O que seria da Humanidade sem o lixeiros, coveiros, policiais…

Continuando com nosso estudo do livro LIBERTAÇÃO de André Luiz e Chico Xavier, capítulo 8, Inesperada intercessão.

 

“– Respeitável sacerdote – obtemperou o nosso orientador, com grande surpresa para mim –, não te posso discutir os motivos pessoais. Sei que há uma ordem absoluta na Criação e não ignoro que cada Espírito é um mundo diferente e que cada consciência tem a sua rota. – Criticas, porventura, os Dragões, que se incumbem da Justiça? – perguntou Gregório, duramente. – Quem sou para julgar? – comentou Gúbio, com simplicidade – Não passo dum servidor na escola da vida. – Sem eles – prosseguiu o hierofante, algo colérico –, que seria da conservação da Terra? Como poderia operar o amor que salva, sem a justiça que corrige? Os Grandes Juízes são temidos e condenados; entretanto, suportam os resíduos humanos, convivem com as nojentas chagas do Planeta, lidam com os crimes do mundo, convertem-se em carcereiros dos perversos e dos vis.”

 

Essa questão de lidar com o lixo humano é deixada de lado, principalmente por aqueles que se auto intitulam ”de alma limpa”. Tem pessoas que imaginam que viver em estado de adoração, contemplação, auto controle, auto censura, exagero de consciência, auto recriminação, está no caminho do céu, candidato à divindade em breve. Não sujas as mãos e muito menos a sola do sapato em lugares sujos ou fétidos…

 

O que seria da Humanidade sem o lixeiros, coveiros, policiais, carcereiros, ajudantes de enfermagem, faxineiros, ordenhador de leite, médicos legistas, trabalhadores de abatedouros, limpador de casco de navio, assistente social, etc, etc, etc…

 

O bem e o mal, o limpo e o sujo, se entrelaçam, estamos o tempo todo no dois lados. Não existe a tal da “virtude” da “alma limpa” no nosso estágio evolutivo. Tem até um ditado muito interessante que diz: quem ama o feio, bonito lhe parece

 

“E à maneira da pessoa culpada, que estima longas justificações, continuou, irritadiço: – “Os filhos do Cordeiro poderão ajudar e resgatar a muitos. No entanto, milhões de criaturas , como sucede a mim mesmo, não pedem auxílio nem liberação. Afirma-se que não passamos de transviados morais – Seja -. Seremos, então, criminosos, vigiando-nos uns aos outros….”

 

Veja a culpa destruidora fazendo sua vítima. Você já observou criança auto destrutiva? Ela apronta todas, é criticada e acusada o tempo todo, e faz cada vez mais coisas erradas, porque acredita que não tem valor. Existe milhares de professores neste mundo que com AMOR resgatam estas crianças do fundo do inferno… Mas a maioria destas almas infantis acabam sucumbindo na revolta, agressividade, desvios de conduta, morrendo cedo, por falta de perspectiva de vida. As estatísticas comprovam.

 

“A Terra pertence-nos, porque, dentro dela, a animalidade domina, oferecendo-nos clima ideal. Não tenho, por minha vez, qualquer noção de Céu. Acredito seja uma corte de eleitos, mas o mundo visível para nós constitui extenso reino de condenados. No corpo físico, caímos na rede de circunstâncias fatais; contudo, a teia que os planos inferiores nos prepararam servirá a milhões. Se é nosso destino joeirar o trigo do mundo, nossa peneira não se fará complacente. Experimentados que somos na queda, provaremos todos os que nos surgirem no caminho. “Ordenam os Grandes Juízes que guardemos as portas. Temos, por isso, servidores, em todas as direções. Subordinam-se-nos todos os homens e mulheres afastados da evolução regular, e é forçoso reconhecer que semelhantes individualidades se contam por milhões. Além disso, os tribunais terrestres são insuficientes para a identificação de todos os delitos que se processam entre as criaturas. Nós, sim, é que somos os olhos da sombra, para os quais os menores dramas ocultos não passam despercebidos….”

 

Em capítulo anterior, foi mostrado como a culpa que carregamos dentro de nós, são portas abertas para as acusações externas, para exploração de mentes trevosas, aprisionamento de nossas almas, num inferno difícil de ser libertado. O mal está dentro de nós, mas é facilmente explorado de fora para dentro. Por isto Jesus fez aquela recomendação: reconcilia-te com seu inimigo enquanto estás ao lado dele, para que não te entregues ao juiz e este o coloque na prisão. Não é metáfora nem parábola. Jesus falou na lata. Nós é não queremos entender e ficamos “bodejando” nos apegando à ideia de que tudo é parábola para ser ainda desvendada.

 

Culpa e falta de esperança… Milhares, bilhões de prisioneiros das trevas… Será que você é importante de verdade na busca do bem? Será que você vai conseguir alguma coisa acreditando nas palavras do Cristo? Será que seu esforço, sua crença, seus atos mais generosos, suas preces, tem alguma influência para a melhoria do Planeta Terra, da Mãe Terra? Qual o tamanho da sua Fé quando participa de um trabalho espiritual voltado para socorrer espíritos aflitos? Aliás, você tem Fé?

 

“…Ante o intervalo que se fizera, contemplei o rosto de Gúbio, que não apresentava qualquer alteração. Fitando Gregório, com humildade, considerou: – Grande sacerdote, eu sei que o Senhor Supremo nos aproveita em sua obra divina, segundo as nossas tendências e possibilidades de satisfazer-lhe os desígnios. Os fagócitos no corpo humano são utilizados na eliminação da impureza, do mesmo modo que a faísca elétrica irrompe, insofreável, a fim de sanar os desequilíbrios atmosféricos. Respeito, assim, o teu poder, porque se a Sabedoria Celeste conhece a existência das folhas tenras das árvores, sabe também a razão de teu extenso domínio; entretanto, não concordas em que a nossa interferência prevalece sobre a fatalidade, círculo fechado de circunstâncias que nós mesmos criamos? Não estou habilitado a apreciar o trabalho dos Juízes que administram estes pousos de sofrimento reparador… Conheço, contudo, os quadros pavorosos que se desdobram ao teu olhar. Observo, de perto, os criminosos que se imantam uns aos outros; sondo, de quando em vez, os dramas sombrios daqueles que jazem nas furnas de dor, magnetizados ao mal que praticaram, e não ignoro que a Justiça deve reinar, consoante as determinações soberanas. Todavia, respeitável Gregório, não admites que o amor, instalado nos corações, redimiria todos os pecados? Não aceitas, porventura, a vitória final da bondade, através do serviço fraterno que nos eleva e conduz ao Pai Supremo? Se gastássemos nos cometimentos divinos do Cordeiro as mesmas energias que se despendem a serviço dos Dragões, não alcançaríamos, mais apressadamente, os objetivos do supremo triunfo?…”

 

A proposta fala de ENERGIA. Aqui está dizendo que a ENERGIA é a mesma, não importa de qual lado ela está atuando. O resultado que colhemos é obediente ao rumo que damos às nossas ENERGIAS. Jesus falou: tendes bom animo, Eu venci o mundo. Ele está falando das nossas ESCOLHAS, para onde encaminhamos nossas ENERGIAS.

 

A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!
Mateus 6.

 

 

“O sacerdote ouviu, contrariado, e clamou com desagradável inflexão de voz: – Como pude escutar-te, calado, tanto tempo? Somos aqui julgadores na morte de todos aqueles que malbarataram os tesouros da vida. Como inocular amor em corações enregelados? Não disse o Cordeiro, certa vez, que não se deve lançar pérolas aos porcos? Para cada pastor de rebanho na Terra, há mil porcos ostentando as insígnias da carne. E se o teu Mestre reclama pegureiros (pastores) ao seu apostolado, que fazer, de nossa parte, senão constituir equipes de inteligências vigorosas, especializadas em corrigir as criaturas delinquentes que se colocam sob nossa vara diretiva?…”

 

É gravíssimo o que está sendo revelado aqui. constituir equipes de inteligências vigorosas, julgadores na morte de todos aqueles que malbarataram os tesouros da vida. A Humanidade encarnada não leva a morte à sério. Apenas tem medo de morrer. Aprendeu a não falar da morte e gostou de não falar sobre as consequências de suas ações depois da morte. A ideia fantasiosa é: se não sei, não existe.

 

Veja como não existe passado, presente e futuro. Tudo é continuidade natural. O Papa poderoso do início do segundo milênio, (1020 a 1085), Gregório, que fortaleceu a Igreja sobre os homens, sobre os povos e nações, é o mesmo que continua nas Trevas a dominar as mentes, julgar, condenar, determinar… Toda a Humanidade, ocidental, está sujeita à este domínio invisível e poderoso.

 

“… Os Dragões são os gênios conservadores do mundo físico e se esmeram em preservar a aglutinação dos elementos planetários…”   Os Dragões estão a serviço do equilíbrio da Terra, aglutinando, juntando, reunindo o mal. Assim Gregório justifica suas ações, seu poder.

 

“… desintegrando-lhe os abismos escuros a fim de que a luz sublime aí brilhasse para sempre, fácil e instantânea, como acomodar nesse clima celestial as consciências de lobos e leões, panteras e tigres (pela extrema analogia que ainda guardam com essas feras), almas essas que habitam formas humanas aos milhares de milhares? Que seria dos Céus se não vigiássemos os infernos?…”

 

Gregório está perguntando: onde vamos colocar tanta gente que gosta de fazer o mal?

 

Jesus já respondeu para o Gregório e para todos nós: há muitas moradas na casa de meu Pai. Kardec explica: “A qualificação de mundos inferiores e mundos superiores nada tem de absoluta; é, antes, muito relativa. Tal mundo é inferior ou superior com referência aos que lhe estão acima ou abaixo, na escala progressiva. Tomada a Terra por termo de comparação, pode-se fazer ideia do estado de um mundo inferior, supondo os seus habitantes na condição das raças selvagens ou das nações bárbaras que ainda entre nós se encontram, restos do estado primitivo do nosso orbe. Nos mais atrasados, são de certo modo rudimentares os seres que os habitam. Nos mundos que chegaram a um grau superior, as condições da vida moral e material são muitíssimo diversas das da vida na Terra. Como por toda parte, a forma corpórea aí é sempre a humana, mas embelezada, aperfeiçoada e, sobretudo, purificada. Entre os degraus inferiores e os mais elevados, inúmeros outros há. No vosso, precisais do mal para sentirdes o bem; da noite, para admirardes a luz; da doença, para apreciardes a saúde. Naqueles outros não há necessidade desses contrastes.”

 

Continua….

 

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