Iniciamos com a recomendação de Jesus: Quando fizerdes um festim convida os pobres e estropiados e estareis felizes porque não terão meios para vo-lo retribuir¹. O trabalho desta noite foi um verdadeiro festim, saímos extasiados.
Na leitura de estudo² o autor relata seus primeiros dias no plano espiritual, sendo tratado e acolhido. Além de compreender rapidamente que após a morte nos dirigimos para onde mora nosso coração, o que nos atrai são as vibrações semelhantes às nossas. Teu tesouro está, onde está teu coração.³ Mas o que gerou comentários com maiores dúvidas foi a informação das roupas que os jovens usavam, jeans e camiseta, qual qualquer jovem encarnado. Daí começaram as comparações com as visões de espíritos errantes, suas vestes muitas vezes rotas, ou espíritos obsessores, vestidos com cuidado.
A troca de experiência e carinho entre os do grupo se estendeu com a leitura do livro do Irmão José que faz um alerta interessante: O dia sempre igual, em que nada acontece a te requisitar um pouco mais de esforço físico e agilidade de raciocínio, em termos de aproveitamento é quase nulo para teu currículo. Uma das nossa companheiras de grupo, num gesto de espanto exclama: e eu que queria não ter que reencarnar mais!
Quando da oração inicial de abertura dos atendimentos, o dirigente recomendou que todos mentalizassem a luz dourada, considerando que o ouro não enferruja, não corrói e transmite energia sem interrupção ou qualquer obstáculo. O mentor veio nos orientar e enfatizou que ficássemos atentos e bem ligados na luz dourada que seria muito necessária para os atendimentos da noite. Recomendou que acreditássemos na força do trabalho, na luz dourada, na natureza, na terra. Sentíssemos um anel dourado cercando cada um, protegendo o trabalho, a Casa e os nossos lares.
O homem chegou reclamando e perguntado porque tiramos ele de onde estava.
– e onde você estava?
– cuidando das minhas flores, indo na cachoeira, tomando banho…
– mas aconteceu alguma coisa para você ter saído de lá…
– vieram dois homens, me chamaram e trouxeram para cá… quero voltar para lá, para minha pescaria, gosto de pescar…
– e o que aconteceu enquanto você estava pescando?…..
– ……. teve um acidente, cai do barco… morri afogado….
– por isto eles foram lá te buscar, para te ajudar a se recuperar…
– minhas pernas estão duras, não posso mexer…
– aqui vamos tratar de você para ficar bom, e curar suas pernas…
– já melhorei, quero voltar para lá… tem uma mulher aqui que diz que agora tenho que ir com ela…
O outro reclamava, estava revoltado porque foi trazido.
– aqui você pode ser cuidado e cuidar dos seus súditos…-
– não quero que tirem os meus súditos…
– aqui você vai poder cuidar deles… uma pessoa que te ama é que te trouxe aqui para conversar e compreender…
– é o meu mestre! Porque ele vem aqui resgatar um discípulo perdido!?
– converse, ele está aqui para te ajudar…
– porque ele quer me dar a mão? É o meu mestre… eu o respeito….
Estava sorrindo matreiro. Satisfeito com o que fazia.-
– gosto de uma pimentinha… uma confusão, uma picuinha… gosto de fazer eles brigarem…
– veja no que você se transformou…. depois de tudo, ficar reduzido a futricas e picuinhas…..
– eu gosto… dou risada…
– e enquanto dá risada sente solidão… não pode dividir isto com ninguém… sente a solidão, fica triste e tem que continuar obedecendo o chefe…
– bem que eles falaram que vocês iam me aprisionar aqui…
– prisão é onde você vive… na sua solidão… aqui é muito melhor e você já está percebendo isto…
– é melhor sim…
– sinta esta luz dourada… vai penetrando todo o seu ser… calma, tranquilidade, pensamentos melhores… está se sentindo bem…
– estou com fome
– pode se servir, fique à vontade… depois conversaremos mais…
O espírito, um soldado, estava parado em frente ao médium que lhe pergunta se quer vir conversar…
– que você tem para me falar?…
– estou aqui para te ouvir
– o que você quer que eu diga?
– o que você quer falar?
– não me sinto à vontade para falar… sou um soldado…
– vindo de onde?
– bem longe… vocês me tiraram do meu serviço…
E a conversa se estendeu até ele entender que uma vida melhor o esperava…
Ele nos esperava com expressão alegre…
– ainda bem que você chegou…
– estava me esperando, não é?
– você me viu aqui!? Estava parado olhando tudo… agora compreendi… vi muita tristeza, coisas horríveis, muito sofrimento…
– ainda bem que você veio e entendeu…
– sou um capitão que perdeu a guerra… um fraco
– não existe soldado perdedor, todo soldado é um valente, um herói, mesmo se perde, se machuca ou morre. Só os valentes são soldados.
– mas nós perdemos, veja o estado dos meus homens… é muita guerra, muitos exércitos lutando… vou levantar a bandeira branca, vamos nos render e ver se eles tem compaixão com a gente
– você não precisa levantar a bandeira. Vamos cuidar de todos vocês… são valente e corajosos, merecem ficar curados.
– podemos ficar aqui, acampados deste lado?
– preciso falar com os outros capitães, você pode me ajudar…
– estão falando aqui para mim que o campo de batalha é muito confuso, está longe, é antigo…
– você pode me ajudar. Vou falar com o outro comandante e você fica aqui ao meu lado. Se falarem para você alguma coisa para ajudar, você entra e me fala. Não posso ouvir nem falar com o pessoal que está com você, preciso que me ajude…
– o que você quer comigo e com meu exército?
– queremos ajudar vocês… estão com fome, doentes e com muita fome. Não dá para lutar no estado que vocês estão…
– estamos fracos, com muita fome mesmo… você não está nos enganando prometendo comida?
– chame todos, porque já preparamos comida para todos vocês… uma roupa nova também é bom…
– espera um pouco, demora, é muita gente… estão entrando…
– traga todos, não deixe nenhum para trás… deixe as armas aí na porta, não vão querer comer segurando armas
– você vai querer tomar nossas armas… mas a fome é tanta que primeiro vamos comer, depois vejo o que fazer para pegar as armas…
– você pensa que vai me dominar…
– seu exército está todo estropiado, vocês precisam de ajuda…
– estou todo machucado, meus homens estão no chão, machucados, não se aguentam…
– vamos recolher todos…. temos uma padiolas modernas que vão recolhendo rápido
– parece um aspirador… tem muita gente… vai demorar… sobraram alguns soldados dos outros exércitos, estão sendo recolhidos também… tem soldado perdido, perderam o capitão e não sabem para onde ir… estão sendo recolhidos… espera, ainda demora…
– você também vai com eles, está muito machucado e precisa de cuidados…
O primeiro capitão retorna.
– os outros exércitos estão mais para baixo… são camadas… estão muito fundo… ele vem aqui para cima, está do seu lado, é perigoso
– o que você pensa que é? Me tirou do meu buraco… ninguém me tira de lá… porque você acha que vai conseguir me tirar de lá?
– porque a força que te alcança é muito maior do que você pensa… nós não somos nada, só queremos te ajudar…
– ninguém vai me tirar de lá…
– sinta esta luz dourada, veja como você está… era um moço tão bonito e agora…
– não sou este velho que estão mostrando
– é sim, você é este velho feio… agora é chamado de capitão feio… antes era bonito, admirado… agora é o capitão feio
– e com esta luz posso melhorar? Você disse que esta luz ia penetrar dentro de mim e me ajudar…
– com esta luz aos poucos você fica mais bonito
– então vou pegar ele de surpresa… não está me esperando… me colocou lá embaixo, fiquei velho e feio e ele está melhor que eu… eu no fundo no escuro e ele lá na outra faixa… vou pegá-lo, você me ajuda?
– estamos dentro de uma cúpula de luz dourada, tem um anel de ouro em nossa volta nos protegendo, todos aqui na sala estão vibrando… podemos ir até ele
– tem que ser de surpresa e rápido… onde vou ficar depois?
– vai ficar protegido dentro desta cúpula, todos vocês estão protegidos e vão ficar aqui…
Vem outra vez o primeiro capitão explicando que o próximo capitão está em outra dimensão. Será que vamos conseguir chegar até ele?
– ninguém ousa chegar onde estou…
– que gelo! Fiquei gelada! Vamos te envolver nesta luz dourada para você esquentar…
– você acha que tem força ?
– esta Casa tem força, uma força que temos certeza que funciona… Auta de Souza está em nível de vibração que nem imaginamos. A Luz vem do alto, de Jesus e toma conta de tudo.
– quer me derreter?
– queremos te salvar, você está ficando cristalizado de tanto tempo que está aí… daqui a pouco não vai dar mais para te ajudar
– ninguém consegue me tirar, minha cabeça parece que tem cristal
– Jesus nos dá esta força… você vai recuperar sua forma…
– quem é Jesus, não conheço…
– você está neste buraco há muito tempo, provavelmente não conhece mesmo… qual era seu deus?
– está me levando muito longe nas minhas lembranças…
– vamos parar… quem sabe semana que vem continuamos a conversar…
– quero saber quem é este Jesus…
– já está mais quente… vai ficar aqui conosco, terá tempo para conhecer Jesus…
Ao mesmo tempo, com outro médium um índio se mostrava fazendo uma limpeza com dança e chocalho. Este índio tem feito esta limpeza nos últimos trabalhos que o grupo tem participado. Chamamos de pajelança por não ser fácil de explicar como ele faz com o chocalho bem primitivo, sua dança e suas ervas. Uma fogueira queimava ao seu lado e o fogo fazia parte do ritual.
No término o mentor veio nos animar mais ainda.
Mais uma vez o amor venceu, meus irmãos. Com o auxílio de todos pudemos garantir um bom trabalho, pudemos atender estes irmãos inconsolados de sua posição e que agora vão poder trilhar numa perspectiva diferente um novo caminho.
Agradeço toda ajuda e sustentação dos trabalhadores de luz e rogo que este trabalho continue sempre firme no propósito em que se sustenta.
¹ Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec cap. 13 item 7
² livro Céu Azul – César Augusto Melero e Célia Xavier Camargo
³ Mateus 6:21 Jesus
4 livro Com Cinco Pães de Dois Peixes – Irmão José e Carlos Bacelli cap. 53