O grupo está passando por um momento muito interessante. Os amigos espirituais, estão atentos e alertando a cada encontro semanal. Alguns ouvidos moucos, ouvido de mercador, se fazendo de surdo, não dando importância ao que se fala, estão se esquivando, outros se fazendo de desentendidos. O importante é constatar que este tipo de ajuda, continua a ser prestada, com ou sem o apoio de um ou de outro. Os instrumentos de socorro no plano superior, superam em muito a nossa imaginação. Este avanço de dezenas de anos à frente do nosso tempo, já foi cantada em prosa e verso pelo gênio William Shakespeare, 1564 a 1616, um bocado de tempo atrás¹: Há mais mistérios entre o Céu e a Terra do que sonha a nossa vã filosofia.
Na metade do século 20, exatos 500 anos após, André Luiz traz a mesma informação, sobre o avanço da tecnologia no plano espiritual, para o bem e para o mal. Se lutamos contra as trevas, estamos sempre com armas defasadas, daí a necessidade de nos aliarmos a exércitos mais bem preparados, para poder combater a treva que acompanha cada um de nós. Como é difícil aceitar esta realidade tão cristalina. Não entendemos, ou nosso orgulho não permite.
Há muito tempo atrás, li um conto² do russo Leão Tolstoi, 1828 a 1910, Depois do Baile, descrevendo uma cena terrível: na noite anterior, participara de um baile da nobreza, onde um grande militar, da mais alta patente, dançava no baile de debutante de sua filha, maravilhado, embevecido. Na manhã seguinte praticamente esfolava vivo, pelas ruas da cidade, um soldado desertor. Dois homens num só corpo. Exagero esta comparação? Pode ser, mas nós também vivemos esta dicotomia, esta contradição. Um momento desejamos fazer o bem, para si mesmo e para o outro; em outro momento esquecemos de tudo e agimos como desconhecidos de nossos próprios atos. Também somos dois dentro de um mesmo corpo.
A reunião começou com o convite do Evangelho: Sede Perfeitos. Mas em que consiste essa perfeição? Jesus mesmo o disse: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam”. Com isso, mostra que a essência da perfeição é a caridade, na sua mais ampla acepção, porque ela implica a prática de todas as outras virtudes.
Os espíritos que foram atendidos, curiosamente, ou por atração e semelhança, o mais provável, estavam todos cansados, sonolentos, desinteressados e desinformados de sua própria realidade. Imaginemos um lar, uma família, cercada e influenciada por estas vibrações. Beirarão a inutilidade. Qual família que não tem entre seus componentes um taxado de inútil. Se não falam, pensam. É este o alerta que os amigos espirituais nos fazem, mostram, explicam, e fazemos de conta que não é conosco. Como diz o ditado: pimenta nos olhos dos outros, é refresco. Se fossemos mais espertos escolheríamos este outro: quando vemos a barba do vizinho arder, colocamos a nossa de molho.
Um destes atendidos, estava diminuído, reduzido, restrito. Podemos lembrar a expressão de raiva: reduzido a pó. Isto mesmo, reduzido. Imagine a angústia de um ser nesta condição, ainda mais localizado ao lado de um encarnado, que em princípio ainda está inteiro. Coloque sua imaginação para funcionar, visualize este conflito, esta guerra vibratória, esta sucção contínua daquele que tem menos, tirando daquele que tem mais. Parasitismo total. Como fica o encarnado?
O parasitismo espiritual (ou vampirismo) é um processo grave de obsessão que pode ocasionar sérios danos àquele que se faz hospedeiro (o obsidiado), levando-o à loucura ou até mesmo à morte afirma Suely Caldas Schubert. Vampiro é toda entidade ociosa que se vale, indebitamente, das possibilidades alheias e, em se tratando de vampiros que visitam os encarnados, é necessário reconhecer que eles atendem aos sinistros propósitos a qualquer hora, desde que encontrem guarida no estojo de carne dos homens, explica André Luiz4. Suas explicações vão mai além5: após se inteirarem dos pontos vulneráveis de suas vitimas, tomam conta de seu campo mental impondo-lhes ao centro coronário a substância dos próprios pensamentos, que a vitima passa a acolher qual se fossem os seus próprios.
O caso deste espírito atendido, pequeno e reduzido, com alterações e deformações do corpo espiritual, pode ser atribuído a pós morte, ou a permanência de atitudes. Isto mesmo, sua maneira de agir já vem de longe, igual a música longe vai… longe vem…, seu responder à existência dos outros. Foi se apequenando através do tempo. Hoje, como espírito, começa a ter noção a que se auto-reduziu. Ainda se coloca na posição de vítima. Encontramos explicação desta situação com André Luiz no livro6 Libertação onde descreve a senhora de um médico, que tinha extremo cuidado com a aparência externa, apresentando-se sempre muito bem penteada e maquiada, no entanto, se mostrava como autêntica bruxa, igual à dos contos infantis, quando pela ação do sono, o seu perispírito desprendia-se do corpo físico. Em Ação e Reação7, nos trabalhos de socorro da Mansão Paz, estabelecimento situado nas regiões inferiores, mas que permanece sob a jurisdição da cidade Nosso Lar, foi recolhido um desencarnado, disforme e atrofiado… Depois de consultá-lo, o instrutor Druso afirmou que o desencarnado em questão encontrava-se sob terrível hipnose, tendo sido conduzido a essa posição por adversários temíveis, que, decerto, para torturá-lo, fixaram-lhe a mente em alguma penosa recordação. Isto nos faz lembrar de Alice no País das Maravilhas, a rainha dizendo: cortem-lhe a cabeça… cortem-lhe a cabeça…. enquanto a Alice continuava caindo no buraco.
Outro espírito atendido, nos faz refletir como é viver com alguém que esteja sob sua influência. O espírito só queria saber das coisas dele. Nada mais interessava, tinha idéia fixa em ficar com o que era seu, ou melhor, com o que fora seu. Não percebia a diferença entre estar encarnado ou desencarnado, vida e morte na matéria. Tinha somente um pensamento, agarrar o que é seu. Imaginemos este espírito grudado no cangote de um encarnado, ligado por filamentos finíssimos e delicados, sutis e invisíveis, ao seu cérebro. Todos os que convivem ao seu redor, viverão no inferno. É aquela pessoa que quer tudo para si, nada para o outro. O outro, não tem registro, não tem registro, igual robozinho do filme Perdidos no Espaço.
Todos estes atendimentos, e os relatados ao longo de meses, não aconteceram em um lugar estranho, hipotético, longínquo, improvável. Nos pertence, temos acesso, são terapias em grupo ou individuais, que acontecem semanalmente, um socorro espiritual refinado e diferenciado, exclusivo, para poucos, igual ao que usufruem ricos e famosos do mundo material. Privilégio sim. Embora nos convençamos de que somo merecedores de tamanha assistência espiritual, é sim, uma cortesia, um presente. Não somos ricos espiritualmente o bastante, para merecer tamanha riqueza. E o que cada um de nós, do Grupo Inácio Ferreira, estamos fazendo com este privilégio, com este presente?
O mote do encontro do casal principal da nova novela das seis, Novo Mundo, o que gera a cumplicidade do casal protagonista é uma barra de ouro, que aliás, depois de muita correria, caiu no mar e lá ficou. No baile de despedida da futura princesa do Brasil, os ricos e importantes convidados, foram presenteados com uma barrinha de ouro. Uma atriz quer também este presente, mas não é digna de recebê-lo então rouba-o e é perseguida junto com seu parceiro. Por que esta diferença? Uns ganham e outros são considerados ladrões, pela mesma barrinha de ouro. A resposta é que o rico, pode fazer outra festa igual e presentear no mesmo nível. Exemplo é a festa que Luciano Huck ofereceu aos ricos e famosos na virada do ano de 2017. O pobre não tem como retribuir na mesma moeda, no mesmo valor. Esta é a diferença na troca de presentes no mundo material. Há uma equivalência na troca. Se formos a uma vila rural, numa festa de casamento, não há troca de presentes. O patrão, mais rico, se quiser, manda matar um boi e faz a festa. Todos vão à festa, mas não trocam objetos como presentes. Conseguem trocar por outra festa, mais adiante.
Retornamos á questão: o que damos em troca do que recebemos, no trabalho espiritual do Grupo Inácio Ferreira, é equivalente?
A resposta está nas nossas atitudes.
O mentor, no encerramento do trabalho fez este alerta: Temos que cuidar muito dos nossos pensamentos, vigiar o que escolhemos para pensar, valorizar, focar, permanecer. As vibrações em torno da Terra estão muito desorganizadas e com isto perdemos o bom senso. Nos mantenhamos em prece, estejamos sempre agradecendo a Deus, para não captar o desconforto vibratório que nos cerca e envolve. Muito cuidado com suposições que não são reais. A falta de equilíbrio vibratório no Planeta está atrapalhando o pensamento do homem.
¹ livro William Shakespeare – Hamlet
² livro Mar de Histórias – contos Aurélio Buarque de Holanda e Paulo Ronai
³ livro: Espiritismo de A a Z, Obsessão/Desobsessão citando Suely Caldas Schubert: profilaxia e terapêutica espíritas – FEB
4 livro Missionários da Luz, André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier
5 livro Evolução em dois Mundos – André. Luiz, Francisco Cândido Xavier – Waldo Vieira
6 livro: Libertação – André. Luiz, Francisco Cândido
7 livro: Ação e Reação – André. Luiz, Francisco Cândido