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grupo de EXPANSÃO DA MEDIUNIDADE Maria de Nazaré
terça-feira, 13 de junho de 2023, às 19:30 horas
PORQUE EM VERDADE VOS DIGO QUE, ATÉ QUE O CÉU E A TERRA PASSEM, NEM UM JOTA OU UM TIL SE OMITIRÁ DA LEI, SEM QUE TUDO SEJA CUMPRIDO. (Mateus 5/18)
Tem noites que o trabalho espiritual é tão intenso que não sabemos por onde começar a contar. Esta noite foi uma delas. Vamos contar somente a preparação e as mensagens. Depois enviaremos os detalhes dos atendimentos.
Quando o trabalho acabou, ficamos conversando por um bom tempo, contando as experiências, admirados com o que vimos, ouvimos e ficamos sabendo.
Já começou com a preparação. Como sempre, vamos nos expandindo até sentir que somos duas pessoas. Uma que tem corpo material e está sentada na cadeira e outra que está se lançando para andar pelo CISCOS.
Fizemos uma explicação do porque apenas um milhão de pessoas na Terra se arvoram com o direito de vida e morte de oito bilhões de encarnados. Esse pequeno grupo, sabe muito mais do que o restante, que a vida continua depois da morte e que estar encarnado é apenas um detalhe nas suas trajetórias de poder sobre a Humanidade. O vulgo comum, os oito bilhões, estamos preocupados com o que vai acontecer depois da morte. Enquanto que essa minoria líder, poderosa, sabe que depois de mortos vão continuar a dominar e mandar. Enviar sobre eles, e para eles, energias ruins, negativas, é tudo o que querem. Se alimentam do mal, verdadeiro caviar no almoço e na janta.
Entendido que somos espíritos eternos, em evolução, aprendendo sempre e que no momento estamos no aprendizado de ter um corpo, nos facilita para o desprendimento do corpo e passeio como ser espiritual.
Começamos com o exercício da respiração. Dava para perceber que a nossa volta, tinha inúmeros espíritos recebendo as energias que saiam de nós na direção deles. Eles respiravam e absorviam o que precisavam para se recuperar.
Após a respiração cadenciada, começamos a prestar atenção em todas as pessoas vestidas de branco, trabalhando, andando pelo salão do CISCOS. Cada um de nós foi vendo o que sintonizava, totalmente livre para andar e observar.
Até que vimos um holofote, com uma luz intensa, lá no jardim. Aquele holofote era um comando em si mesmo. Fomos para o jardim e percebemos grupos diversos, reunidos, conversando. Tinha índios, hindus e muitos outros.
Todos agradecemos os dirigentes do CISCOS, a Maria de Nazaré, ao Mestre Jesus, ao Pai e a Perfeição do Universo.
Passaram 20 minutos para essa preparação. O que parece demora, é agilmente compensado na condição dos médiuns, que trabalham com maior eficiência e presteza.
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Passamos a conversar sobre o capítulo 19 do livro LIBERTAÇÃO de André Luiz. Matilde, espírito iluminado, avisa Margarida que vai reencarnar como sua filha e quando adulta terá o Gregório como filho. Matilde dá um verdadeira prensa na Margarida, para que eleve as vibrações de seu lar, se prepare para o que vem pela frente e que não fique vaidosa com a experiência espiritual que estava tendo.
Todos nós somos um pedaço da Margarida com um passado comprometido e necessitando de muito trabalho no bem para melhorar nosso próprio destino.
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Conversamos também sobre o retorno dos atendimentos do grupo Inácio Ferreira, para os trabalhadores do CISCOS. Vamos unir a assistência de Maria de Nazaré com a experiência em atender nosso passado, de socorrer, do grupo de Inácio Ferreira. São tarefas parecidas, mas bem diferentes na sua execução e seleção dos espíritos atendidos.
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MENSAGEM DE ABERTURA DO TRABALHO
“- Boa noite a todos!
A palavra de hoje é RECONCILIAÇÃO. Reconciliação com o seu passado. Aprender a olhar para frente. Somente para frente para seu objetivo e se tornar uma pessoa melhor, saber quem é você realmente e dar os próximos passos.
Porque somente caminhando você sairá do lugar. Deixa as amarras, deixa a curiosidade, deixa os problemas no passado e lá ele morrerá.
Veja o que está adiante, e prossiga o seu caminho com fé em Deus que sempre lhe acompanhará.
Que assim seja!”
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Os atendimentos foram muitos. Vamos relatar alguns deles.
A mulher está muito aflita procurando suas joias no quarto. Abre gavetas, procura debaixo da cama, reclama que as gavetas estão vazias, tiraram suas roupas do guarda-roupa e as caixas que ficaram debaixo da cama não estão mais lá. Continua muito agitada procurando, procurando suas joias.
– que idade você tem?
– 80 anos
– não tem mais joias aí
– são minhas joias!
– você já morreu!
– não posso sair do quarto. Vivo aqui faz 80 anos! Não tenho roupa para sair lá fora.
– em que ano você está?
– 1860
– faz um século e meio que está aí procurando suas joias. Muita gente já falou isso para você
– duas criadas minhas já falaram isso pra mim, que eu já morri. Um século e meio que estou aqui!?
– olha onde você está AGORA, olha ao seu redor, veja quem está aí
– aqui é uma casa branca, cheia de gente andando. Não tenho roupa para ficar aqui! Você não sabe que sou uma duquesa? Que roupas estranhas estão vestidas aqui.
– olha para essas moças que estão aqui para te ajudar
– estão lindas! Eram minhas criadas. Elas sempre vinham conversar comigo lá no quarto….elas falaram que vou aprender muita coisa aqui, está tudo muito diferente…
– você é inteligente, vai aprender as coisas novas bem rápido
– inteligente acho que não sou. Fiquei todo esse tempo presa lá no quarto procurando minhas joias (ri). Agora vou seguir com elas. Obrigada.
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Na preparação, que misturou expansão vibratória, comentário sobre poderosos, o capítulo 19 que Matilde avisa que virá para ser mãe de um chefe das trevas e que precisa muita base para não se perder, aparecia um dragão no meio da sala.
A médium, que o recebeu, nos contou que com a preparação se sentiu livre para caminhar pelo CISCOS, sentir as energias que eram trocadas, ver os trabalhadores, fez com que se entregasse completamente ao trabalho sem raciocinar sobre o que estava acontecendo. Isto facilitou se sentir como o dragão. Enorme, não falava, se comunicava pelos olhos. Durante o diálogo foi sentindo que o couro das suas costas com todas as pontas ao longo, foi sendo tirado. Ia diminuindo, murchando, voltando á forma humana.
– vejo que você está com dificuldade de falar, meio angustiado
– não quero falar, não preciso falar. Quero apenas o poder. Eu dou as ordens e todos me obedecem.
– agora você vai ser tratado, limpo dessas energias negativas. Vai dormir e receber um longo tratamento.
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O espírito ficava no bar, sentava nas mesas junto com o pessoal, bebia junto, participava da conversa.
– você não faz outra coisa? Não tinha um trabalho antes?
– não. Só fico no bar, nas mesas, bebendo junto, me divertindo junto. Não quero outra vida
– desde quando você vive assim?
– desde que morri em 1942
– agora chegou a hora de você mudar de vida…
*
– preciso encontrar minha pedra de diamante bruto. Ela caiu na lama
– agora você não precisa mais dessa pedra
– preciso pegar a pedra. Me segura pelas pernas que vou entrar na lama para procurar e pegar. Tem que me segurar para não me afundar
– porque você precisa tanto dessa pedra.
– eu era garimpeiro. Olha lá aquela casa e aquela pedreira. Eu e meus garimpeiros garimpava lá. Eu tinha uma pedra pequena. Meu parceiro encontrou essa pedra grande de diamante. Preparei uma emboscada, matei os dois e fiquei com a pedra. A pedra caiu neste lamaçal, preciso pegar a pedra.
– vou pegar a pedra para você.
– não! Aí você não vai querer me entregar a pedra!
– você vai ver que não tem mais valor. Olha aqui a pedra (joga a pedra longe)
– minha pedra! Você jogou!
– presta tenção onde você está. Veja que aqui não precisa da pedra, ela não tem valor aqui….
*
Um índio enorme se posta ao lado da médium. Vai conversar com o dialogador. Muito alto, com apenas uma pena branca amarrada no alto da cabeça, com um pano branco passando pela testa.
Ele explica que tem a capacidade de ler os pensamentos do dialogador. Faz várias recomendações para usar a força que tem, seu conhecimento de muito tempo atrás, quando foi um cacique e sabia lidar com as energias das plantas.
Fala uma coisa interessante. Com a força mental que este trabalhador tem, ao longo da vida, ao conversar com as pessoas, foi deixando palavras gravadas em suas memórias. Essas pessoas, mesmo distantes, recordam do que ouviram, lembram dele e formam uma colcha de retalhos de bons pensamentos distribuídos.
Agora tem mais para aprender e exercitar. Precisa se desligar do passado, deixar para trás, e trabalhar o novo no presente, para poder ajudar mais no trabalho espiritual que acontece no CISCOS.
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Aconteceu uma CONSTELAÇÃO FAMILIAR ampla neste atendimento
– estou aqui na estação esperando o trem. Preciso mudar de vida, ir pra longe
– o que aconteceu aí na estação?
– vejo dois homens brigando lá na plataforma, na beirada. Me aproximo e vejo um homem caído na linha do trem. Algo bate em mim, minha cabeça dói. Estou sentado na estação de trem.
– presta atenção. O que aconteceu com você? Porque sua cabeça dói?
– o homem veio correndo atrás de mim e bateu na minha cabeça… sangue… uma faca… dói muito
– o que mais você vê?
– tem uma mulher gritando, nervosa, agitada, fica falando comigo, me acusando, gritando, não sei quem ela é
– deixa essa mulher falar com a gente. Se afasta um pouco e deixa ela entrar para conversar
– entrar aonde?! Não estou entendendo
– se afasta um pouco, dá um passo para trás e deixa ela entrar no seu lugar
– não sei, não entendi, ela está aqui ao meu lado muito nervosa…
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– porque você está tão nervosa assim? Para quê viver sofrendo deste jeito esse tempo todo?
– (chora desesperadamente) ele me abandonou, eu estava grávida e ele não quis saber de mim e do nosso filho
– já faz muito tempo. Porque você não se permite viver melhor? Porque tem que viver nesse sofrimento sem fim? Ele nem se lembra de você.
– (diminui o choro, fala um pouco menos agitada) Ele me abandou, não quis saber de mim, me deixou. Eu sonhava viver ao lado dele, ter uma família
– isso faz muito tempo, ele já morreu, nasceu de novo e não lembra de você . Você se mantem no sofrimento. E seu filho?
– meu filho… abortei… minha mãe não quis que eu tivesse…tomei um chá e abortei…Fui fraca, devia ter lutado pelo meu filho. Ele está aqui ao lado. Me perdoa meu filho! (chora)
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– tem muita gente nessa história
– o assassino dele na estação de trem, foi meu pai na outra vida.
– e agora ele matou o rapaz. Tem o outro rapaz que caiu na linha do trem
– nesta vida meu pai era ainda jovem, eram mais ou menos da mesma idade. Eu ficava atormentando ele para a vingança. Tanto atormentei que ele foi lá e o matou com a faca.
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– vocês todos precisam se tratar. Vão passar por uma terapia. Tem muito mais gente envolvida nesta história, no passado de vocês. Todos serão tratados
– estão falando aqui pra mim, que vamos fazer terapia de grupo. O primeiro exercício cada um vai escrever num papel o que sente. Depois vamos trocar esses papeis entre nós para ler em voz alta. Assim já ficamos sabendo como é o sentimento de todos. Tem muita gente aqui.
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Este atendimento é um exemplo do que é EMARANHADO. O passado atuando diretamente no destino das pessoas, causando novos compromissos, que interferirão do mesmo modo nos destinos dos envolvidos. Ao invés de resolver, resgatar, solucionar, o EMARANHAMENTO continua cada vez mais fazendo males e prejuízos.
Durante alguns anos, no grupo Inácio Ferreira, muitos destes EMARANHAMENTOS foram desfeitos. Nem sempre entendido por nós que recebemos a dádiva de limpar nosso passado. Muita gente beneficiada, por não ver um assunto material resolvido de pronto, não deu a devida importância ao trabalho de limpeza do passado realizado.
Os mentores do CISCOS tem insistido que através do socorro espiritual que participamos, nossa passado vai recebendo créditos, e muitos débitos são aliviados. A sugestão da volta do grupo Inácio Ferreira partiu dos amigos espirituais. A intuição, o sonho, a sugestão foi dada para vários de nós, praticamente na mesma noite ou na mesma semana!
Vamos recomeçar o grupo Inácio Ferreira em julho para os trabalhadores na ativa no CISCOS.
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Ele esta escavando, procurando objetos do passado. É arqueólogo
– preciso continuar cavando. Aqui tem muitos objetos da antiguidade
– o que aconteceu?
– não sei, parece que a areia cobriu os objetos
– você está sozinho?
– estou com minha equipe…. parece que estou sozinho… não estou entendendo
– aconteceu alguma coisa, com o que vocês trabalhavam?
– com máquinas, umas tecnologias… uns produtos proibidos…
– será que aconteceu alguma explosão?
– não sei… a gente estava encontrando um objeto diferente, brilhante, parecia vir de outro mundo…
– naquele lugar você não está mais. Agora preste atenção onde está. Aqui tem muita coisa nova, tecnologia diferente que facilita encontrar as coisas debaixo da terra sem precisar escavar tudo.
– estou vendo… nossa! Tem muito aparelho que não conheço! Tem gente diferente aqui, parecem de outro mundo. São muito diferentes… eles falaram que estão aqui para ajudar o Planeta a evoluir
– você vai ficar aqui e aprender coisas novas
– quero ficar! Quero trabalhar com eles! Preciso aprender! Posso ensinar?!
– tem muita coisa para fazer
– (abaixa a cabeça com humildade) tenho que aprender muita coisa…
Quando o espírito falou que havia encontrado alguma coisa diferente enterrada, a médium viu uma capsula tripla, com muito brilho, que tinha dentro uma cor azul muito brilhante. Por intuição, a médium percebeu que ele encontrou alguma coisa que não era para encontrar, não é tempo ainda. E o que ele viu de seres diferentes, realmente tem muita gente vindo de outras dimensões trabalhando com as equipes espirituais.
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MENSAGEM DO ENCERRAMENTO DO TRABALHO
“- Boa noite meus queridos. Trabalhar o passado às vezes não é tão fácil.
Às vezes está puxando a linha em cima, às vezes está puxando alinha embaixo, quando você vê, está um emaranhado de nó, que você não sabe onde afrouxar para soltar.
Esse passado tem que ser bem trabalhado para que o futuro possa correr com mais facilidade, porque dissolvendo os nós que estão atados, a gente dá aquele pulo pra frente.
E é assim, envolveu o passado, fica no passado. É você que tem que ter maturidade suficiente de deixar seu passado em linha reta, sem emaranhado e se voltar para frente e encarar novos caminhos. É preciso ter maturidade para esquecer e tirar esse nó que precisa ser desatado.
Senão, esse nó do passado fica no PRESENTE. Você fica no meio do emaranhado e não consegue sair. Então tem que mexer um pouquinho aqui, outro pouquinho lá. Descobrir qual a melhor maneira, onde passam os fios emaranhados e aí é só beleza, é só alegra de ver o futuro, cumprir as suas missões, cumprir as suas tarefas com alegria, com vigor.
Isso não é fácil de conseguir, não! Estou falando para vocês entenderem o quão importante é desatar esses nós para que possamos ver qual o caminho que a gente vai!
Ver o caminho que leva à luz, o caminho que leva à felicidade do crescimento moral .
Então é muito importante resolverem essas questões do passado para se voltarem para o PRESENTE e ver seu horizonte no futuro.
Ficamos muito felizes com os trabalhos que foram feitos hoje e isso vai dar carga para vocês também resolverem suas questões em alguns trabalhos futuros que nós já estamos começando a planejar.
Podem contar conosco e que tenham muita fé que o trabalho será feito.
Voltem bem para seus lares!”
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RESUMO DO CAPÍTULO 19 DO LIVRO LBERTAÇÃO DE ANDRÉ LUIZ E CHICO XAVIER
Matilde recomendou a Elói trouxesse Margarida àquele plenário amoroso, deixando perceber que pretendia consolidar-lhe o equilíbrio e fortalecer-lhe a resistência.
Margarida desligada do envoltório denso, foi trazida. Mostrava passo vacilante e estranho alheamento no olhar, revelando a semi-inconsciência em que se demorava.
Tão depressa se acolheu no regaço da benfeitora que a envolvia em doce ternura, reagiu, favoravelmente, contemplando-nos, então, assustadiça. Parecia acordar, pouco a pouco…
Reparei, que Matilde lhe aplicava recursos magnéticos sobre os condutores nervosos do órgão de manifestação do pensamento, tanto quanto ao longo de toda a região do simpático.
Margarida expelia, através do tórax e das mãos, fluidos cinzento-escuros, em forma de vapor tenuíssimo, a desfazer-se no vasto oceano de oxigênio comum.
A certa altura do singular processo de despertamento, a jovem senhora abriu desmedidamente os olhos, qual criança espantada, e fixou-nos com expressão de assombro, ensaiando movimentos de recuo e pavor. Mas, em se voltando para o semblante doce e iluminado da benfeitora, aquietou-se, brandamente, como que magnetizada por indefinível amor.
— Mãe! Querida mãezinha!
— Sim, minha filha, sou eu — disse a interlocutora, afagando-a com extremado afeto —; o amor jamais desaparece! A união das almas vence o tempo e a morte.
— Mãezinha querida, estou cansada e infeliz!
— Quando a boa luta apenas começa? — perguntou Matilde, sorrindo.
— Sinto-me cercada de inimigos sem entranhas. Devo ser atormentada dia e noite.
— Margarida, viver no corpo terrestre, entendendo os deveres divinos que nos cabem, não é tão fácil. Todos possuímos culposo pretérito a redimir. Para isto, no entanto, é indispensável se abra o coração ao clima interior da bondade e do entendimento. Modifica as mais íntimas disposições, com referência aos adversários. Enche as tuas horas de trabalho salutar com a possível harmonia, fonte de toda a beleza.
— Mãezinha querida, ensina-me a continuar. Desejo honrar a bendita oportunidade que recebi!
— Não procures ser atendida em todos os teus desejos — falou a benfeitora, suavemente —, mas procura servir. Ajuda, antes de procurares auxílio. Compreende, sem exigir compreensão imediata. Desculpa os outros, sem desculpar a ti mesma. Ampara, sem a intenção de ser amparada. Dá, sem o propósito de receber.
Chegou, entretanto, o momento em que a benfeitora se revelou interessada em despedir-se. Antes, porém, cravou o olhar muito lúcido na ex obsidiada e falou-lhe, resoluta:
— Margarida, agora que reténs, tanto quanto possível, regular consciência de ti mesma em nossa esfera de ação, ouve o apelo que te endereçamos. Não suponhas que te visito pelo simples prazer de consolar-te, o que seria talvez induzir-te ao caminho da despreocupação irresponsável que nunca nos dirige à verdadeira paz. A finalidade divina há de ser, em tudo, a alma de nossa ação.
Ante a expressão de surpresa que a tutelada de Gúbio estampava no semblante inquieto, Matilde continuou:
— Em breves anos, voltarei também ao círculo de lutas em que te debates.
— Tu? — gritou Margarida, apalermada, ante a perspectiva de renascimento carnal para o ser iluminado que se mantinha à nossa vista — Porque te seria imposta semelhante pena?
— Não te guardes em tamanha incompreensão da lei do trabalho — ajuntou a mensageira, sorrindo —; a reencarnação nem sempre é simples processo regenerativo, embora, na maioria das vezes, constitua recurso corretivo de Espíritos renitentes na desordem e no crime. Além disso, todos temos doces laços do coração, que se demoram, por muitos séculos, retidos ao fundo do abismo. É indispensável buscar as pérolas perdidas para que o paraíso não permaneça vazio de beleza ao nosso olhar. Depois de Deus, o amor é a força gloriosa que alimenta a vida e move os mundos.
A benfeitora fitou a jovem senhora, enlevada, fez pequena pausa e aduziu: — Em razão disto, espero não desconheças a santidade do ministério maternal, na orientação dos Espíritos renascentes. Nossas melhores possibilidades se perdem na “esfera do recomeço”, por falta de braços decididos e conscientes que nos guiem através dos labirintos do mundo.
O esquecimento temporário me acompanhará, nos abafadores das células físicas, mas o êxito desejável somente me felicitará se eu puder contar com a tua orientação robusta e vigilante.
Defende o teu corpo, como quem preserva um recipiente sagrado para o serviço do Senhor e espera-me em tempo breve. Viveremos mais juntas, na peregrinação meritória. Nos abençoados elos do sangue seremos mãe e filha, de maneira a aprendermos, mais intensamente, a ciência da fraternidade universal. Realmente, Margarida, o meu retorno ser-te-ás sacrifício doloroso ao corpo frágil e delicado; todavia, ajuda-me na sementeira renovada para que eu te seja útil na colheita infalível. Não me recebas, nos braços, por boneca mimosa e impassível.
Logo que me sintas nos braços, não me relegues à garridice e à inutilidade, a pretexto de guardar-me em maternal proteção.
Não comprometas, por bagatelas, o êxito espiritual que a experiência te pode oferecer. Estás livre dos males exteriores, mas ainda te não libertaste dos males próprios.
Matilde, encaminhando-se para Gúbio, restituindo, naturalmente, ao nosso orientador as forças que lhe subtraíra, em caráter temporário, explicou, discreta, o trabalho que planejara para as horas seguintes, asseverando que nos esperaria em paisagem próxima.
Deveríamos partir todos, na direção dos círculos mais altos com escala em um dos “campos de saída” da esfera carnal.