Porque não vim resgatar justos, e, sim, pecadores.

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grupo de EXPANSÃO DA MEDIUNIDADE Maria de Nazaré

terça-feira, 9 de maio de 2023, às 19:30 horas

Depois da nossa preparação para ampliar as percepções e intuições, do nosso estudo, aconteceram coisas surpreendentes. Várias mensagens, atendimento de tantos espíritos que não deu para contar, depois um trabalho energético, feitos por índios, que foram limpar o nosso passado longínquo, tanta coisa acontecendo que tivemos que organizar nosso espanto ao término do estudo e exercício de EXPANSÃO DA MEDIUNIDADE.

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Eu vos afirmo que, da mesma maneira, haverá muito mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não carecem de arrependimento.

O amor, cobre a multidão de pecados.

O Sol brilha sobre justos e injustos.

Misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque não vim resgatar justos, e, sim, pecadores.

(Jesus)

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Na nossa preparação exercitamos a respiração. Quando respiramos bem, acionamos a Pineal, que aciona por sua vez nossa mediunidade.

Este trabalho que fazemos de socorro aos espíritos que sofrem, precisa cada vez mais de trabalhadores afinados com os mentores e trabalhadores espirituais. Exercitar a respiração e a Pineal faz parte da nossa tarefa, não é algo a parte. Tem que ser constante durante todo o trabalho.

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O trabalho desta noite, nos surpreendeu!

O estudo do capítulo 14 do livro Libertação já é um exercício de elevação vibratória. Lá não existe o bom e o mau, todos somos iguais no processo de nossa evolução. Não existe pecador, apenas nos desviamos, principalmente quando a dor é maior do que imaginamos ser capazes de suportar.

O que acontece com todos nós diante de uma grande dor, é digno de refletir. Na hora que está doendo muito, ficamos desnorteados e geralmente nos perdemos. Primeiro ficamos com muita dó e pena de nós mesmos, Depois acreditamos que não merecemos tal castigo. O outro poderia suportá-lo, nós não. Depois passamos a sentir o direito da revolta, blasfêmia, imprecações. E para estragar de vez nossos passos e destino, achamos que temos o direito a alguma desforra.

A partir daí, passamos a viver no inferno de verdade. O pior é que acreditamos que será para sempre, não tem volta.

Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Nos ensinou Jesus, quando esteve andando entre nós aqui na Terra, pisando no nosso chão empoeirado, com suas sandálias sujas de terra.

Neste capítulo, os depredadores, os maus, os que queriam matar a Margarida, na verdade passavam por sofrimentos atrozes dentro dos seus corações amargurados e cheios de amor.

Gúbio resgata o amor, a esperança, a vontade de amar e aos poucos liberta cada um. Maravilhoso e uma lição que precisamos aprender e compreender. Não é apenas  ler o livro, é entender o que está sendo mostrado.

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MENSAGENS DE ABERTURA DO SOCORRO ESPIRITUAL

“- Meus irmãos! Não se esqueçam de uma coisa. Nós do lado de cá, somos também aprendizes e temos muito a aprender no desempenho de nossas funções.

Vocês são grandes aprendizes, sobretudo porque estão se utilizando da vida material para se vincular cada vez mais em assuntos de ordem espiritual.

Não tenham medo de arriscar, não tenham medo de errar. Pequenos erros são comuns, Nós do lado de cá cometemos nossos erros também. Faz parte da infantilidade espiritual que graças a Deus todos nós aqui estamos tendo essa oportunidade maravilhosa de juntos aprendermos.

Não fiquem com receio de se entregar aos acontecimentos espirituais, à vontade de manifestação, às sensações de desenvolvimentos espiritual. Seria muita falta de humildade daquele que não desempenha o seu trabalho simplesmente por estar com medo de fazer errado, medo de errar.

Bom trabalhador, trabalhador valente é aquele que se lança à atividade, mesmo sabendo que corre risco de cometer equívocos, mas se lança como se lançasse numa guerra para o bem de muitos, para o resgate de inúmeros irmãos que estão feridos por aí. Porque como vocês falaram aqui agora, é grande a alegria no céu, quando se resgata uma ovelha perdida.

Feliz daquele trabalhador que participou deste resgate, independente de como foi a sua participação. Avante irmãos! Confiem vejam a experiência que vocês já tem, o conhecimento que já adquiriram  e, principalmente, sintam, percebam, olhem, por tudo o que já vivenciaram aqui nesta Casa, neste trabalho. Vejam a proteção que têm recebido aqui. Tudo o que pá viram, o que já sentiram, porque os próximos trabalhos, vão exigir que se entreguem cada vez mais.

Então comecemos, a partir de agora, a desenvolver esta habilidade de nos entregarmos cada vez mais à esse trabalho. Sem medo de se entregarem a esse tipo de trabalho. Sem medo de entrar em sintonia com os mentores espirituais. Sem medo de resgatar almas.

Poucos grupos ainda prestam esse atendimento. Que se entregam com amor, se lançam com confiança sem medo da dor. Vemos muito bem o que vocês recebem após cada trabalho. Talvez vocês não sintam com tanta exatidão, com tanta minúcia, a alegria que nós trabalhadores do lado de cá, temos por cada um de vocês.

Depois dos trabalhos, o corpo espiritual de vocês vibra pura luz, as células se agiram de luz, uma coisa linda e maravilhosa. Todos vocês estão agora fortemente envolvidos. Não percam, enxerguem isso como se fosse a maior oportunidade de suas vidas, o único momento, se entreguem para que esse momento seja o melhor momento da  sua vida. Vocês se entregando aqui por inteiro estão colocando um tijolo na escada à frente que tem que subir.  

Estão tirando uma pedra de dívidas do caminho de vocês. Façam tudo o que nós do lado de cá vamos orientar mentalmente, intuitivamente, para vocês a partir de agora. Façam e não tenham medo de errar. Acreditem que podem caminhar ainda mais para a luz, mas é necessário que não tenham medo de fazer o que está sendo pedido para vocês fazerem a partir de agora. Bom trabalho para todos nós!”

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“- Boa noite irmãos!

Nesta noite, dedicada à vontade de Jesus, que nós possamos fazer um trabalho em que os irmãos possam ser bem recepcionados. Deixem seus corações e mentes confiarem nos trabalhos, não tenham medo de fazer o que deve ser feito.

A mínima indicação, aquele pensamento que surge na cabeça, não o neguem, não o segurem. Deixe fluir que os bons companheiros estão ao lado de vocês sussurrando e guinado no trabalho que deve ser feito com a participação e a dedicação de cada um de vocês.

Confiem em suas intuições e façam um bom serviço. Que assim seja!”

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Os atendimentos foram muitos. Grande parte de espíritos que levaram algum tombo, caíram, morreram de forma abrupta e instantânea e não sabiam que estavam mortos.

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Um atendimento chamou atenção. Uma mãe desesperada procurando seu filho pequeno. Ele estava brincado com as outras crianças na beira d’água. Dizia ela que ele desapareceu num buraco. Chorava desesperada porque não o encontrava.

Sabemos que o que o espíritos vê e sofre repetidamente não é a verdade e sim sua interpretação dos fatos. Pedimos para a mulher contar o caso desde o início e dizer o que ela estava fazendo. Ela viu o filho e caminhou em direção dele. Escorregou, bateu a cabeça numa pedra e o filho despareceu num buraco.

Voltamos novamente na cena. Quem caiu foi ela, quem bateu a cabeça foi ela. O filho não estava lá com ela.

Entendeu que morreu. O avô veio conversar com ela, estava bem remoçado. Parecia muito com seu filho. Era seu avô ou seu filho? Ele ficou na dúvida e começa a perceber o tempo que passou. Faz um século que ela morreu! O filho que foi seu avô,  cresceu e já morreu e está lá socorrendo-a.

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Uma situação que chamou atenção, é que vários desses atendidos, ao perceberem sua situação de falta de informação, falta de compreensão, institivamente falavam que precisavam voltar ao lugar onde estavam para trazer os outros companheiros que estavam na mesma situação que eles! O amor despertando de forma natural.

Sabemos que a maioria já tinha sido trazida também, socorrida da mesma forma, mas é muito gratificante ouvir de alguém que acabou de se descobrir ajudado, lembrar de ajudar seus iguais.

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Terminada essa etapa, uma equipe de espíritos, liderada por índios, fizeram uma grande roda de fogo no centro da sala. De cada um de nós trabalhadores, era tirado coisas ruins do passado distante e jogado naquele fogo. Uma limpeza para aliviar nosso caminho, tirar pesos que já não são necessários de nossas costas, aliviar nossos passos para seguir em frente.

Foi um trabalho intenso, com a energia dos índios que mexe com a gente lá dentro.

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PSICOGRAFIA

CASOS DA VIDA REAL

O ataque a um encarnado

– Compenetrado nas leituras Daniel?

– Jamais pensei, Israel, que as Trevas fossem tão bem organizadas. No mundo dos humanos temos uma ideia extremamente pálida do Inferno, porém, hoje me recordando da paisagem humana atual, compreendo que qualquer filme de terror com fortes ares de suspense ou desenhos animados encapetados, expressam mera ideia de algo próximo da realidade do que seja o inferno, mostrando para  a Humanidade, que o inferno realmente existe com pleno cenário de horror, embora os expectadores levem a conta apenas como uma história comum de conto de fadas.

Já estou lendo o segundo livro e confesso que estou espantado com a inteligência dos Escritores do Inferno.

– Terás um futuro brilhante a serviço das Trevas Daniel. Suas aptidões para o mal jamais passaram despercebidas. Isso é algo fortemente notável em você.

– Mas agora me diga Israel, como está nosso comparsa? Ele será muito útil em nossos planos de vingança.

Já o localizei Daniel, em atividades baderneiras no mundo dos humanos, ainda que desencarnado, porém a serviço de outros grupos trevosos que antipatizam conosco e com os quais tem dívidas do pretérito. Teremos um pouco de trabalho para juntá-lo a nós. Teremos que conflitar com a gangue rival, haverá uma pequena guerra entre nós na disputa por um comparsa.

Ocorre que ele já foi localizado por outros grupo logo que desencarnou, e foi imediatamente hipnotizado por aqueles perseguidores que agora dele se servem para implantá-lo entre os humanos, agindo como agente de desequilíbrio nas suas mentes, que não estão interessadas em algo melhor.

Como você sabe, ele desencarnou primeiro do que nós, por isso aconteceu esta situação. Se nós tivéssemos desencarnados antes dele, já estaria conosco e não daria este trabalho para ser resgatado.

Daqui uns dias iniciaremos o grande conflito contra o outro grupo. Estamos aguardando apenas a chegada de alguns amigos soldados para a grande batalha. Eles no momento estão ocupados com suas maldades em algumas cidades do inferno um pouco distantes daqui. Conforme já informaram logos estarão por aqui. Pediram para vocês ler os quatro livros enquanto isso.

Essas leituras vão te deixar bem preparado para o momento do combate. Como sabe ninguém nasceu sabendo, por isso estou pedindo para vocês ler os livros e estudar bastante. Aqui quem não estuda e se prepara, vira marionete nas mãos dos outros. Estudar para sobreviver.

*

MENSAGEM DOS MENTORES APÓS O TRABALHO DE LIMPEZA EM TODOS NÓS.

“- Foi um grande prazer trabalhar com vocês esta noite aqui. É a primeira vez que eu venho aqui.

Quando as coisas não estão fluindo, aquando vocês não escutam o que os mentores falam para vocês, a gente dá uma sumidinha. Foi o que aconteceu com essa menina aqui (médium)

Agora nós vamos trabalhar com vocês, somos um grupo de ciganos e é com alegria, com prazer, com imenso amor. Vocês vão ver os trabalhos maravilhosos que os ciganos conseguem fazer, é claro que com os vários outros grupos que trabalham aqui, cada um fazendo a sua parte.

Lembrem-se do compromisso que vocês tem, procurem sempre se melhorar, ouçam os seus guias, prestem atenção nas suas intuições.

Voltem muito bem para casa de vocês. Nosso grupo vai acompanhar vocês, fazendo a gira de ciganos, trazendo todas as coisa ruins de vocês, trazendo os problemas para cá, para ser trabalhado. Não adianta só trazer para cá, só ser tirado. Tem que ser trabalhado, senão, isso volta, vocês que chamam, tem que entender que se o problema não é resolvido, não tem magia que faça, não tem milagre que faça. Tem que ser resolvido. Qualquer um pode ir lá limpar, mas se não estiver resolvidos nas relações de vocês, no cotidiano, entre vários parentes, amores, por aí afora que não foram resolvidos, tem que ser cuidado, trabalhado, bem resolvidos.

É isso que nós ciganos vamos, fazer, ajudar vocês nesses relacionamentos de todos os tipos.

Sintam a alegria de trabalhar com o Cristo, de trabalhar com a luz. Sintam as nossas energias atuando sobre vocês, dentro de vocês dando a alegria, dando a vitalidade.”

*

“- Obrigado meus queridos irmãos, por se disporem a estar aqui, junto na nós , na presença do Nosso Senhor Jesus Cristo.

Cada trabalhador estará agindo em benefício de sua própria libertação das correntes malignas, a caminho da luz. Bem aventurados todos vocês por poderem estar aqui para todos nós juntos, atuarmos, com o pouco que cada um de nós pode oferecer, para que o amor de Jesus se implante cada vez mais aqui neste Planeta Terra.

Bem aventurados são vocês que estão aqui para trabalhar, que abrem mão de coisas aí fora, para estar aqui conosco. Não deixam o trabalho espiritual para depois, como algo de segunda hora, de segunda vez. Vocês são responsáveis por este trabalho que acontece aqui.

Muitas criaturas que aqui são trazidas, estão tão hipnotizadas que nem sabem mais que existe a luz. Muitos desencarnados que por aqui passaram essa noite tiveram a sorte de conseguirem ser trazidos para cá. Porque são milhões, milhões que estão lá embaixo, hipnotizados, escravizados, dominados e chegaram ao ponto de perderem conhecimento de que a luz existe.

Aqueles desencarnados que para cá foram trazidos, são considerados, sortudos, ainda que queiram fazer o mal, ainda que querem batalhar contra a luz, eles são sortudos por terem sidos resgatados pelos soldados da luz e trazidos para uma Casa como esta.

Nesse resgate tem o coração de cada um de vocês. Tem um pedaço do coração de cada um de nós, tem o sentimento de amor de cada uma de nós. Que coisa linda como todos nós temos uma participação importante no futuro de almas que estavam perdidas. É uma emoção que passa a existir dentro de nós, e não sabemos explicar, mas é uma emoção pura, da mais extrema beleza.

Vocês receberam um tratamento muito bonito essa noite, muito bonito. Esse tratamento foi endossado pelo Senhor Jesus. Quando aí fora, rezem bastante, estudem, para que o efeito desse trabalho de hoje continue surtindo efeito na vida espiritual de vocês.

Paz para todos!”

RESUMO

Livro LIBERTAÇÃO CAP 14 André Luiz e Chico Xavier publicado em 1949

O AMOR REGENERA A MULTIDÃO DE ERROS

Penetrando o quarto em que Margarida descansava, lá nos aguardavam os dois hipnotizadores em função ativa.

Gúbio pousou significativo olhar em Saldanha e pediu-lhe em tom discreto: — Meu amigo, chegou a minha vez de rogar: — Saldanha, esta senhora doente é filha de meu coração desde outras eras. Somos irmãos no devotamento aos filhos, companheiros da mesma luta.

— Passamos horas sublimes de trabalho, entendimento e perdão. Não desejarás desculpar os que te feriram, libertando, enfim, quem me é tão querida ao espírito? O título de irmão é, hoje, o único de que efetivamente me orgulho. Dize-me, Saldanha amigo, se o ódio está igualmente morto em teu espírito; fala-me se devo contar com o abençoado concurso de tuas mãos!

Saldanha enxugou os olhos, fixou-os, humilde, no interlocutor bondoso e asseverou, comovendo-nos:

— Ninguém me falou ainda como tu… Tuas palavras são consagradas por uma força divina que eu não conheço, porque chegam aos meus ouvidos, quando já me encontro confundido pelos teus atos convincentes. Bom amigo, , estou pronto a servir-te! sou teu de agora em diante!

Nos achávamos na presença de ambos os hipnotizadores em função ativa, junto a Margarida em repouso. Um deles se revelava inquieto e demonstrava-se francamente compreensivo; notava que algo de extraordinário se passava, mas, talvez compelido por votos de disciplina, não se animava a dirigir-nos palavra. O outro, todavia, não acusava qualquer emoção. Continuava alheio ao drama que vivíamos. Figurava-se um autômato em serviço, impressionando-me particularmente pela impassibilidade do olhar.

Gúbio e Saldanha retornaram à cena. O ex-obsessor de Margarida mostrava-se mudado, quase imponente. Via-se-lhe no porte a renovação de rumo interior.

Chamou o hipnotizador mais vivo, a conversação particular. Próximos de mim, a palestra desdobrou-se clara.

— Leôncio — disse Saldanha, entusiasmado —, nosso projeto mudou e conto com a tua colaboração.

— Que houve? — indagou curiosamente o interpelado.

— Um grande acontecimento. E prosseguiu, transformado: — Temos aqui um mago da luz divina. Em traços rápidos, narrou-lhe os sucessos da noite, em comovedora síntese, terminando por apelar:

— Poderemos contar contigo?

— Perfeitamente — esclareceu o companheiro —, sou amigo dos amigos, não obstante os riscos da ação.

— É indispensável, porém, todo o cuidado com Gaspar, que não se acha em condições de aderir.

— Tranquiliza-te — esclareceu Saldanha, mais atencioso —, providenciaremos tudo.

Mostrou Leôncio estranho brilho nos olhos e, dirigindo-se ao ex-chefe de tortura, falou súplice: — Escuta! Conheces meu problema. Já que foste socorrido pelo mago, não poderei receber contribuição dele por minha vez? Tenho na Terra a esposa seduzida e o filho à morte.

Ante o choroso apelo, Saldanha não hesitou:

— Bem — tornou um tanto embaraçado —, procura o benfeitor Gúbio e expõe-lhe o caso com franqueza.

Leôncio não se fez rogado. Acercou-se, respeitoso, de nosso Instrutor e explicou-se, simplesmente, sem rebuços:

— Amigo, acabo de saber com que devotamento mobilizas tua força, a beneficio de criaturas desviadas do bem, como nós, que nos sentimos desprezíveis diante de todos. É por isto que também venho implorar-te auxilio imediato.

— Em que poderemos ser úteis? — indagou o orientador, cortês.

— Passei para cá, há longos sete anos, e deixei no mundo minha mulher e um filhinho recém-nato…. Ai de mim, porém, que me sentia dono exclusivo dos encantos da mulher que eu adorava! De dois anos para cá, minha infortunada Avelina passou a escutar as fantasiosas propostas de um enfermeiro que se aproveitou da fragilidade orgânica de meu filhinho para insinuar-se sobre o ânimo da pobre mãe, viúva e jovem. …Desde então, assediou-me a esposa sem descanso e passou a envenenar meu pequeno, pouco a pouco, à força de entorpecentes, administrados por ele, seguindo um plano cruel. Sentindo em meu filho um concorrente forte aos bens que amontoei, procura aniquilá-lo sem pressa, roubando-lhe, calculado e ingrato, o ensejo de viver para um futuro digno e feliz.

Gúbio ia responder, mas Elói tomou a dianteira e, com imensa surpresa para nós, perguntou, sem cerimônia:

— E o nome do enfermeiro? Quem é esse quase infanticida?

— É Felício de…

Quando o nome de família foi pronunciado, nosso companheiro apoiou-se em mim, para não cair… É meu irmão! — bradou — é meu irmão… Forte emotividade empalideceu-lhe o rosto e expectativa inquietante desabou sobre nós.

Mas Gúbio, com a serenidade sublime que lhe assinalava a fronte, abraçou Elói e inquiriu calmo: — Onde está o infeliz que não seja nosso irmão necessitado?

Nosso Instrutor convidou-nos a visitar o menino enfermo, sem perda de tempo. Saldanha indicou a figura estranha de Gaspar, que parecia surdo e insensível ao que se passava, e lembrou: — Deixá-lo-emos sozinho por algumas horas. Aliás, precisamos, pelo menos, de um dia, a fim de fortificarmos a defensiva. A falange de Gregório não nos perdoará.

Leôncio, à frente, mostrou-nos confortável vivenda e informou: — Aqui mesmo.

Entramos. Em aposentos diversos, a dona da casa e o enfermeiro dormiam à solta, enquanto um pequeno simpático gemia, quase imperceptivelmente, demonstrando angústia e mal-estar. Notava-se nele a devastação operada pelos tóxicos insistentes.

Fios magnéticos e invisíveis ligavam, ali, pai e filho, porque o menino, num lance comovedor, embora a prostração em que se achava, contemplou, embevecido, o retrato grande do paizinho, suspenso da parede, e falou, súplice, baixinho: — Papai, onde está o senhor?… Tenho medo, muito medo…

Lágrimas ardentes seguiram-lhe a prece inesperada e o hipnotizador de Margarida, que até então nos parecia um ser  horrível, prorrompeu em pranto emocionante.

Gúbio ausentou-se por momentos e regressou trazendo Felício, o enfermeiro, provisoriamente desligado do aparelho fisiológico. O rapaz, não obstante semi-inconsciente, ao avistar Elói junto ao doentinho, procurou recuar, num impulso de evidente pavor, mas nosso dirigente conteve-o, sem aspereza.

Em seguida, Gúbio aplicou passes de despertamento em Felício para que a mente dele acompanhasse a lição daquela hora, dentro do mais alto estado de consciência que lhe fosse possível, notando-se que o paciente passou a fixar-nos com mais clareza, envergonhado e espantadiço.

Reparando Leôncio a chorar sobre o filhinho, fez novo movimento de recuo, interrogando embora: — Quê? Pois este monstro chora?

Gúbio aproveitou a pergunta brutalmente desfechada e interveio, sereno: — Não concedes a um pai o direito de emocionar-se ante o filhinho perseguido e doente?

— Sei apenas que ele é para mim um inimigo implacável — comentou o irmão de Elói, com insofreável animosidade —, e reconheço-o, de perto. É o marido de Avelina… A princípio, via-o nos odiosos retratos que povoam esta casa… Depois passou a flagelar-me nas horas de sono…

Disse-lhe o orientador, com inflexão de carinho — Quem terá assumido a posição de adversário, em primeiro lugar?

O coração dele, humilhado e ferido nos sentimentos mais altos que possui, ou o teu que urdiu deplorável projeto de conquista sentimental ante uma viúva indefesa?

— Mas, Leôncio é um morto! — suspirou o enfermeiro, desapontado.

— E não hás de sê-lo, um dia — tornou o nosso dirigente — quando houveres restituído o corpo de carne ao inventário de pó?

— Felício, porque insistes no condenável enredo com que preparas tão calculado crime?… Felício, a experiência humana, confrontada com a eternidade em que se movimentará a consciência, é simples sonho ou pesadelo de alguns minutos. Porque comprometer o futuro ao preço do conforto ilusório de alguns dias?

O irmão de Elói pousava em nosso Instrutor os olhos medrosos e espantados. Depois de leve pausa, Gúbio continuou: — Aproxima-te. Vem a nós. Perdeste a capacidade de amar? Leôncio é teu amigo, nosso irmão.

Felício gritou com visível expressão de angústia: — Quero ser bom, mas não posso… Tento melhorar-me e não consigo… De voz entrecortada pelos soluços, acrescentou: — E o dinheiro? Como resgatarei os débitos contraídos? Sem o casamento com Avelina, a solução é impraticável!

Nosso dirigente abraçou-o e aduziu: — E acreditas solver compromissos financeiros provocando dívidas morais que te atormentarão por tempo indeterminado? Ninguém te proíbe o casamento, nem Leôncio, o organizador dos bens materiais de que pretendes dispor, discricionariamente, te poderia induzir à abstenção nesse sentido, Os atos de cada homem e de cada mulher arquitetam-lhes os destinos. Somos responsáveis por todas as deliberações que perfilharmos ante os programas do Eterno e não poderíamos interferir em teu livre arbítrio, mas te pedimos concurso em benefício desta vida frágil que deve continuar…

E endereçando compassivo olhar ao hipnotizador de Margarida, acentuou: — Não é bem Isto, Leôncio, quanto desejamos?

— Sim — confirmou o pobre pai em lágrimas enternecidas —, o dinheiro não importa e agora reconheço que Avelina é tão livre quanto eu mesmo. Mas se meu filhinho continuar na Terra, tenho esperanças em minha própria regeneração. Terei nele um companheiro e um amigo, ligado à minha memória, em cuja capacidade de servir poderei encontrar bendito campo de serviço espiritual. Este menino, por enquanto, é o único meio de que disponho para retomar a crença no bem de que me havia afastado.

Gúbio abraçou-o, ergueu-o e disse:

— Leôncio, confio na renovação de Felício. De hoje em diante, o teu filhinho não será mais vigiado por um perseguidor e, sim, protegido por desvelado benfeitor, digno de nosso concurso fraterno!

O enfermeiro, vencido por semelhantes palavras, ajoelhou-se, diante de nós, e jurou: — Em nome da Justiça Divina, prometo amparar esta criança, como verdadeiro pai!

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