Grupo de Atendimento Programado e Estudos de Desobsessão Inácio Ferreira
Antecedido pelo grupo de estudo do livro Egos em Conflito de Inácio Ferreira
Terça feira é dia de ser (treinamento e expansão mediúnica); os outros dias é de fazer (atendimento espiritual)
Nossos trabalhos estão cada vez mais encadeados. Praticamente começam na terça feira e terminam na quinta, como sendo um só. Isto demonstra que todos na Casa dos Ciscos estão trabalhando, cada um do seu jeito e com sua potencialidade de colaboração. Como a atividade é invisível aos nossos olhos, cada um tem a liberdade de trabalhar com o que tem e como é.
Quanto menos engessados trabalhamos, mais expressões do potencial individual de cada um tem espaço para ação. Tivemos um exemplo interessante sobre este encadeamento, com as perguntas de algumas companheiras, que estimularam exatamente os questionamentos tão necessários aos atendimentos espirituais desta semana. Vamos compreender melhor: Na leitura da tarde da quarta-feira, André Luiz nos fala de como precisamos ser amáveis em sociedade, tratar bem a todos que nos cercam. Parecia uma mensagem óbvia e simples, até que veio a pergunta: e como trato as pessoas que tenho medo? Oras! O André Luiz já não tinha dito tudo!? Agora responda você: como lidar com gentileza com as pessoas que temos medo, não gostamos dela? Sem teorias e receitas mágicas. O problema é real, vivo, intenso, perturbador, amedrontador… Todos participaram, se envolveram, contaram seus anseios e limites. Provavelmente naquele instante de muita catarse, nossos amigos espirituais puderam nos atender e àqueles que nos cercam.
O tema do ESE foi do capítulo 5,BEM AVENTURADOS OS AFLITOS, item 26 Provas Voluntárias. Verdadeiro Cilício, que é um verdadeiro exercício para nossa inteligência na busca de soluções para nossos dramas pessoais. Estudamos o mesmo capítulo na terça, quarta e quinta.
Perguntais se é permitido abrandar a vossas provas. Essa pergunta lembra estas outras: É permitido ao que se afoga procurar salvar-se? A reação é praticamente unanime: claro que sim! E nós, diante de nossas mazelas, acreditamos que podemos mudar o rumo de nossas dores? E a quem se espetou num espinho, retirá-lo? Nós corremos a tirar o espinho ou deixamos a natureza fazer o processo de inflamação até a expulsão do espinho? Deus me livre! É claro que não, dói muito! Mas muitas vezes aceitamos sofrimentos crônicos, mantemos a crença de que não podemos reagir em buscar outras alternativas de vida. Ao que está doente, chamar um médico? Sorrisos… ninguém quer ficar doente nem sofrer dor. Médico é para nos aliviar.
As provas têm por fim exercitar a inteligência, assim como a paciência e a resignação. Que maravilha de mensagem! Kardec ao escolhe-la dentre centenas de outras mensagens que os centros espíritas espalhados pela França enviavam para ele, convida a todos nós a exercitar a inteligência que Deus nos deu, aprimorada em milhares de reencarnações, em busca da nossa evolução. Paciência, geralmente é treinada exaustivamente por todos, resignação principalmente para os sofredores crônicos, agora, inteligência, só é exercitada para aquele que se permitem usá-la. Incrível, mas inteligência exige auto permissão, rompimento com proibições milenares, culturais, religiosas, sociais.
Um homem pode nascer numa posição penosa e difícil, precisamente para obrigá-lo a procurar os meios de vencer as dificuldades. As limitações que deparamos na vida, não são castigo, mas sim uma nova chance de acertar uma experiência que provavelmente não teve boa aprendizagem. Deus dá o frio, conforme o cobertor. Só que no momento que estamos vivendo grandes dificuldades, nem sempre temos lucidez suficiente para lidar com elas.
O mérito consiste em suportar sem murmurações as consequências dos males que não se podem evitar, em preservar na luta, em não se desesperar quando não se sai bem, e nunca em deixar as coisas correrem, que seria desleixo e até preguiça que virtude. Que coisa! Muitas vezes o que chamamos de resignação pode ser preguiça ou desleixo (na tradução de Salvador Gentile). Para o sofredor crônico, dizer que ele pode ser um preguiçoso ou desleixado… é para se pensar, né?
Este estudo, na quarta à tarde nos levou a uma pergunta importante. Como você pede ajuda a Deus, à Jesus, aos amigos protetores? Você se conhece, sabe de suas verdadeiras necessidades? Alguém perguntou. Como faço para me conhecer e saber que pedido preciso fazer, saindo de dentro de meu eu? Outra colocação foi muito interessante: meus problemas são tantos que desisti de pedir. Digo seja feita a sua vontade, porque não vou pedir mais nada. Poderia ser: se não me atendem do jeito que quero, não peço mais nada. Ser espírita, respirando a mensagem Crística, não é fácil, muito difícil, às vezes dá vontade de desistir…
O plano espiritual do Ciscos tem nos alertado, chamando atenção, para melhorarmos a cada dia, estudar mais, ser mais eficiente. Como ser mais eficiente em nossos trabalhos, se permanecemos afundados sempre nos mesmos problemas? É uma incoerência. Pelos menos evoluir, variar o sofrimento, variar os erros e acertos. Arejar nossos pensamentos, buscar desafios novos, soluções atualizadas, relacionamentos diferentes, maior percepção de realidade. O plano espiritual está precisando de novos atores na renovação das vibrações do planeta. Não adianta colaborarmos com mais do mesmo. Trocar seis por meia dúzia. Chocante, mas é isto que acontece, quando nos mantemos vibrando repetidamente. Esse é o convite do Evangelho. Use sua inteligência para mudar sua vibração para melhor e de fato melhorar a vibração do planeta Terra.
Às vezes permanecemos dentro de sofrimentos atrozes, paralisados pelo medo do desconhecido, medo do atrevimento de querer ser feliz. Os amigos espirituais do Ciscos não param de nos convidar a fazer mudanças em nossas próprias vidas. É por isto que temos os trabalhos de Desobsessão Programada. Os beneficiados somos nós. É um investimento em nossos destinos para melhor. Mas é difícil confiar. Como ter certeza de que é isto mesmo? Os amigos protetores estão de plantão, dispostos a nos ajudar, mas é assustador abrir mão de nosso controle. Imaginamos que nossos queridos familiares só estarão bem, se estiverem debaixo de nossas asas protetoras.
No livro de estudo 1/3 da Vida, de Ermance Dufaux, tem um depoimento muito esclarecedor de uma encarnada que durante a noite, está sendo atendida pelo plano espiritual.
“- É muito impressionante a diferença. Sinto que sou uma no corpo físico e outra aqui. No plano físico sou uma mulher controladora, perfeccionista e vivo cheia de preocupações. Aliás foi por isto que vim me tratar no Lar (instituição localizada no bairro de Itaquera em SP).
Já quando estou aqui, durante as noites, sinto-me livre e sem necessidade de me preocupar com quem amo da forma como penso quando estou acordada. Livrei-me da neurótica necessidade de arrumar as coisas. Consigo estar aqui e não pensar no que virá daqui a pouco. Minha mente está centrada. É tão bom que não dá vontade de acordar.
… A senhora só consegue esses momentos de liberdade em relação a esses comportamentos que lhe oprimem a matéria porque já vem construindo sua mudança pela reforma interior em busca de novos valores e de uma vida mais proveitosa.”
Os espíritos do contra, aqueles que não querem nosso atendimento ou socorro estão agindo. Direito de todos eles, guerra é guerra. Cada um usa as armas que tem. A turma é bem organizada. Atualmente estão comendo pelas bordas. Tira um hoje, afasta outro amanhã, desanima um terceiro. E assim vai. De nosso lado, fazemos o que imaginamos ser eficiente. Será!?
Na quarta à noite, usaram uma arma diferente contra nós. Nos entorpeceram as idéias durante a preparação. Muito legal, porque cada um, ao se sentir distraído teve que se esforçar para ficar em sintonia. É claro que depois fomos alertados pelos amigos do lado de lá, não sem levar uma boa bronca. Na quinta ficamos “espertos”. Prestamos a maior atenção, nas leituras, trocamos opiniões, demonstramos interesse. Cantamos Quanta Luz. E vamos começar. Pularam na frente e começaram no nosso lugar. Estratégia é estratégia, na disputa vale tudo.
O primeiro se fez passar por orientador, o que chamamos de mentor. Porém tinha um tom de voz, uma postura que apesar das palavras melífluas, não convenceram. Não deixou que fizéssemos o caminho até a residência da pessoa atendida. Cortou e veio com sua “mensagem”.
Imediatamente entra outro espírito em outra médium , e começa a “limpar” o ambiente. Segurou a médium um bocado de tempo. Na hora de ir embora, não conseguia, alguma coisa a prendia. Começou a rir, escarnecendo, zombando.
– eu sou boa mesmo, quando quero sou boa no que faço…
– enganei você, sou muito boa mesmo; depois fico má…
– e qual sua intenção ao fazer isto?
– é que aqui só faço o que quero, eu que mando, ninguém pode comigo.
Outra médium se postou nas suas costas, enviando energia
– quem manda sou eu (levantou os dois braços para trás, sobre a cabeça e ficou presa, não conseguiu voltar com os braços para frente. Ficou com os braços amarrados atrás da cabeça)
– me solta, me larga, quero ir embora, sou eu quem manda, me solta…
– agora acabou, você vai ficar conosco um pouco para conversar e entender algumas coisas…
– onde vão me levar?…
Com outra médium o espírito reclamava, bravo
– na outra casa a gente conseguia entrar fácil. Nesta casa agora, nós não conseguimos entrar…
O espírito chegou muito bravo com a atendida do trabalho da noite, advertindo
– procure andar no caminho certo. Preste atenção onde vai. Sai e depois não sabe lidar. Nós estamos junto, não faça mais isto, cuidado, ande no caminho certo.
Outro espirito veio, e contou que era escravo de outro. Faz parte de uma falange. Não entendeu muito o que estava acontecendo.
O espírito não falou nada. Estava com muito medo. Ao seu lado tinha outro espírito, grandalhão que o ameaçava e impedia de falar.
O espírito era só cabeça. Uma cabeça enorme, deformada. Muito grande ocupando um espaço desproporcional. Também mal conseguiu se fazer entender.
Retomamos, o que normalmente fazemos para dar início ao atendimento. A atendida se colocou em frente a sua residência e fixou seu pensamento. Foi para os fundos da casa.
– não conseguimos entrar, estamos cansados parecemos bicho arranhando a porta
– você não precisa se comportar como bicho, levante o corpo…
– esse índio grandão não deixa a gente entrar, fica na porta
– vocês não precisam ficar aí deste jeito, estão com fome, cansados, aqui tem comida para vocês todos
– nós não podemos comer, o chefe vai ficar bravo… aqui tem comida?
– tem sim, bastante comida…. vocês estão com muito frio, vamos agasalhar todos primeiro, não dá para comer sentindo frio.
– você tem agasalho para todos nós!?…
– tem sim, agora estão quentinhos, podem comer… veja o índio, ele tem cara de quem está com fome?
– esse índio é estranho, não sai daí nem um minuto, não sei que hora ele come, que hora ele dorme, ele não sai daí
– é que ele sabe comer de outro jeito, por isto está forte
– mas se a gente sair daqui vamos apanhar, o chefe vem pegar todos nós e vai bater…
– pode ir sem medo… vocês estão protegidos…
– olha! vem vindo uma porção de índias; elas vão levar a gente lá para a aldeia, vamos viver no mato… a gente não sabe viver no mato…
– você vão aprender muito com elas, podem ir que nós vamos conversar com o chefe…
Tudo esfriou, o ambiente ficou gelado. Providenciamos um agasalho sobre a médium. Ela estava encolhida de frio
– quem vocês pensam que são para tirar meus homens?…
– não são mais seus homens, agora estão livres…
– arrumo outros… vou trazer ela para mim
– para morar num buraco!?… ela não quer mais morar em buraco algum…
– ela é minha! Prometeu me amar pela eternidade! Tira isto de mim…
– você está mais quente, enquanto esquenta está perdendo muitas coisas que estão caindo de você e o buraco está fechando…
– ela é minha, quero ela de volta, me prometeu… tira isto das minhas costas…
– agora não tem mais buraco para voltar… ela mudou, reencarnou muitas vezes, andou para frente enquanto você ficou parado no buraco…
– ela é minha, tem que voltar, me prometeu…tira isto de cima de mim…
– enquanto ela progrediu você ficou parado no buraco gelado, ela não quer você deste jeito. Caminha para frente, aprenda a fazer algo de bom para conquistar ela novamente…
– isso dá muito trabalho… não quero me mexer. Vou ficar no meu buraco e quero ela de volta…
– você não tem mais buraco, é preguiçoso demais para fazer outro buraco…
– é… (concordando, quase deu uma risadinha)
– agora você vai para outro lugar
– o índio disse que vai me levar para o lugar onde estão os outros… não gosto de mato, não sei fazer nada no mato…
– quem sabe você vai aprender a lidar com as plantas e no futuro curar as pessoas…
– vou ter que ir com ele…
Uma das médiuns tem por hábito, quando o atendimento está chegando no fim, de ir convidando os espíritos que estão pelo salão, às vezes sem entender o que está acontecendo com eles, para irem até o jardim. Vai encaminhando todos.
A mensagem do mentor no final foi muito enfática. Parecia vir de um índio ( vamos transcrevê-la na próxima semana). Falou firme que temos que atender os espíritos que são trazidos, primeiro, em suas necessidades. Precisam de atenção, carinho, agasalho, comida, cama para descansar. Faz muito tempo que não têm ninguém cuidando deles. Primeiro cuidar, agasalhar para depois falar de Jesus. Eles estão muito cansados, não conseguem ouvir conselhos. Não adianta ficar falando no ouvido deles. Tem que cuidar deles.