Quebrando as correntes mentais

Há mais mistérios entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia. Shakespeare

Estamos mergulhados em um mundo de experiências junto ao plano espiritual que nos deixa impressionados, não temos palavras para registrar o sentimento e surpresas. Quem se aventura a trabalhar no contato com espíritos e se contenta com a rotina, os mesmos conhecimentos e conceitos, não sabe o deslumbrante mundo que está perdendo. É a mesma coisa que mergulhar no mar e não ver os peixes.

Na nossa preparação através da leitura, refletimos sobre o passado espiritual da Terra. Quando Jesus esteve presente aqui na Terra, a guerra entre a Luz e as trevas se intensificou. Basta recordar os 40 dias de Jesus no deserto sendo desafiado pelas entidades do mal. Nos lembra Inácio Ferreira¹ referindo ao que pode acontecer no mundo mental espiritual: – O grande poder mental destes espíritos, lhes dá condições da transfiguração. No episódio da tentação do Cristo, o espírito o “arrebata” ao pináculo do templo; depois, o “transporta” para o cume de um monte muito alto…

Após sua passagem, seus missionários pelos 300 anos seguintes percorreram a Terra na divulgação do Evangelho. Aos poucos as mensagens divinas foram sucumbindo, dominadas pelas trevas. Jesus previu e antecipou este momento da humanidade: Diariamente, estando eu convosco no templo, não pusestes as mãos sobre mim. Esta, porém, é a vossa hora e o poder das trevas. Lucas 22:53

O mundo se encolheu, reduziram as encarnações, bilhões de prisioneiros foram retidos na subcrosta da Terra. Lá permaneceram isolados , sem reencarnações por mil anos seguidos. O Mestre enviava seus mensageiros, que eram vilipendiados pelos dominadores das trevas encarnados. Nós estávamos lá, fazemos parte dessa massa de prisioneiros, hipnotizados e escravizados a serviço do mal. No livro Libertação², encontramos a figura de Gregório que dominava os habitantes de uma cidade localizada no interior da Terra.

Por volta do ano 1.500,0 século XVI, começa o raiar de um novo dia para a humanidade. Novos descobrimentos, novas terras, novos instrumentos e aparelhos de medidas de tempo e distância, fazem toda a diferença. A cultura e a arte aos poucos se renovam, as cores vibram nas telas, novas idéias pululam nos livros. A Bíblia sai das muralhas das igrejas e conventos e entram nas casas, nos lares, nas igrejas protestantes. A riqueza aumenta e circula em toda Europa. Surgem novas filosofias, positivismo, liberdade, fraternidade, inconsciente, subconsciente, magnetismo, espiritismo, repúblicas e democracias. Foram 500 anos de descobertas de terras e de homens.

As trevas, que mantinham bilhões de almas encarceradas na subcrosta, no Vale do Poder, localizado em toda Europa, parte da África e Oriente, precisava agir para impedir tamanho avanço da humanidade. Era preciso fazer as trevas reencarnarem em massa para abafar o progresso e a Luz que aos poucos estava tomando conta. Abriram-se as portas. Parte dos prisioneiros, são do tronco judaico-cristão a qual a maioria de nós, deste grupo de trabalho, pertencemos. Nada impede de estarmos miscigenados com o tronco ariano. A estratégia era trazer muita dor e sombra sobre a Terra, para capturar e trazer novamente para as prisões aqueles que começavam a vislumbrar novos caminhos do bem. O melhor a fazer era fomentar as guerras. A sombra, a dor , o desespero, cobriu o planeta novamente. Mas desta vez a Luz insiste em ficar. Somos os trabalhadores de Jesus para manter este facho de Luz e esperança acesos.

André Luiz² esclarece – incapacitados de prosseguir além do túmulo, a caminho do Céu que não souberam conquistar, os filhos do desespero organizam-se em vastas colônias de ódio e miséria moral, disputando, entre si, a dominação da Terra. Conservam, igualmente, quanto ocorre a nós mesmos, largos e valiosos patrimônios intelectuais e, anjos decaídos da Ciência, buscam acima de tudo, a perversão dos processos divinos que orientam a evolução planetária.

Na abertura do atendimento a médium descreveu que numa das salas do local, o chão estava coberto de armadilhas, iguais aquelas utilizadas nas florestas para grandes animais. Foi feita uma projeção de Luz para desfazê-las.

Começamos os atendimentos:

– que bom que você veio

– quem veio foi você, eu estou sempre aqui. Guardo a porta para ninguém entrar. Você viu como aos poucos não vem ninguém. Vou acabar com vocês. Ficamos aí, em frente a porta, ninguém consegue passar a porta.

– sabe que você está certo. Agora pouco à tarde, estava pensando nisto, o quanto vocês são bons no que fazem. Vocês são perfeitos, já ganharam promoção por tanta eficiência? Porque quem trabalha bem como vocês por certo são promovidos.

Enquanto isto, jogávamos muita luz e magnetismo no frontal e cardíaco. Sentíamos sair pelas mãos muito calor e energia. Uma companheira de trabalho veio reforçar as energias sobre a entidade.

– nós não temos prêmios, fazemos o serviço direito. E você? É promovida quando trabalha aqui?

– meu premio, minha promoção, não é vista por fora. Sinto uma alegria, um calor, tudo brilha dentro de mim. Essa sensação dura enquanto consigo mantê-la, é muito boa. Você também se sente assim? Fica alegre por dentro? Se sente brilhar? Porque você é realmente bom no que faz e precisa ser reconhecido. Seu chefe te elogia? Ele tem que te elogiar, você é muito bom…

– nós aqui fazemos o que temos que fazer, tomamos conta da porta, não deixamos ninguém passar, é só isto. E não fique mexendo nos meus sentimentos, no meu passado. Fala e se contorce um pouco.

mas nem sua mãe pode vir aqui te cumprimentar e dar os parabéns? A sua mãe e as mães de todos que estão junto com você.

– aqui não é lugar de mãe. O chefe não vai deixar. Fale para elas irem embora

– então vamos para o jardim. Aqui no jardim o chefe não vai poder dar bronca. Sinta o cheiro das flores.

– nossa, quantos bancos, que bonito! Não gosto de cheiro das flores. Mas como cabe todas mães aqui?

– então sinta o cheiro destas ervas verdes; hortelã, coentro, erva-doce… Hum, sente o cheiro de canela! Lembra quando sua mãe fazia leite com canela!?

– leite quente com aquela espuminha com canela…

– mingau com canela por cima, bem quentinho, comendo pelas bordas…

– é, mingau de Maizena! …..

– veja a mesa postas para todos vocês e suas mães. Vão até lá se servir…

– as mães é que fizeram tudo isto para nós ?!….

– Sim, acompanhem suas mães, vão em paz.

Neste atendimento, todo o grupo está hipnotizado dentro de uma idéia única. Não percebem passado e futuro. Somente o presente estático. Fizemos um retorno sensorial para o passado, despertando todas as sensações e quebrando as correntes mentais.

Outro espírito chega e iniciamos o diálogo:

Estava no canto da sala, perto do caixa. Se arrastava pelo chão. As costas já estavam se transformando no aspecto de um réptil, um dragão. A pele estava grossa, transformando-o em um bicho. Seu estado era deplorável. O sentimento de culpa foi sua derrocada fatal. Soltava uma baba viscosa, repugnante.

Contou que quando morreu, deixou uma grande dívida em dinheiro. As pessoas lesadas lhe desejaram punição. Foi aprisionado no plano espiritual. Ao tentar fugir, quebraram-lhe as pernas. As pernas adoeceram e aos poucos estão perdendo a forma, ele está mais parecido com uma cobra que se arrasta pelo chão. Sua função é incomodar as pessoas que entram na sala e chegam até o local em que ele está. Ao se aproximar alguém, ele se arrasta até a pessoa e transmite suas energias deletéricas e depois volta para seu canto. A pessoa se sente mal e sai de lá. Ao mesmo tempo tinha uma criança em péssimas condições, estava tão mal qual o espírito que parecia uma cobra,  no local da mesa  do caixa.

Foram tratados. Ele, desligado da hipnose, recuperou sua forma humana e foi levado para tratamento e esclarecimento.

O posicionamento estratégico destes espíritos doentes, dentro da sala, realmente tem atingido em cheio algumas pessoas da Casa. Influenciar com suas doenças e deformações deixa os encarnados em péssima situação vibratória.  Muitos encarnados trabalhadores de Casas espíritas não estão atentos ao universo espiritual em que atuam. Encontramos explicações sobre estas aberrações e estados doentios dos espíritos com Andre´Luiz²  Entre aquele que já se acerca do anjo e o selvagem que ainda se limita com o irracional, existem milhares de posições ocupadas pelo raciocínio e pelo sentimento dos mais variados matizes.

Caso bem interessante este que atendemos:

fico lá, em cima dos livros. Cuido para eles não estragarem. Não deixo ninguém mexer. Eles estão sem nenhum amassadinho. Fica tudo bonito, a prateleira bem colorida…

– e você não lê os livros?

– não, só obedecemos o chefe. Ninguém pode ler os livros, nós não deixamos…

– você sabe as conseqüências do que você está fazendo para suas vidas futuras?

– não vou reencarnar tão cedo…

– veja teu futuro (mostra magneticamente)  Olha o que te espera, depois não vá reclamar dizendo que Jesus não cuida de você. Nós estamos te mostrando e avisando. A escolha é sua…

– não ligo, estou obedecendo meu chefe, não vou reencarnar, é só isto que sei fazer mesmo, …….

– é, mas seu chefe lê todos estes livros, conhece tudo o que é ensinado neles?

– ah, é!?

– quando vocês reencarnarem, seu chefe vai ser professor de universidade, andar de terno e gravata, de nariz para cima, olhar para vocês todos, capinando o jardim, com desdém de superioridade…

– mas eu só sei fazer isto…

– vamos ver seu passado, veja o que você já consegue fazer, o que já conhece….  Pegue um livro fininho, abra e veja o que tem lá dentro….  Você está vendo aquele banco lá? Tem um livro em cima dele brilhando. Vá lá, abra o livro…..

Inácio Ferreira¹ nos explica: – esses obsessores “miúdos”, encontrados a varejo, são marionetes de obsessores altamente intelectualizados, que pretendem algo maior: comprometer o futuro da Humanidade! Esses que, em maioria, se comunicam nas sessões de desobsessão dos centros espíritas, são doentes dignos de piedade – cegos de ciúme, excessivamente apegados aos bens materiais ou entregues aos prazeres efêmeros da existência – são as maiores vítimas de si mesmos! No organismo moral da Humanidade não passam de pequenos “furúnculos” que, ao terem seu ódio ou desilusão lancetados, começam a cicatrizar. Aqueles outros, que os dominam, se comparam a tumores de alta malignidade, com metástases em órgãos de importância vital. O Mal é muito organizado. As Trevas possuem hierarquia.

Este outro atendimento é de colocar as barbas de molho e o cabelo em pé!

A Especialidade do espírito é fazer jorrar no chão daquele local da casa todos os pensamentos e sentimentos ruins que cada pessoa carrega dentro de si. Cada pessoa que ali entra, descarrega as suas sujeiras, gosmas, negritude pelo chão. O ambiente miasmático se torna insuportável.

No livro 1/3 da Vida³ tem um relato de uma limpeza energética de um encarnado, durante o sono, no Hospital Esperança. Após descrever toda a assepsia e preparo dos técnicos para o procedimento, nos relata: … imediatamente começou a sair do chacra cardíaco, no perispírito, uma grande quantidade de matéria cor avermelhada que se parecia com sangue. Era a matéria mental da mágoa se derramando em doses impressionantes. Não é sem razão que a mágoa é como uma ferida no coração.

Dois auxiliares pegaram espátulas e gases e começaram o serviço de assepsia com rigoroso cuidado, depositando toda aquela matéria viscosa em potes apropriados e com rótulos. O cheiro obrigou a todos o uso de máscaras. Não há melhor comparação para aquele cheiro que carne estragada, pois é isso que a mágoa faz com os corpos sutis, ela dos deteriora. Cria células espirituais com vida própria que, com o passar do tempo, podem se materializar na corrente sanguínea. Enfermidades causadas pela mágoa e pela culpa eram, disparadamente, os casos mais atendidos.

Demos boas vindas a outro espírito. Na verdade eram muitos que estavam aprisionados em algum lugar. Estavam aos pedaços. Somente dor e desespero. O espírito nos contava que eram muitos sofrendo, e estava preocupado porque tinha uma criança entre eles. Era um bebê bastante machucado também.

Nós, dois ou três participantes, nos juntamos, para emitir muitas energias e ectoplasma. O dialogador, aos poucos, foi refazendo a forma corporal dos atendidos. Eles eram cacos corporais.  Por fim todos estavam inteiros e foram conduzidos para o hospital.

Como nos ensina André Luiz² Um reino espiritual, competitivo e atormentado, cerca a experiência humana, em todas as direções, intentando dilatar o domínio permanente da tirania e da força.

Ainda ficou um grupo grande, no canto esquerdo, nos fundos  da sala que não foi possível entabular uma comunicação. Vamos dar continuidade aos trabalhos na próxima semana. Como elucida Inácio Ferreira¹, – A pressão que os espíritos exercem sobre os homens na Terra não é apenas de ordem psíquica. Infelizmente, os espíritos obsessores convivem muito proximamente com os encarnados, em estreito processos de simbioses, em autentico vampirismo.

No final, momento dos mentores, ouviu-se esta música:

Nesta casa tem quatro cantos,

Em cada canto tem uma flor.

Nesta casa não entra maldade

Nesta casa só entra amor

Obs: no atendimento da quarta-feira nos deparamos com duas situações próximas. Um atendimento foi de um cavaleiro ingles, que viveu no século 15 e ficou prisioneiro.

Outro grupo era de mulçumanos, presos a se perder no tempo, que apenas conseguiam clamar por Alá. Não viram o tempo passar, estavam aprisionados, mentalmente estagnados.

O soldado chega montado no seu cavalo, todo paramentado

– veja como meu uniforme é lindo, foi feito à mão

Conta que é um soldado inglês, vive no século 15 e foi com o exercito invadir algum lugar da África. Lá caíram numa cilada e ele ficou preso nas correntes por muito tempo. Um amigo o ajudou a fugir das correntes e eles estavam juntos.

– em que ano você está?

-século 15

– o tempo já passou, estamos em meados do 21. Vou te mostrar algumas coisas…

– que roupas são estas que vocês estão usando?

– são as nossas roupas de hoje, o tempo passou e as roupas mudaram

– que máquinas são essas? São estranhas…

– Muita coisa mudou.

– é, mas ainda estou preso às correntes… sinto o peso delas…

Foi solto das correntes.

– Agora você e seu amigo podem fica aqui conosco para entender o que aconteceu.

Almas aprisionadas por séculos, não são exceções. Aos poucos vão sendo resgatadas, trazidas dos rincões dos séculos para recomeçarem sua jornada. Mentalmente ficaram paradas no tempo e no espaço de confinamento. Como afirma Maria Modesto Cravo5somente na doutrina essas almas sofridas e angustiadas encontrarão o lenitivo e as respostas para muitos de seus dramas. Além do que, são portadoras de habilidades fundamentais que, se bem direcionadas, serão vitórias para o bem da causa que nos une.

O interessante foi um senhor, bem idoso, que chorava e clamava aos céus pedindo para morrer. Não agüentava mais, não queria dar tanto trabalho para os filhos. Gritava sem parar que queria morrer. A dialogadora, com muita dificuldade de ser ouvida, porque ele não parava de clamar aos céus a morte lhe disse

– você já morreu

– sua mentirosa, não morri nada….

– quero morrer, preciso morrer, não agüento mais, estou dando trabalho para minha família

– veja onde você está

– se eu morri, como é que não estou no colo de Jesus?

Não era possível prosseguir o diálogo, ele não deixava, não ouvia. Outro dialogador chegou com voz mais grossa e autoritária e falou

– você já está morto, veja seu corpo sem vida…

– morri nada, estou sentindo meu corpo, estou doente, como é que já morri!?

– você já está morto, veja o seu corpo

Viu, silenciou um pouco e contestou

– então veja o seu féretro. Acompanhe o cortejo. Veja o caixão ser enterrado…

– mas ainda estou num hospital

– sim, você vai ser tratado para se recuperar.

Há quanto tempo este homem estava chamando a morte? Não fosse esta oportunidade de incorporações e diálogo, quanto tempo permaneceria ainda junto aos familiares, chorando, agoniado, desejando morrer? Quantos familiares recebendo sua influência não estão também neste estado vibratório. Bendito seja o trabalho espiritual na Casa Espírita!

Emmanuel4 afirma: … a maioria das entidades comunicantes são verdadeiros homens comuns, relativos e falhos, porque são almas que conservam, às vezes integralmente, o seu corpo somático e cujo habitat é o próprio orbe que lhes guarda os despojos e as vastas zonas dos espaços que o cercam, atmosferas do próprio planeta.

¹ livro Anjos Decaídos, Carlos Bacelli e Inácio Ferreira

² livro Libertação, Francisco Candido Xavier e André Luiz

³ livro  1/3 da Vida, Wanderley de Oliveira e Hermance Dufaux

4  livro  Emmanuel, Chico Xavier

5  livro  Os Dragões, Wanderley de Oliveira e Maria Modesto Cravo

 

 

 

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