Iniciamos a noite da quarta-feira do Grupo Fabiano de Cristo, abrindo na mesma página do dia anterior, do Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 23, “Vós cuidais que eu vim trazer paz à Terra? Não, vos digo eu, mas separação; porque de hoje em diante haverá, numa mesma casa, cinco pessoas divididas, três contra duas e duas contra três. Estarão divididas: o pai contra o filho, e o filho contra seu pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, e a nora contra sua sogra. (Lucas, XII: 49-53)”
Prestamos mais atenção na afirmação de que os valores vão se alterando conforme a Humanidade cresce moralmente. O valor de hoje, amanhã pode ser mudado. Exemplo disto chama-se JURISPRUDÊNCIA. Sentenças perpetradas, por anos, séculos, – com a mudança de conceitos, com bons advogados a defenderem seus clientes, e bons juízes a refletirem sobre os fatos – são forjadas completamente diferente do esperado. No início provoca comoção social, surpresa, revolta por parte de alguns, aplausos por outros, mas aos poucos, as leis são alteradas, e novos relacionamentos sociais são instituídos. Exemplos mais simples podem ser vistos no Estatuto da Criança, Estatuto do Idoso, Lei Maria da Penha, transporte gratuito para idosos, casamento com pessoas do mesmo sexo, direito à voto universal, e muitos outros progressos sociais e culturais.
Depois de muita troca de ideias, um mentor veio nos exaltar ao trabalho, à perseverança e o amor no atendimento aos que necessitam de ajuda. Salientou que nosso trabalho é invisível. Ninguém vê, ninguém sabe, poucos acreditam. Alguns atendimentos chamaram a atenção.
– Porque você me acordou? Fica incomodando a gente que estava dormindo lá.
– lá aonde?
– lá, naquele lugar escuro, a gente fica lá sossegado e vocês tiram a gente de lá.
– é porque agora está na hora de você acordar e fazer outra coisa
– fazer o que? Já não morri? Acabou tudo, o que você quer?
– você não morreu, não está falando comigo? Seu corpo morreu, você não.
– mas se morri, não tenho mais nada para fazer, nem sei onde estou!
– o que você fazia quando era vivo?
– trabalhava, cuidava da minha família, ia na igreja
– então, aqui você pode fazer a mesma coisa
– cadê Jesus? Me disseram que quando eu acordasse ele viria me buscar e separar os bons dos maus.
– Jesus está e sempre esteve com você, no seu trabalho, com sua família, quando você ia na igreja e agora, Ele sempre está com você e com todos nós.
– mas o pastor falou que eu ia ficar dormindo e quando acordasse Jesus vinha me buscar
– falou bobagem, às vezes as pessoas falam o que não sabem
– e agora, o que que eu faço?
– olha ao seu redor, tem gente trabalhando, socorrendo, médicos, enfermeiros, gente com vassoura na mão, gente carregando padiola. Cada um está separado num setor de trabalho. Aqui também tem divisão de trabalho e todos estão com Jesus. E você, trabalhava no que?
– cuidava de cachorros. Agora não seu fazer nada
– que bom! Aqui você também poderá trabalhar com cachorros.
– não sei cuidar de cachorro. Só sabia cuidar das ninhadas e vender os filhotes
– com certeza você sabe cuidar e fazer alguma coisa com os cachorros
– olha! Meu cachorrinho está aqui! Continua pequenininho.
– cachorro quando morre também é socorrido e vem para cá.
– esse eu não vendi, levei ele para casa e fiquei com ele. E agora para onde vou?
– vai com ele, ele tem casa aqui e vai te levar até lá
– como inverteu tudo! Agora é o cachorro que vai me guiar!…
Chegou, ficou em silêncio, cabisbaixo, segurando a cabeça com a mão na mandíbula. A dialogadora, aplicou muita energia, por um tempo…
-você está com dor? Sua cabeça está machucada?
– está muito pesada…
A dialogadora envolveu a cabeça com muita energia e delicadamente… foi tocando a cabeça… segurando e mexendo bem devagar e delicado até ver que estava bem
– que bom que você veio para este hospital, é o lugar certo para se tratar, está melhor da cabeça?
– estou. Este hospital é diferente do outro hospital que a gente estava. Lá diziam que ia tratar e depois picavam a gente em pedaços…
Provavelmente se referia a um necrotério onde se faz perícia dos corpos.
– chame todos que estão lá, que estavam com você, vamos trazer para cá, eles também vão ser tratados aqui
– mas tem aqueles que não tem perna, eles não vão conseguir vir para cá!
– você vai ajudar. Pense neles, imagine que está carregando cada um e nós vamos trazer para serem tratados
– já vieram…
– todos vão ser tratados
– já estão sendo colados. Vai ter cola para todos?!
– aqui tem uma cola diferente. É feita de energia. Pode chamar de cola do amor. Tem cola para todos
– eles estão sendo levados para aquela porta…
– você também vai ser tratado…
– Lá de onde eu vim, das trevas, da escuridão, mandaram avisar que vão te levar para lá.
– que bom que você veio
– nós ficamos vigiando você, que tem a mania de se meter nos nossos negócios. Vamos fazer você perder o equilíbrio, até descer lá pra baixo.
– acontece mesmo. A gente cai com a maior facilidade
– você vai cair, ir lá para baixo
– e você, como é que caiu lá embaixo e foi para a escuridão?
– você vai para junto de nós
– já estive lá, agora consegui sair. E você, como é que caiu lá e foi para a escuridão?
– sabe que não sei? Não lembro. É porque sou mau, gosto de fazer mal para os outros
– até que não é tanto, já conseguiu vir para a luz, está aqui perto de mim
– é mesmo! Quem é que me trouxe aqui? Nem sei como vim!…
– é porque seus pés, não são mais pés de chumbo. Ficaram leves. Quando eu tinha pés de chumbo ficava lá com você. Depois consegui vir para cá e agora você conseguiu
– não me lembro… Me disseram aqui, que não posso mais voltar. Me mostram uma parede, é de energia, não posso passar. Vou ter que ficar aqui…….. Tem uma força que me atrai….
– Estou aplicando no seu frontal energias para despertar suas boas lembranças, seus bons amores, as alegrias que já viveu. Você vai ter tempo para refletir nas coisas boas, na luz…
Depois dos trabalhos finalizados, ela começou a retrucar…
Foi aplicado um passe de dispersão
– estou de saco cheio, de saco cheio… me deixa embora, vocês não podem me prender aqui, não quero ouvir
– você não está presa, você está livre, vocês está aqui só por alguns minutinhos e depois pode resolver a sua vida
– então pode falar
– você está aqui para ouvir e depois decidir o que quer da sua vida. O que você decidir tem consequências, pode ser boa ou má. Você é responsável pelo que você escolhe. Se eu fosse você, ficava aqui só para conhecer e depois você escolhe o que quer fazer
– tá bom, mas não quero ficar ouvindo esta ladainha
– não precisa ouvir
– você garante sua promessa?
– garanto e você também garante que vai ficar e prestar atenção nas coisas antes de escolher e ir embora?
– prometo…
Na despedida tivemos uma visita de um espírito que está sendo ajudado e foi trazido para conhecer nosso trabalho.
“Quero agradecer, por terem permitido que eu usasse esse espaço para deixar o meu depoimento. E começo contando um pouco da minha história. Eu passei muitos e muitos anos vivendo num mosteiro, sabia?
Vivia lá no mosteiro, fechado, aquele modo de vida, rezando constantemente. Certamente vocês conseguem deduzir o resto da história. O modo de vida… rezando, rezando. Por que assim eu fui treinado, eu fui acreditado, tinha convicção que esse modo de vida, dessa dedicação a Deus, essa observância do catolicismo, me levaria ao céu.
Quando eu morri, e passei do lado de cá, é que eu percebi, como é que eu posso dizer… que o reino do céu tem o alcance muito maior do que se pode imaginar e para ter esse alcance é necessário a gente dar muito mais de nós do que se pode imaginar.
O importante é a altura mental, mas a pratica da caridade, contínua e perpétua é fator predominante. Do lado de cá eu vi quantos e quantas criaturas estão bem longe, bem distante, do que nós podemos imaginar, do que é seguir para o céu, imaginar estar num lugar melhor. De repente você está circunscrito num lugar, sem ter o merecimento de alçar voos mais altos.
E aí, eu estou vindo aqui, para me apresentarem o trabalho de vocês, como tudo acontece aqui. Aí observei uma forma muito bonita de se ajudar o próximo, de fazer caridade, que a caridade acontece de uma forma oculta e que salva uma quantidade, uma quantidade inimaginável de criaturas. Vocês precisam saber que tem uma quantidade imensa de criaturas daqui do lado da espiritualidade que precisam socorro. Estou falando apenas de uma parcela da humanidade que acreditavam que já tinham a posse de saber do reino dos céu, que achavam que estavam garantidos e não estão.
Simplesmente porque não doaram de si não deram de si. Não estou nem falando daqueles que se dedicaram ao mal, os mais perversos. Não estou falando deles. Estou falando apenas daqueles que achavam que bastava ter uma convicção, uma ideia, que os salvaria. Esse número é muito maior do que vocês possam imaginar.
E eu estou aqui contando minha história, da minha experiência, pedindo para vocês não desistirem, para que continuem com este trabalho maravilhoso que a maioria nem sabe do que acontece, o que ocorre. Assim, eu fiquei… assim perplexo quanta gente é salva e beneficiada com tudo o que acontece aqui.
E hoje pude entender e pude ver que de caridade, de ajuda ao próximo eu não fiz nada, absolutamente nada, nada, que eu joguei uma vida inteira fora, por eu acreditar que aquilo garantiria meu futuro e não garantiu nada.
Deixo para vocês o meu recado e espero de coração e peço a Deus que me dê a oportunidade de ficar aqui com vocês ajudando , e ficar do lado de cá neste trabalho de grandeza, muito maravilhoso, vim para conhecer e ver tudo o que acontece aqui. Que Deus me dê esta oportunidade. Agradeço aqui o emprenho de cada um de vocês na execução deste trabalho.
Estão falando aqui, que este trabalho acontece de forma muito pequena. Que são poucos os grupos que trabalham assim e que este trabalho tem levado esperança a muitas almas que se beneficiam do lado de cá.
Muito obrigado, obrigado…”