Imaginemos que trabalhar numa Casa Espírita é igual a ser sócio de um clube

Muita vez, pedimos o que não conhecemos, recolhendo o que não desejamos. No fim, porém, há sempre lucro, porque o Senhor nos permite retirar, de cada situação e de cada problema, os preciosos valores da experiência…” André Luiz

 

A Vida vai nos ensinando, através de muito burilamento, atritos, dores, decepções, paciência, revolta, compreensão, mansidão… Enfim, são as pedras do caminho que nos vão amoldando como seres humanos a caminho da Luz e do Cristo. Quanto falta para chegarmos lá? Quem há de saber! Se somos espertos, vamos amansando o coração… se impertinentes somos, a Vida se encarrega…

 

André Luiz ¹, através dos ensinamentos de um mentor nos relata – André, você possui bastante experiência para saber que a dor é o grande ministro da Justiça Divina. Vivemos a nossa grande batalha de evolução. Quem foge ao trabalho sacrificial da frente, encontra a dor pela retaguarda. O Espírito pode confiar-se à inação, mobilizando delituosamente a vontade, contudo, lá vem um dia a tormenta, compelindo-o a agitar-se e a mover-se para entender os impositivos do progresso com mais segurança. Não adianta fugir da eternidade, porque o tempo, benfeitor do trabalho, é também o verdugo da inércia

 

Desistir, abandonar o barco, pular fora é direito de todos. Todos nós fazemos isto desde tenra idade. Diante da dificuldade temos preguiça de enfrentar, diante do desafio moral, nos esquivamos através da maledicência, diante da necessidade de esforço próprio, colocamos a culpa no outro… Aparentemente é mais fácil, os resultados mais dolorosos.

 

Imaginemos que trabalhar numa Casa Espírita é igual a ser sócio de um clube, de uma agremiação. Alguém, um grupo de investidores, constrói as instalações do clube. Se tem poder econômico, as instalações são amplas, diversificadas, atrativas. Se a agremiação tem investidores menos poderosos, tem instalações menores. Candidatos a serem sócios, existem muitos, atraídos pelos benefícios que poderão usufruir.

 

Quem paga em dia sua mensalidade, faz exame médico e não tem frieira, pode freqüentar as atividades do Clube e nadar nas suas piscinas. Quem não paga, fica de fora, não passa na catraca. Os trabalhos espirituais são a mesma coisa. Como se diz vulgarmente, não existe almoço de graça. Quem quer melhorar sua Vida, entender seus conflitos pessoais, encontrar paz de espírito, compreender as divergências, aceitar as frustrações, tem que investir, contribuir com sua energia, seus esforços e suas preces. Cada serviço nobre recebe o salário que lhe diz respeito e cada aventura menos digna tem o preço que lhe corresponde, alerta André Luiz¹.

 

André Luiz ¹ traz uma palavra de mentor que diz: Qualquer grande perturbação interior, chame-se paixão ou desânimo, crueldade ou vingança, ciúme ou desespero, pode imobilizar-nos por tempo indefinível em suas malhas de sombra, quando nos rebelamos contra o imperativo de marcha incessante com o Sumo Bem. Analisemos ainda o nosso símbolo do combate. O relógio inflexível assinala o mesmo horário para todos, entretanto, o tempo é leve para os que triunfaram e pesado para os que perderam. Com os vencedores, os dias são felicidade e louvor e com os vencidos são amargura e lágrimas. ―Quando nós não nos desvencilhamos dos pensamentos de flagelação e derrota, através do trabalho constante pela nossa renovação e progresso, transformamo-nos em fantasmas de aflição e desalento, mutilados em nossas melhores esperanças ou encafurnados em nossas chagas íntimas.

 

Hoje recebemos a presença de um novo mentor. Abriu e fechou o trabalho com sua mensagem extremamente positiva: Não se preocupem se trabalham com poucos ou muitos médiuns. O trabalho atende seus objetivos da mesma forma. Quem quiser continua, quem não quiser, desiste. O trabalho maior é tarefa da equipe espiritual. Os encarnados são colaboradores importantes e os espíritos trabalhadores sabem tirar o melhor que podem oferecer. Estamos aqui, juntos, para apoiar este grupo de trabalho.

 

Emmanuel ³ faz um alerta com palavras duras á nossa moral: Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas, e que resgatam sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso. Todo trabalho para que a luz se esparja fartamente encontram resistência e a reação das trevas que vos cercam. Todos os médiuns, para realizarem dignamente a tarefa a que foram chamados a desempenhar no planeta, necessitam identificar-se com o ideal de Jesus, buscando para alicerce de suas vidas o ensinamento do Mestre em sua divina pureza. Médium, ponderai as vossas obrigações sagradas! Preferi viver na maior das provações a cairdes na estrada larga das tentações que vos atacam, insistentemente, em vossos pontos vulneráveis.

 

Os casos atendidos foram bem diferenciados, Chegou o violeiro. Alegre, falante, só não entendia porque de repente ninguém mais falava com ele. Quando ficou sabendo que estava morto para os vivos e vivo para eternidade, se posicionou: vou continuar cantando aqui, como sempre cantei lá e se foi na sua alegria.

 

A criança estava assustada, meio perdida. Queria jogar bola. Não era tão criança…

– então vou jogar bola com você

– nossa tio, você é muito perna de pau, não sabe jogar…

– veja quem está aqui ao seu lado…

– meu avô… ele sabe jogar bola melhor do que você… vou com ele

 

O espírito se mostrava como um morcego. Queria assustar. Aos pouco foi saindo de sua hipnose e voltando a ser humano…

 

André Luiz ¹ explica: lembremo-nos de que as horas são invariáveis no relógio, mas não são sempre as mesmas em nossa mente. Quando felizes, não tomamos conhecimento dos minutos. Satisfazendo aos nossos ideais ou interesses mais íntimos, os dias voam céleres, ao passo que, em companhia do sofrimento e da apreensão, temos a idéia de que o tempo está inexoravelmente parado. E quando não nos esforçamos por superar a camara lenta da angústia, a idéia aflitiva ou obcecante nos corrói a vida mental, levando-nos à fixação. Chegados a essa fase, o tempo como que se cristaliza dentro de nós, porque passamos a gravitar, em Espírito, em torno do ponto nevrálgico de nosso desajuste

 

Estes espíritos deformados, na sua figura e aparência, trazem muito temor nas pessoas que os tem por perto. Muitas vezes, sentimos medo injustificado, tememos algo que não definimos, nos encolhemos para a Vida e não encontramos uma explicação plausível para nossas atitudes. São estas companhias espirituais, que tomam conta de nosso âmago, corroem nossas energias, reduzem nosso fluido vital. Somente um atendimento da envergadura do trabalho espiritual, realizado nas Casas Espíritas, é que conseguem retirar dos ambientes estas pragas espirituais. Para isto, voltamos ao exemplo do sócio do clube, quem paga em dia, tem direito ao benefício.

 

Muita gente vai contestar este exemplo, mesmo sabendo que não são nossos discursos e argumentos que determinam o desejo dos nossos protetores espirituais, em relação à qualidade da ajuda que nos oferecem. Num dos livros de Robson Pinheiro, o espírito  Joseph Gleber chama atenção que não é certo fazer o bem sem olhar a quem. O bem é feito para quem é merecedor e sabe se beneficiar. Fazer o bem para quem vai jogar fora o benefício, é perda de tempo e de energia. Duro ouvir isto, mas tem lógica, muita pertinência. Não dê pérolas aos porcos, alertou Jesus.

 

O espírito chegou amarrado, ou melhor, se sentia amarrado. Sabemos que é a disciplina do médium que dá esta sensação de limites, de estar atado. Aos poucos revelou que gosta de trabalhar na fazenda. Foi convidado a trabalhar em uma, com gado e plantação, e lá se foi todo alegre…

 

Acontecem atendimentos, que são uma verdadeira alegria para todos os nossos corações. Um destes momentos mágicos aconteceu nesta noite. O espírito chegou aflito. Tinha sucumbido em um tsunami. Toda sua aldeia desapareceu… Aos poucos foi entendendo sua situação, entendeu que o tsunami arrasou seu vilarejo

– tenho que socorrer todos da minha aldeia. Só irei com vocês, quando todos tiverem sido socorridos… Não saio daqui, não posso deixar nenhum para trás.

Somente depois que teve a certeza de que todos estavam bem e recolhidos é que se despediu e foi com eles…

 

De vez em quando ocorrem grandes tragédias 4 coletivas e é nessas horas que perguntamos: por que acontece esse tipo de coisa? Qual a finalidade desses acidentes que causam a morte conjunta de várias pessoas? Como a Justiça Divina pode ser percebida nessas situações? Por que algumas pessoas escapam? Fatalidade, destino, azar são palavras que não combinam com a Doutrina Espírita, da mesma forma que a sorte daqueles que escapam desse tipo de situação, sempre há os relatos daqueles que desejavam estar no local da tragédia e não conseguiram; daqueles que estavam no cenário e não sofreram nada além do susto; e tantos outros.

Então, para a Doutrina Espírita, como se explicam casos como esse? A resposta está no resgate coletivo, conceito que envolve a correção de rumo de um grupo de Espíritos que em alguma outra encarnação cometeu atos semelhantes – e muitas vezes em conjunto – de descumprimento da lei divina e que, portanto, para individualmente terem a consciência tranqüilizada  precisam sanar o débito. Toda a problemática, nesse caso, está no trabalho dos mentores na reunião desses Espíritos de modo a que juntos possam se reajustar frente à Lei Divina.

Pergunta-se às vezes o que se deve pensar das mortes prematuras, das mortes acidentais, das catástrofes que, de um golpe, destroem numerosas existências humanas. Como conciliar esses fatos com a idéia de plano, de providência, de harmonia universal?

Quem nos explica sobre esta questão é Leon Denis, o sucessor de Allan Kardec, em seu livro: O problema do Ser do Destino e da Dor, primeira parte, item X – a Morte: “As existências interrompidas prematuramente por causa de acidentes chegaram ao seu termo previsto. São em geral, complementares de existências anteriores, truncadas por causa de abusos ou excessos. Sucede que os seres humanos, que devem dar essa reparação, se reúnem num ponto pela força do destino, para sofrerem, numa morte trágica, as conseqüências de atos que têm relação com o passado anterior ao nascimento. Daí, as mortes coletivas, as catástrofes que lançam no mundo um aviso. Aqueles que assim partem, acabaram o tempo que tinham de viver e vão preparar-se para existências melhores.”

Com relação a mortes coletivas em aviões, o Espírito André Luiz, no livro Ação e Reação ², esclarece que piratas que afundaram e saquearam criminosamente embarcações indefesas no dorso do mar, ceifando inúmeras vidas, agora encarnados em outros corpos, morrem, muitas vezes, coletivamente nos acidentes aviatórios.

Ainda na mensagem “Desencarnações Coletivas” 5, o benfeitor espiritual Emmanuel esclarece outros motivos para as mortes que se verificam coletivamente. Diz ele: “Invasores iludidos pela própria ambição, que esmagávamos coletividades na volúpia do saque, tornamos à Terra com encargos diferentes, mas em regime de encontro marcado para a desencarnação conjunta em acidentes públicos.

Exploradores da comunidade, quando lhe exauríamos as forças em proveito pessoal, pedimos a volta ao corpo denso para facearmos unidos o ápice de epidemias arrasadoras.

Promotores de guerras manejadas para assalto e crueldade pela megalomania do ouro e do poder, em nos fortalecendo para a regeneração, pleiteamos o Plano Físico a fim de sofrermos a morte de partilha, aparentemente imerecida, em acontecimentos de sangue e lágrimas.

Corsários que ateávamos fogo a embarcações e cidades na conquista de presas fáceis, em nos observando no Além com os problemas da culpa, solicitamos o retorno à Terra para a desencarnação coletiva em dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a reencarnação”.

Enfim, mais uma vez um trabalho intenso, positivo e entusiasmante para aqueles que tem entusiasmo. Como diz André Luiz:  É sempre mais fácil ao homem comum trabalhar com subalternos ou iguais, porque, servir ao lado de superiores exige boa vontade, disciplina, correção de proceder e firme desejo de melhorar-se. Sabemos que a morte não é milagre. Cada qual desperta, depois do túmulo, na posição espiritual que procurou para si… Ora, o homem vulgar sente-se mais à solta junto das entidades que lhe lisonjeiam as paixões, estimulando-lhe os apetites, de vez que todos somos constrangidos a educar-nos, na vizinhança de companheiros evoluídos, que já aprenderam a sublimar os próprios impulsos, consagrando-se à lavoura incessante do bem.

 

            Kardec no ESE cap. 28, item 26 diz : Como julgamos a utilidade das coisas pelo nosso ponto de vista, e nossa visão é limitada ao presente, nem sempre vemos o lado mau daquilo que desejamos. Deus, que vê melhor do que nós, e não quer senão o nosso bem, pode, pois, nos recusar, como um pai recusa a seu filho o que poderia prejudicar. Se o que pedimos não nos é concedido, nisso não devemos conceber nenhum desencorajamento; é preciso pensar, ao contrario, que a privação do que desejamos nos é imposta como prova ou como expiação, e que a nossa recompensa será proporcional a resignação com a qual tivermos suportado. De todas as liberdades, a mais inviolável é a de pensar, que compreende também a liberdade de consciência.

 

 

 

¹ livro Nos domínios da Mediunidade – Chico Xavier e André Luiz

² livro Ação e Reação – Chico Xavier e André Luiz

³ livro Emmanuel – Chico Xavier

4 internet – Kardec Rio Preto – Letra Espírita – Patrícia Batista

5 livro Chico Xavier Pede Licença – Autores Diversos – Chico Xavier

 

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