Oportunidade de conviver com a tragédia transformada em Esperança

 

A César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. Se pretendes viver retamente, não dês a César o vinagre da crítica acerba. Ajuda-o com o teu trabalho eficiente, no sadio desejo de acertar, convicto de que ele e nós somos filhos do mesmo Deus. Assim, com Emmanuel¹, iniciamos a nossa maravilhosa noite de trabalho.

A leitura do Evangelho nos levou a interessante reflexão: A ingratidão é um dos frutos mais imediatos do egoísmo, e revolta sempre os corações virtuosos. Mas a dos filhos para com os pais tem um sentido ainda mais odioso. Antes de apontarmos para a ingratidão dos filhos, fácil de fazer, prazeroso de acusar, vamos pensar na nossa ingratidão corriqueira, diária, filosófica, que praticamos a todos momento. Como tratamos nossa vida cotidiana? Agradecemos o pão de nossa mesa, a casa que nos abriga, a condução que nos transporta, o trabalho que nos sustenta, a escola que nos esclarece, o amigo que nos incentiva, a família que nos espera, as dificuldades que nos convidam a superar obstáculos e vencer com nosso esforço, as doenças que nos fazem mais humildes, as decepções que nos arrancam da acomodação…?

Diante de nossa fé, qual a nossa gratidão? André Luiz em seu novo livro² ensina: Vemos hoje características inadequadas de Deus nas variadas concepções humanas. Para algumas pessoas, Deus é um grande comerciante, que tem a obrigação de pagar, trocar e comercializar seus interesses. Para outros, é um Ser particularista, que ama apenas alguns seres e atende aos anseios desse grupo, em detrimento daqueles que não seguem os mesmos princípios.

Qual a nossa coerência diante de nossa fé no Pai e em Jesus? Podemos afirmar que temos fé, mas como agimos diante dos obstáculos que surgem à nossa frente rotineiramente? Continuando com André Luiz temos esta interessante visão: Um espírito amadurecido estabelece um estado de religiosidade que o liga a Deus. Um espírito no início de sua evolução, vê Deus nos elementos e fenômenos da natureza, enxerga seu próximo como alguém que o ameaça na mesma medida em que ele próprio intimida o outro e percebe as coisas em torno de si somente como recurso que promovam sua sobrevivência física, emocional e espiritual. Sua religião é a do medo e vê no Criador uma força capaz de conter as ameaças em que se sente envolvido. O que dificulta a ação da espiritualidade maior no auxilio ao homem, é a própria formação filosófica que ele traz e coloca em evidência quando chamado para nossa realidade.

Imaginamos estar perto do Mestre, a caminho do Pai, mas nossas atitudes, revelam ingratidão. Recuamos diante dos mais simples obstáculos ou melhor, criamos obstáculos que não existem para justificar que seguir nesta proposta nos é muito difícil, quase intransponível. Reclamamos do que temos, porque desejamos o que não nos pertence. Quando é que nos perguntamos sobre qual o esforço realizado para atingir nossos desejos? Não usar nossa capacidade de Filho de Deus lembrando que o Mestre nos disse Vós sois Deuses é ser ingrato com o Criador. Não estamos falando em perfeição, e sim, na busca desta, caminhando pelos séculos que nos esperam.

Poderemos dizer: então para quê a pressa? Muito simples: a planeta já está em transição, e muitos não ficarão na mesma situação de hoje, para contar história. Escreverão seu livro da Vida em situações mais perturbadoras e aflitivas. Como diz o mentor Alexandre na obra mencionada²:  A voz do Cristo repercute no íntimo de nossas almas para nos chamar. Ele espera que larguemos, de uma vez por todas, as cargas inúteis de nossas ilusões que nos identificam com aquilo que não somos. Seu convite é para caminharmos por uma estada diferente de todas pelas quais já passamos em nossas conquistas exteriores, que nos levará à porta estreita das veredas do coração.

Todos nós, do Grupo Inácio Ferreira, estamos vivendo um momento ímpar dentro de nossa história evolutiva. Nunca, em tempo algum, tivemos a oportunidade de conviver com a tragédia transformada em Esperança, como vivemos em nossos trabalhos espirituais. O desejo de todos é ficar para sempre diante deste presente divino, ou melhor, que o presente divino fique à nossa disposição para sempre. Quimeras! Muita desilusão nos espera. O Pai está nos oferecendo esta oportunidade de trabalho, não por méritos, que não os temos, mas por benesses de misericórdia, que provavelmente não merecemos.

Como nos recorda André Luiz²: Sua chamada amorosa parece dizer: “Filhos de meu coração, ampliem suas possibilidades íntimas e nosso Pai se fará mais presente em todos, pois vocês têm mais luzes que a maior das estrelas que existe no Universo e mais forças que qualquer fenômeno da criação. Sois todos a vontade operante da Sabedoria que espera que cada um seja a expressão pura das verdades eternas e que venham trazer paz e felicidade onde se apresentarem.”

Os mentores do Grupo Inácio Ferreira, hoje, fizeram o mesmo convite a todos do grupo. Mais coerência, mais atitude, mais responsabilidade, mais organização, mais presença. Muito  está sendo programado para ser realizado.

Ainda na mesma leitura do Evangelho, continuava a mensagem: Quando o espírito deixa a Terra, carrega consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza, e vai para o espaço se aperfeiçoar ou ficar estacionário, até que queira ver a luz… para ir a Deus não há senão uma senha: caridade; ora não há caridade sem o esquecimento de ultrajes e de injúrias; não há caridade sem perdão.

Os atendimentos começaram. Chegou se contorcendo de raiva. Foi um diálogo longo, ele estava irredutível e cristalizado nos seus pensamentos de vingança.

– agora é a minha vez de pisar na cabeça dele…

– você acredita que não podemos mudar?…

– eu mudei, agora não sou mais covarde, piso na cabeça dele, acabo com ele….

– você está vendo que ele mudou, agora está mais pacífico…

– quero acabar com ele…

– vocês estão vivendo ora lá, ora cá nesta guerra de agressões; todos nós não temos um passado glorioso, todos nós fizemos coisas que prejudicaram os outros.

– vou continuar me vingando…

– veja quem está perto de você , quer falar com você, é uma mulher linda…

– não quero falar com ela, manda ela ficar longe…

– estamos fadados à luz; ele está se libertando e você continua sofrendo por uma passado que está longe…

– não quero mudar nem perder esta oportunidade de me vingar…

– agora você vai ouvir o que ela tem para dizer… Neste momento se encolhe e ouve…

– vou pegar sua mão e te levar para um jardim muito bonito. Veja o lago, a água… Vê aquele banco? Você vai se sentar lá, apreciar toda esta beleza e pensar um pouco no que ouviu….

 

Diante deste diálogos com os companheiros do além, podemos dizer que cristalizar é a ação de concentrar-se, de fixar-se em torno de um sentimento, de uma idéia, de um assunto, o enrijecimento da atenção. Em se tratando da consciência, podemos dizer que é aquela que se fixou, se concentrou num conteúdo de idéias e sentimentos, sem querer dele abrir mão. Com a Doutrina Espírita, principalmente através da obra de André Luiz, aprendemos que o estado mórbido da consciência (monoideísmo) caracteriza-se pela persistência de uma idéia, que nem o curso normal dos acontecimentos, nem a novos fatos conseguem dissipar. A fixação mental é uma questão de atitude assumida. Se mudarmos o foco, ou seja, se melhorarmos o teor energético da atenção de nosso pensamento,  ampliaremos o nosso campo mental para o bem e estaremos nos libertando dos pensamentos mórbidos.

O Budismo nos orienta diante de nossas tragédias pessoais. Explica que a confusão mental é um véu que nos impede de ver claramente a realidade, obscurecendo a nossa compreensão da verdadeira natureza das coisas. Na prática, essa confusão nos incapacita de identificar o comportamento que nos permitiria encontrar a felicidade e evitar o sofrimento. Acreditamos que vemos as coisas como elas são e quase nunca colocamos em dúvida essa opinião. Tendemos a isolar aspectos particulares de eventos, situações e pessoas, focalizando apenas essas particularidades. É assim que rotulamos os outros como “inimigos”, “bons”, “maus” e assim por diante, e consideramos essas atribuições permanentes. Como diz o verso budista: “Para aquele que ama, a bela mulher é objeto de desejo; para o eremita, é uma tentação; para o lobo, uma boa refeição.” Do mesmo modo, uma pessoa que hoje percebemos como inimiga com toda a certeza é, para outro, objeto de afeição, e poderemos um dia criar laços de amizade com esse mesmo indivíduo. Somos arrastados pelo mecanismo de atração e repulsão, mantido em constante movimento por nossas projeções mentais. Nossos conceitos congelam as coisas em entidades artificiais, fazendo-nos perder nossa liberdade interior, do mesmo modo que a água perde sua fluidez quando se torna gelo. 4

Outra comunicação foi rápida e uma certa emoção. O espírito chega, percebe que está em uma situação diferente e fica extasiado. Ainda não sabe o que está acontecendo, mas percebe, sente, que está em algum lugar melhor. Seu corpo e semblante vai mudando, vai ficando com postura mais ereta…

– luz… aqui tem luz…

– vento…. sinto o vento… há quanto tempo não me sentia livre assim…vento…

– flores…. são lindas… árvores…

– água…..

– estão me dando um abraço… há quanto tempo não recebia um abraço……

Este outro diálogo foi interessante. O espírito vivia na América Central. Na época da construção do Canal de Suez, por algum desentendimento alguns se refugiaram nas matas, formando uma comunidade. Existia situação de conflito. O espírito comunicante liderava um grupo desta comunidade. Reclamava que estava cansado de carregá-los nas costas. Para onde vai, eles estão juntos. Pegou um trem para vir para cá e eles vieram juntos. Depois de algum tempo de diálogo…

– que jardim é este, tão bonito?

– tem água… estão todos tomando banho… aqui é muito bom…

– vocês gostariam de comer, podemos providenciar uma mesa com comida para vocês..

–  é claro que queremos comer… estamos com fome…

– então sirvam-se à vontade…

– vou provar primeiro, para ver se a comida não está envenenada… se estiver podemos morrer todos…

– não se preocupe em provar, ninguém morre duas vezes

-?!!!  Morrer, você disse morte…?

– sim

– você quer dizer que eu morri?

– sim

– se estou morto não preciso comer…

– vocês estão mortos, mas ainda precisam se fortalecer, por isto oferecemos comida.

– Nem preciso provar a comida para ver se tem veneno, não vou morrer de novo…

– Comam e depois conversaremos mais com vocês…

Espírito precisa de alimentos? ³  O corpo espiritual apresenta-se moldável conforme as emanações mentais do espírito. Cada espírito apresenta seu perispírito ou corpo espiritual com aspecto correspondente a elevação intelecto-moral. Seu estado psíquico vai determinar a sutilização do seu corpo.

Conforme se tem notícia através de inúmeros autores espirituais, o corpo espiritual apresenta-se estruturado por aparelhos ou sistemas que se constituem de órgãos; estes órgãos são formados por tecidos que, por sua vez, são constituídos por células. Há inclusive patologias celulares tratadas em hospitais da espiritualidade. O chamado mundo espiritual é (no nosso nível) um mundo material de outra dimensão.

Sabemos pelos mais elementares princípios da física, que todo corpo em movimento (vibração) no universo gasta energia, logo precisa repô-la o que equivale a se alimentar. As leis a física não são leis humanas mas leis divinas (ou naturais) às quais estão sujeitos todos os elementos do cosmo. Há portanto um desgaste energético natural do corpo espiritual pelas suas atividades o que o leva a necessidade de ser alimentado por fontes de energia. Sabemos pelos mais elementares princípios da física, que todo corpo em movimento (vibração) no universo gasta energia, logo precisa repô-la o que equivale a se alimentar. As leis a física não são leis humanas mas leis divinas (ou naturais) às quais estão sujeitos todos os elementos do cosmo. Há portanto um desgaste energético natural do corpo espiritual pelas suas atividades o que o leva a necessidade de ser alimentado por fontes de energia.

Dependendo do nível evolutivo do espírito, e conseqüente densidade do perispírito, varia a qualidade do alimento ou energia que o mesmo necessita para manter suas atividades. Espíritos superiores simplesmente absorvem do cosmo os elementos energéticos (“fluídicos”) que necessitam. Ao se colocarem em oração (no sentido mais profundo),sintonizam com níveis energéticos ainda mais elevados (freqüências mais altas) haurindo para si o influxo magnético revitalizador, alimentando suas “baterias” espirituais.Com relação aos espíritos mais relacionados com a nossa realidade, ou seja que ainda apresentam dificuldades em superar as tendências egoísticas, portanto traduzindo na configuração de seu corpo espiritual uma maior densidade, as necessidades são proporcionalmente mais densas.³

Entremeios, um amigo do atendido, deixou uma mensagem de estímulo lembrando que agora, nos tempos atuais, ele está se esforçando para mudar, viver na paz. Que continue neste esforço e no caminho do bem.

A entidade chegou meio sarcástica….

– acabaram os chicotes… só estou apreciando… recolheram todos…

– pelo visto você entendeu as coisas, parece boa observadora…

– é, acho melhor desistir do chicote, parece que não vai dar…

– você pode viver sem precisar do chicote

– apanhei muito, morri apanhando no chicote…

– agora pode viver melhor…

– vamos dar uma olhada no passado… (induzida magneticamente)

– parece uma viagem no tempo!

– um túnel do tempo, relembre…

– era por volta de 1.800; eu era uma menina linda, casei cheia de amor… era muito inocente… apanhei muito…

– vamos dar uma olhadinha mais para trás. Vamos voltar mais ainda…

Sorri, fica mais empertigada

– agora gostei. Acho que estamos no ano por volta de 1.200. Estou num castelo, sou a dona do castelo. Uso um vestido bonito (descreve o vestido). É vermelho. Tenho poder, sou a dona do chicote.

– pelo visto a vida de vocês dois é igual uma gangorra, uma hora o poder está com um, outra hora está com o outro. Isto continua acontecendo mesmo no tempo que você não recordou.

– eu mandava em todos; quem eu não gostava mandava matar. Tinha um rapaz que trabalhava no jardim, muito humilde. Judiava dele, fazia ele fazer tudo o que eu queria. Ele era bonito (sorri). Morreu de amor… Era ele…

– não dá mais para vocês continuarem nesta gangorra. Está na hora de brincarem em duas balanças, uma ao lado do outro, sorrindo, em uma parque muito bonito…

Ela dá um sorriso esperançoso.

– é mesmo, cada um numa balança, brincando, seria bom…

– agora é seguir novos rumos….

O trabalho chegara ao fim. Tinha um doce silêncio no ar. Trabalhar para o bem é ser grato a Deus, era a lição da noite. Ficamos alguns minutos quietos, pensativos… estávamos em um mundo à parte. Era preciso encerrar…

 

 

¹ livro Pão Nosso – Emmanuel e Chico Xavier

² livro Futuro Espiritual da Terra – André Luiz e Samuel Gomes

³ internet Portal do Espírito –  http://www.espirito.org.br/portal/artigos/bernardi/alimentacao.html

4 internet

 

 

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