REUNIÃO DE QUINTA-FEIRA, NO FEAS, 25 de agosto 2016
“ O maior poder que um homem pode possuir lhe é dado
pelo amor. Mais poderoso, é quem mais ama. A ascensão do
ser tem caminho único, o amor. Amor que pode ser sinônimo
de abnegação, de tolerância, de paciência, de perdão. O amor é o
manto que agasalha do frio, o alimento que mata a fome, o lenço
que remove a lágrima. “ Bezerra de Meneses
Não há como duvidar da ajuda dos nossos queridos companheiros espirituais, nas nossas mazelas diárias e mundanas.Tivemos provas nestes dias da presença ativa, da interferência a nosso favor feita pelos amigos que labutam conosco na Casinha de Auta de Souza. Para os mais incrédulos, podem dizer, que é óbvio que eles ajudam. Para os mais sensíveis, é surpreendente a maneira como eles nos socorrem!
Você que tem a oportunidade de fazer parte deste grupo, raciocine: porque sofrer tanto diante de tantos percalços da Vida, tendo estes amigos como companheiros de jornada, nós aqui eles ao nosso lado, invisíveis e atuantes? Não falte, venha trabalhar, deixe seus melindres de lado, peça ajuda e se deixe ser ajudado. Quem não se ajeita, por si se enjeita.
Na nossa preparação, lemos mais um pedacinho do primeiro capítulo do livro O Drama de um Desconhecido, de Luiz Gonzaga Pinheiro. O autor está narrando um atendimento com um espírito completamente envolvido na culpa e no desejo de ser punido. Foi feita a pergunta para o grupo: como você atenderia este caso? Foi muito interessante a diversidade das respostas e a percepção da dificuldade de atuação.
A culpa, ah! A culpa sempre dominando corações e limitando a libertação. A culpa impede a percepção da realidade. No atendimento, trazer o espírito para a realidade, quebrar sua cristalização é o mais importante. No caso apresentado temos que considerar a estroinice. Palavra bonita, não? Maneira de se comportar leviana, loucura ou maluquice. Sinônimo de excentricidade, maluquice, estúrdia, extravagância, singularidade, loucura, dramaticidade. Quanto bom senso o dialogador tem que ter quando está buscando uma nova possibilidade para o espírito atendido. O melhor na nossa troca de informações foram as informações dos médiuns de incorporação, que explicavam o quanto durante o atendimento procuram influenciar o atendido com novas esperanças, energias, sensações. Muito bonito isto.
O espírito referido, dizia que não poderia ter braços e pernas, para não se suicidar mais uma vez. Afirmava que merecia todas as dores do mundo e que somente sendo um aleijado dos membros, é que conseguiria saltar para a morte. Na nossa busca de sugestões aparece esta: mas você pode ir rolando no chão até conseguir cair de um precipício. São essas possibilidades de chocar pelo imprevisto que precisamos aprender a fazer para realmente quebrar cristalizações. Na próxima reunião saberemos como o autor resolveu este atendimento.
O Evangelho Segundo o Espiritismo veio completar e esclarecer. Cap. 28 III – Pelos Que Estão Em Aflição
42 –Se é conveniente ao aflito que a sua prova prossiga, o nosso pedido não a abreviará. Mas seria falta de piedade o abandonarmos, alegando que a nossa prece não será ouvida. Além disso, mesmo que a prova não seja interrompida, podemos obter alguma consolação, que lhe minore o sofrimento. O que é realmente útil para quem suporta uma prova é a coragem e a resignação, sem as quais o que ele passa não lhe trará resultados, pois que terá de passar novamente por ela. E para esse objetivo, portanto, que devemos dirigir os nossos esforços, seja pedindo aos Bons Espíritos em seu favor, seja levantando-lhe o ânimo através de conselhos e encorajamento, seja, enfim, assistindo-o materialmente, se isso for possível. A prece, nesse caso pode ainda ter um efeito direto, descarregando no aflito uma corrente fluídica, que lhe fortaleça o moral.
O trabalho desta noite tinha endereço específico. Muito embora seja um local com atividade própria, sabíamos que encontraríamos espíritos com problemas diversos da atual ocupação. Já estivemos lá, em ocasiões passadas, e sabemos da atração que a atividade profissional do lugar, exerce sobre a dor e angústias humanas. Quanto menor a qualificação da mão de obra, maior os problemas gerados.
Conseguimos uma vitória com o atendimento de uma criança. Em todas as ocasiões anteriores, esta criança chorava e não conseguíamos conversar com ela. Sempre sentada no mesmo lugar sempre chorando desesperada. Desta vez, o médium foi com jeitinho, entrando naquela redoma de dor, foi possível entabular uma conversa. Soubemos que há muito tempo atrás, provavelmente ainda na primeira casa construída naquele terreno, a criança foi abandonada por sua mãe. Os detalhes são dispensáveis. Continuava chorando e esperando a mãe retornar para buscá-la. Aos poucos conseguiu nos ouvir e o avô veio buscá-la. Não conhecia o avô, ficou meio insegura, mas aceitou ir com ele.
Em outro atendimento, mais uma vez, a técnica utilizada pelo plano espiritual nos surpreendeu. O espírito se dizia dono absoluto do lugar. Tudo era dele, tudo ele controlava e mantinha fechado e lacrado. Sem acordo. Se sentia com as mãos amarradas e que estava lá, conversando com o grupo, obrigado. Os amigos espirituais inspiraram o diálogo: ninguém o está prendendo. Suas amarras, suas mãos presas, são comandadas por você mesmo. Você é dono da chave do cadeado. É só libertar tudo o que você prendeu e amarrou, que sua mão soltará e serás um homem livre.
Somente este diálogo, repetido, repetido, nada mais. Várias vezes repetido. Ele experimentou soltar alguma coisa e sentiu um certo relaxamento nas mãos, quase imperceptível. Nem chegou a comentar, mas deu para perceber que sentiu. Com muita relutância, soltou mais algumas coisas. Libertou seus escravos. Tinha pressa em se livrar da prisão. Teve que esperar um pequeno diálogo dos amigos espirituais com o pessoal liberto. Reclamou e os chamou de ingratos e traidores. Foi alertado a entender que devia a eles um obrigado pelo serviço prestado. Continuava com pressa de se libertar. Sentia dores. Insistiu em algum acordo, queria saber qual o ganho que teria ao libertar tudo o que era dele. Foi feita uma previsão de que algo muito bom, acima do que ele poderia imaginar, seria seu premio. Soltou tudo e continuava prisioneiro. Reclamou. Faltava deixar o lugar, sair definitivamente de lá. Isto para ele era demais! Sofreu de verdade, para sair. Olhava para trás e dizia que ainda tinha coisas dele lá. As mãos foram sendo afrouxadas. Estava livre. Livre para que? Fazer o que? Ir para onde?
Pegando em suas mãos, em posição de prece, foi feita a pergunta: quando você era pequeno, quem segurava suas mãos e ensinava a rezar?
– minha avó, ela que me ensinava a rezar
– era bom ter avó, né?
– eu ia na casa dela todas as tardes, brincava no quintal, tinha pé de goiaba
– hum… goiaba é gostosa, era daquelas vermelhas? Morde esta, está gostosa…
– não é possível, o que estou vendo? Não pode ser… é ela!… Ela está me abraçando…
Daí para frente era só sorriso, guardado no colo da avó, a alma tinha o amor de uma criança….
– posso ir com ela!!?
Ao escrever esta, com o coração quente e lágrimas furtivas, lembrei de Castro Alves
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
E aí vem a lembrança de outro quadro aterrador de um ser atendido. O homem aprisionado em ferros numa masmorra. Seu pecado era saber ler, pensar e visualizar o porvir. Pensar, ser livre, era proibido, um perigo iminente para as trevas que imperavam sobre a humanidade encarnada do século XVI, meados de 1500. Sim!, Há 500 anos atrás. Hoje a humanidade tem preguiça de pensar, ontem ia a ferros por ousar pensar. O homem era o retrato da maldade humana. Cristalizado naquela dor há 5 séculos!
A grande força da Doutrina Espírita é fazer o Homem entender que a Terra só será liberta para a regeneração, quando limpar e libertar o seu passado. A DOR ainda impera sobre e dentro da Terra. O submundo, a subcrosta, o inferno existe, reunindo dor, sofrimento, culpas, atrocidades. Ninguém será livre hoje, regenerado amanhã, sem reconciliar com seu próprio passado de dor. Trabalho de desobsessão é simplesmente isto. Cada um de nós, resgatando o próprio passado, o passado da Humanidade inteira. Você que já sabe, que já conhece, que teve alguma experiência com seu passado, não adianta fugir. Está apenas empurrando suas dores com a barriga, para as encontrar logo adiante.
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro… ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!…
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança…
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
O homem, em frangalhos, foi liberto das correntes. A primeira coisa que perguntou:
– aqui tem livros?
– tem sim, muito livros, veja….
Ficou maravilhado, estava livre novamente…..
A mulher reclamava que não conseguia subir a escada. Subia todos os dias para trabalhar, mas agora não conseguia mais. A dor nos joelhos não deixava. Com as mãos a dialogadora colocou um aparelho em cada joelho e a dor passou. Que alívio!
– para que tantos espelhos? Quem é aquela velha? Não sou eu…
– é espelho mesmo? Olhe direito… será que não é você mais velha?
– não, eu não posso ficar velha… tenho que agradar os homens, deixá-los felizes….
– infelizmente você ficou velha. Não dá para deixar nenhum homem feliz
– mas sou bonita…. não sou velha….. essa velha é horrível, feia, cheia de ferida na cara….
– mas você ficou velha e morreu… agora já não está tão feia, veja…
– tem um homem que diz que pode me ajudar… não sei se posso confiar
– acho que este é o único homem que você não tem que fazer feliz e que pode confiar…
– vou confiar…
Para encerrar, meditemos nos ensinamentos de Kardec, ESE cap 25, Ajuda-te que o Céu te ajudará. “Mas o progresso que cada homem realiza individualmente, durante a vida terrena, é coisa insignificante, e num grande número deles, até mesmo imperceptível. A alma voltando, com o seu progresso já realizado, e adquirindo de cada vez alguma experiência a mais, vai assim passando gradualmente da barbárie à civilização material, e desta à civilização moral.”