Que maravilha o trabalho desta noite!
“Um dia, Deus, na sua caridade inesgotável, permitiu ao homem ver a verdade e dissipar as trevas; esse dia foi o advento do Cristo…. Cristãos, voltai para o Mestre que vos quer salvar. Tudo é fácil para aquele que crê e que ama: o amor o enche de gozo inefável. Sim, meus filhos, o mundo está abalado. Os bons Espíritos vo-lo dizem sempre. Curvai-vos o sopro precursor da tempestade, para não serdes derrubados. Quero dizer: preparai-vos e não vos assemelheis às virgens loucas, que foram apanhadas desprevenidas à chegada do esposo.
A revolução que se prepara é mais moral do que material. Os grandes Espíritos, mensageiros divinos, insuflam a fé, para que todos vós, obreiros esclarecidos e ardentes, façais ouvir vossa humilde voz. Porque vós sois o grão de areia, mas sem os grãos de areia não haveria montanhas. Assim, portanto, que estas palavras: “Nós somos pequenos”, não tenha sentido para vós. A cada um a sua missão, a cada um o seu trabalho. A formiga não constrói o seu formigueiro, e animaizinhos insignificantes não formam continentes? A nova cruzada começou: apóstolos da paz universal, e não da guerra, modernos São Bernardos, olhai para frente e marchai! A lei dos mundos é a lei do progresso.” Uma mensagem de Fénelon em 1861, cap 1, item 10
Este foi o ensinamento do Evangelho que abriu nossa noite de trabalho. Refletimos e trocamos idéias sobre ele. Logo após, demos continuidade aos nossos estudo, do livro Drama de Um Desconhecido¹. Nos chamou atenção a programação de atendimento do plano espiritual. Não há desvios no atendimento determinado. Não que os que sofrem sejam abandonados pelo caminho, mas quando existe uma programação de socorro, dentro de um trabalho pré determinado, não há desvios de finalidade. “Os instrutores dizem que não estão autorizados a fazer nada. A condição da vítima é de vulnerabilidade. Eles não podem atuar”. O autor explica a situação: – Estávamos aprendendo bastante com aqueles espíritos. Médiuns e doutrinadores precisam de estudo e dedicação contínuos diante da complexidade em que se deparam a cada dia. A cada novo degrau que sobem vêem mais claramente. A cada ensinamento aprendido, mais responsabilidade lhe é cobrada e mais confiança o grupo adquire. É aquela velha história: a quem muito foi dado muito será pedido.
A dor retratada nesta obra, nos remete ao problema do sofrimento que permanece nas entranhas do planeta Terra. Enquanto o passado espiritual da Terra não for curado, não haverá paz no presente ou no futuro. Nos remetemos às palavras de Maria Modesto Cravo² : – Bilhões de almas no planeta, seja no corpo físico ou fora dele, clamam por esperança e paz. Esperança para que suas vidas tenham sentido e rumo. Paz para que consigam avançar na direção do progresso necessário e possam se libertar dos sítios de dor nos quais se encontram há milênios. No plano astral das grandes megalópoles ou mesmo em lugarejos desconhecidos e menos povoados ao redor do planeta Terra, encontram-se colônias de um submundo formado por esses espíritos desencarnados. Nelas existe penúria e injustiça, dor e doença, fome e loucura, submetendo-os a sofrimentos inenarráveis. E eles aguardam a nossa colaboração.
– A vida astral padece de nutrição, orientação, socorro, acolhimento e alívio. O superpovoamento é também astral, causando uma sensação de sufoco e de perda generalizada que a maioria dos homens reencarnados não identifica claramente, mas que os faz padecer todos os dias em seus pensamentos e sentimentos. Todos já são capazes de sentir o peso psíquico do planeta. Quaisquer frentes de serviço no bem que se abram para os serviços no submundo são como uma caravana corajosa que corta os desertos e as sombras da noite para levar água e comida, alívio e acolhimento aos padecimentos e necessidades de quantos se encontrem nessa esfera astral da Terra. Aqui, no plano espiritual, a matéria que os médiuns no corpo físico podem oferecer a tais iniciativas é comparável a ouro. A energia do corpo físico é única, substancial e sem imitações.
– Jesus está nos umbrais da Terra conclamando operários ativos e destemidos do mundo físico para esse momento. Impossível a regeneração do planeta sem a limpeza do submundo astral, onde ainda se encontram as raízes de toda a maldade e de todos os problemas do planeta, em todos os tempos de sua história. Candidatar-se a esse gênero de serviços em favor do bem é promover-se à condição de servidores da luz em plena era de transição, é receber proteção e assistência dos mais amoráveis e dedicados cooperadores das esferas mais altas de nosso orbe.
– O alerta do nosso benfeitor Eurípedes Barsanulfo para a colonização e o saneamento das regiões degradadas no submundo está em ritmo acelerado. Continuamos nosso projeto de parceria com os grupos mediúnicos no mundo físico. Hoje já temos um pouco mais de três centenas de equipes cadastradas no Brasil e mais algumas em países do exterior, distribuídas em grupos espíritas e espiritualistas. A mediunidade livre e responsável nos grupos que atenderam ao apelo de saneamento astral da subcrosta terrena tem atingido resultados muito estimulantes. Muito além do habitual contato com o mundo espiritual no seu formato mais conhecido e tradicional, tais grupos se organizaram para levar o mundo espiritual aos homens em forma de bondade, alívio e orientação. Não são grupos mediúnicos que apenas assistem espíritos já desencarnados; mais que isso, estabelecem uma ponte entre o céu e a Terra, para o tráfego dos benefícios do Mais Alto a quem ainda se encontra no corpo carnal. Alcançamos uma marca importante desde que os primeiros núcleos foram organizados. E já se passaram dez anos das primeiras iniciativas! Pelo menos sessenta por cento desses trezentos grupos são equipes novas que se contagiaram pelas idéias de um movimento mediúnico mais livre do dogmatismo limitante…
– Raros são os que conseguiram manter a união e a identidade nesses dez anos. O trabalho se multiplica, mas a concórdia não avança na mesma proporção. Os melindres e a invigilância continuam sendo as principais doenças de nossos irmãos. A relação de confiança, que seria o escudo de proteção do grupo, ainda não existe a ponto de protegê-los. A espontaneidade mediúnica de tais grupos permite uma abundância de fé e um extenso desejo de ser útil. As equipes estão abertas a uma nova ordem de conceitos nos assuntos da mediunidade. Evidentemente, esses são os alvos preferidos das falanges organizadas na maldade, que criam todo tipo de embaraço em função de tantas vitórias e benefícios espalhados. Exploram os conflitos improdutivos com rara facilidade e incentivam a cisão. O diferencial de coragem e ousadia desses trabalhadores em romper os cadeados colocados no exercício da mediunidade nas fileiras do Espiritismo os habilitou para receber amparo especial dos servidores da luz.
Começamos o atendimento. Uma luz verde, vinda do plano espiritual preenchia todo o ambiente. Luz da saúde, da paz, do equilíbrio.
Chegou gargalhando, escarnecendo.
– vocês falam de consciência, o que é consciência para vocês?
– é o que todos aqui procuramos desenvolver…
– também tenho consciência, mas quero vingança…
– é difícil manter a consciência e o desejo de vingança ao mesmo tempo…
– sei disso, mas não consigo deixar a vingança… quero destruí-la…
– então vamos ver um pouco o seu passado… volte para seu passado… bem distante….
– não consigo ver nada, tem uma nuvem escura… não vejo nada…
– então nós te convidamos a descansar um pouco, acalmar os pensamentos, para você poder ver o que aconteceu…
– minha mente está cansada, confusa, estou precisando mesmo de um descanso…
O outro espírito estava assustado. Não podia ficar, corria perigo.
– não posso ficar aqui, temos que ir embora, nós todos…
– aqui você está protegido, fique tranqüilo, veja onde você está… seus companheiros também estão protegidos
– não podemos ficar aqui, ele está vigiando, vai nos pegar…
– tomem esta água que estamos oferecendo a todos vocês. Vem de uma fonte pura e cristalina, bebam, vão gostar e se sentir bem…
– estamos melhor…
– quem você pensa que é para desaparecer com todos os meus trabalhadores?
Assim chegou o chefe. Estava bravo, inquisidor.
– apenas um amigo
– já estava quase conseguindo, estava chegando lá e você me atrapalhou…
– esse seu já, estava ainda muito distante de conseguir…
– eu uso minha mente para dominar… não tem importância que perdi estes, consigo outros…
– você com todo este poder, sabe que tudo que plantar, vai colher mais adiante…
– sei de tudo isto… tenho poder, basta olhar e já domino…
– então porque não investe seu conhecimento para fazer o bem?
– me perdi pela minha vaidade…
– então você sabe que seu caminho pode ser outro, não precisa continuar fazendo o mal para você mesmo…
– eu era bonito, minha vaidade me fez me perder…
– com sua inteligência, pode reverter seu caminho… você poderia orientar para o bem, todos estes que você dominava para o mal
– não quero, você tem noção de quantos são?
– não sei…, uns quinhentos?
– mais de mil!….
– você poderia cuidar de uns quinhentos
– não quero eles nas minhas costas… não vou cuidar de nenhum deles, vou ver o que eu faço sozinho…
– abra sua mão…
– já sei, você vai colocar flores; já coloquei primeiro e vou distribuir para todos que estão aqui…
– veja o que vou fazer com esta sua flor brilhante…
Toca no peito do médium/espírito…
–Esta florzinha brilhante vai ficar no seu peito.
Coloquei esta no meu peito também. As duas brilham. No futuro quando nós dois nos encontrarmos vamos nos reconhecer pelas nossas flores brilhantes no peito.
Toda vez que você fizer o bem, esta flor vai brilhar…
– quem é você?
– não sou ninguém, é que tenho um Irmão… Jesus
– então entregue estas minhas flores para todos que estão aqui…
A atendida seguinte chegou toda amarrada. Foi recebendo passe para se reequilibrar.
– ainda bem que me soltaram… muito obrigada
– é um alívio ficar solta… o que aconteceu com você para ficar amarrada?
– não sei porque me amarraram… de repente me amarraram…
A partir deste momento foi aplicado e mantido no seu frontal, magnetismo, bem pontual, girando lentamente, para induzir ao passado…
– onde você estava antes de ser trazida para cá?
– estava amarrada numa árvore… perto de uma gruta…
– veja melhor… uma gruta?
– estou feia, suja, minhas roupas estão rasgadas… você me vê?
– não, não consigo ver você
– é minha casa! Moro nesta casa velha!
– estou com minhas amigas… parece que vocês estão fazendo bruxaria comigo…
– porque você falou em bruxaria?
– sou uma bruxa… lá no porão está cheio de ervas e poções
– você faz amarrações também…
– é meu trabalho, minha profissão, atendo e faço o que me pedem… amarro o amor, desamarro…
– o sapateiro, o pedreiro… são profissionais
– o alfaiate.. e eu também trabalho…é minha profissão…
– só que você trabalha para um e prejudica o outro. Um põe comida no seu prato e você põe a corda no outro
– hum… não pensei nisto… Mas ajudei muita gente, cuidei de muitas crianças, não deixei morrer…
– só que cada cordinha que você colocava em alguém, a corda amarrava você também… em que ano você está?
– deixa eu pensar… veio um número na minha cabeça: 1364… no norte da Europa… eu vivia lá…
– faz muito tempo que você se sente amarrada?
– uns cinco anos…. porque, é mais do que isto?
– é bem mais…
– vai me dizer que passou cem anos?
– vamos deixar isto para depois…. mais tarde você vai saber
Neste momento a dialogadora fica completamente envolvida, arrepiada, com a certeza da presença das visitas
– veja quem veio receber você aqui
– é uma das mães com as crianças no colo! Ela está linda! Veja, consegui salvar estas crianças! Ela brilha!
– você também está bonita, veja suas roupas novas, não está mais suja…
– você me vê?
– não, não consigo ver você
– estou me sentindo mais leve… olha as outras mães estão chegando com as crianças… não deu para salvar todas…
– depois você vai saber como elas estão… Agora você vai ficar com elas que vieram te buscar…
– é, o sapateiro é profissão… Você falou de Jesus… Não conheço. Lá também tinha luzinhas, elas se juntavam e brilhavam…
Finda esta etapa do trabalho, o Mentor veio com sua mensagem: – Estamos passando por momentos difíceis. A Terra precisa de ajuda. Precisamos de todos vocês trabalhando para ajudar. São como o Sol. A luz está dentro de vocês. Façam cada célula de seu corpo brilhar. Vocês precisam brilhar, ser a luz da ESPERANÇA. Vocês têm que ter muita Fé e acreditar no que fazem. Não é o número de vocês que executa o trabalho, é a Fé, a perseverança e a crença no que vocês fazem. Todos têm que trabalhar pelo bem, ser o Sol, deixar todas as células do seu corpo brilharem, fazer a luz da ESPERANÇA alcançar a todos.
¹ livro Drama de Um Desconhecido – Luiz Gonzaga Pinheiro
² livro O Lado Oculto da Transição Planetária – Maria Modesto Cravo e Carlos Bacelli