 

 

 

 

 

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