Não posso acreditar, ela não permite…

Dia após dia, vamos estudando até alcançar o capítulo em que estamos do livro LIBERTAÇÃO de André Luiz e Chico Xavier. Ainda estamos bem para trás, no capítulo 8, Inesperada intercessão.

 

“…Gargalhada sarcástica e estrepitosa seguiu-lhe as palavras. Gúbio, porém, não se perturbou. Com simplicidade, tornou a considerar: – Ouso lembrar, todavia, que, se nos lançássemos todos a socorrer os miseráveis, a miséria se extinguiria; se educássemos os ignorantes, a treva não teria razão de ser; se amparássemos os delinquentes, oferecendo-lhes estímulos à luta regenerativa, o crime seria varrido da face da Terra. O sacerdote fez vibrar uma campainha, que me pareceu destinada a expandir-lhe as expressões de ira e gritou, rouquenho: – Cala-te! insolente! Sabes que te posso punir!… – Sim – concordou o nosso orientador, imperturbável –, suponho conhecer a extensão de tuas possibilidades. Eu e meus companheiros, à leve ordem de tua boca, podemos receber prisão e tortura e, se esta representa a vontade de teu coração, estamos prontos a recebê-las. Conhecíamos, de antemão, as probabilidades contra nós, nesta aventura; entretanto, o amor nos inspira e confiamos no mesmo Poder Soberano que te permite aplicar a justiça….”

 

Podemos receber prisão e tortura. Preste atenção nesta informação. Mesmo Gúbio, André e Elói tendo vindo de espaço vibratório mais elevado, estando naquele lugar, naquela vibração pesada, estava totalmente submetidos às regras daqueles lugar, totalmente vulneráveis…  Este é um alerta para todos nós não sairmos nos aventurando durante o sono físico, por lugares que não conhecemos, ou com perigo desconhecido e não avaliado.

 

“…Gregório fitou Gúbio, assombrado, à vista de tamanha coragem e, decerto, Gúbio aproveitando a transformação psicológica do momento, enunciou com firmeza serena: – Declarou-nos Matilde, a nossa benfeitora, que a tua nobreza não se esvaiu e que as tuas elevadas qualidades de caráter permanecem invioladas, não obstante a direção diferente que imprimiste aos passos; por isto mesmo, identificando-te o valor pessoal, chamo-te de “respeitável” nos apelos que te dirijo. A cólera do sacerdote pareceu amainar-se. – Não acredito em tuas informações – acentuou, contrariado – , mas sê claro nas rogativas. Não disponho de tempo para falas inúteis.

 

Gúbio faz uma aposta neste instante. Entra no ser íntegro que existe dentro de Gregório. Penetra na luz interna, na divindade natural que cada um traz dentro de si mesmo. Jesus avisou: vós sois deuses, e fareis coisas muito maiores do que Eu faço

 

“…– Venerável Gregório – pediu nosso instrutor, humilde –, serei breve. Ouve-me com tolerância e bondade. Não ignoras que tua mãe espiritual jamais se esqueceria de Margarida, ameaçada atualmente de loucura e morte, sem razão de ser… Escutando o informe, o hierofante modificou-se visivelmente, expressando na fisionomia inquietação indisfarçável. A estranha auréola que lhe revestia a fronte revelou tonalidades mais escuras. Dureza singular transpareceu-lhe nos olhos felinos e os lábios se lhe contraíram num neto de infinita amargura. Tive a ideia de que ele nos fulminaria se pudesse, mas conteve-se, imóvel, apesar da expressão agressiva e rude.

– Não desconheces que Matilde possui na tua companheira de outras eras uma pupila muito amada ao coração. As preces dessa torturada filha espiritual atingem-lhe a alma abnegada e luminosa. Gregório: Margarida empenha-se em viver no corpo, faminta de redenção. Aspirações renovadoras banharam-lhe a meninice e, agora, que o casamento, em plena juventude, lhe revigora as esperanças, deseja demorar-se no campo de luta benéfica, de modo a ressarcir o passado culposo. Certamente, fortes razões te obrigam a constrangê-la ao retorno, porque lhe armaste caprichoso caminho de morte. …..”

 

Margarida não é considerada uma vítima nesta história e sim um ser com a oportunidade de se redimir de ações danosas do passado. Vitima e verdugo se completam. Margaria faz preces, suplica por ajuda divina. Se movimenta espiritualmente e movimenta a proteção que pode receber. Movimenta céus e terra… Pense no tamanho desta história, na mobilização que foi provocada para poder ajudar este grupo de espíritos entrelaçado nos erros do passado…

 

Gregório, tem a força para “armar caprichoso caminho da morte”… Os espíritos inimigos tem o poder de matar, de sequestrar a alma do corpo físico, de matar o corpo físico para se apropriar do espírito. Quantos milhares de espíritos estão submetidos à este domínio da maldade? Onde está a defesa, onde está a sua defesa? O que te protege do mal?

 

A Humanidade enquanto encarnada, subestima o poder para o mal, que a maioria dos espíritos que a rodeiam ainda pratica. Todos nos estamos destinados a alcançar a perfeição, mas no momento estamos mais perto do princípio das coisas do que dos finalmentes celestiais. Todos nós, ainda não temos defesa suficiente contra os males que nos cercam e atingem. Neste momento estou assistindo na tv, canal Woohoo, um programa com o historiador Eduardo Bueno. O tema é: você acredita em horóscopo? As respostas são as mais diversas do sim e do não, mas uma delas me chamou atenção. Uma pessoa responde: não posso acreditar porque minha religião não permite.

 

Estamos engatinhando mentalmente. Somos obedientes às mentes dominantes, qual qualquer criança. Alguns Homens pensam, a maioria ainda não consegue. Nietzsche falava: existe o super-homem e o resto. Existe os que tem poder e a maioria está aqui para obedecer. Chocante, terrível. É acusado de ser inspiração do Nazismo. Mas será que a Humanidade pensa diferente? Quando alguém diz: não vou pensar porque me disseram que não posso pensar…

 

Nietzsche expõe suas ideias, com aceitação de muitos, ao mesmo tempo que Kardec publica o pensamento dos Espíritos. Os livros de Kardec forma queimados em praça pública… Décadas mais tarde, o homens foram queimados nos fornos… Hoje existem correntes pensantes que dizem que o holocausto não existiu!

 

“Oh! Bendito o que semeia

Livros, livros, à mancheia

E manda o povo pensar…”

Castro Alves contemporâneo de Kardec e de Nietzsche, século XIX

 

 Na Introdução do Evangelho Segundo o Espiritismo Kardec se posiciona quanto à liberdade do Homem pensar e escolher. Como bem disse o Cardeal da Espanha: queimo seus livros e sinto por não poder queimar em praça pública seu autor. (Queima do Livro dos Espíritos em Barcelona)

Veja o que Kardec defendia:

“ Se a doutrina espírita fosse uma concepção puramente humana, não teria como garantia senão as luzes daquele que a tivesse concebido. Ora, ninguém neste mundo poderia ter a pretensão de possuir, sozinho, a verdade absoluta. Deus quis que a nova revelação chegasse aos homens por um meio mais rápido e mais autêntico. Eis porque encarregou os Espíritos de a levarem de um polo ao outro, manifestando-se por toda parte, sem dar a ninguém o privilégio exclusivo de ouvir a sua palavra. O Espiritismo não tem nacionalidade, independe de todos os cultos particulares, não é imposto por nenhuma classe social, visto que cada um pode receber instruções de seus parentes e amigos de além-túmulo. Sabe-se que os Espíritos, em consequência das suas diferenças de capacidade, estão longe de possuir individualmente toda a verdade; que não é dado a todos penetrar certos mistérios; que o seu saber é proporcional à sua evolução.

 

O primeiro controle é, sem contradita, o da razão, ao qual é necessário submeter, sem exceção, tudo o que vem dos Espíritos. Toda teoria em contradição manifesta com o bom-senso, com uma lógica rigorosa, e com os dados positivos que possuímos, por mais respeitável que seja o nome que a assine, deve ser rejeitada. A experiência prova que, quando um novo princípio deve ser revelado, ele é ensinado espontaneamente, ao mesmo tempo, em diferentes lugares, e de maneira idêntica, senão na forma, pelo menos quanto ao fundo.  Não é porque um princípio nos foi ensinado, que o consideramos verdadeiro, mas porque ele recebeu a sanção da concordância. É esta observação que nos tem guiado até hoje, e é igualmente ela que nos guiará, através dos novos campos que o Espiritismo está convocado a explorar.

 

Os Espíritos Superiores procedem, nas suas revelações, com extrema prudência. Só abordam as grandes questões da doutrina de maneira gradual, á medida que a inteligência se torna apta a compreender as verdades de uma ordem mais elevada, e que as circunstâncias são propícias para a emissão de uma ideia nova. Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificará nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, o Espiritismo a aceitará…”

Freud, também contemporâneo, dizia: o pensamento é o ensaio da ação.

Continua…

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