Sentir o perdão e ficar bonito

“ Aqui estou para dizer da minha alegria por trazermos para

o nosso lado pessoas que um dia se equivocaram e que usaram de

violência. A violência é apenas um momento impensado na vida

eterna, pois a trajetória do ser é o amor”. Bezerra de Meneses

 

A preparação do trabalho foi deveras intrigante. Foi perguntado: os espíritos tem o poder de nos machucar?

Encontramos interessante referência a esta situação no livro Anjos Decaídos de Inácio Ferreira¹.

“O diálogo que, em seguida, transcreverei não tem por objetivo senão alertar os companheiros que se dedicam à atividade mediúnica, mostrando aos estudiosos em geral quanto é complexa e difícil a luta que travamos para transmitir aos encarnados notícias do Plano Espiritual.

– Meus caros – elucidei -, infelizmente, o que vínhamos prevendo, em relação a nosso amigo medianeiro se concretizou, sem que pudéssemos evitar a ação que vinha sendo planejada pelos agentes das Trevas, os quais, por todos os meios, procuram obstruir nossos esforços de esclarecimento aos que se demoram no corpo carnal.

– Logramos, sim, atenuar, ao máximo , a força do impacto do projétil disparado pelo “franco-atirador”, inclusive poupando órgãos de maior importância, mas não conseguimos evitar que ele fosse atingido.

– O senhor (desencarnado) também experimentou sua repercussão?

–  Sim, experimentei, igualmente precisando recorrer a medicamentos e, no momento do sucedido, tivemos que interromper o trabalho que, graças a Deus, já conseguimos concluir.

– Em que região ele foi alvejado?

– Precisamente na região do “epigastro”, na parte superior da parede abdominal, com os estilhaços do projétil também atingindo o esôfago, provocando-lhe, de imediato, violenta crise de esofagite. Os efeitos persistiram por vários dias. Só gradativamente, foram sendo debelados de todo! O médium, cujo órgão de impacto emocional é o estômago, teve, ainda, acentuados os sintomas de gastrite e irritação intestinal…..

Certa vez , Chico também foi alcançado por um “tiro” disparado pelas Trevas. Ele foi ferido no “ombro”, quando estava atendendo a imensa fila que se formava para o habitual entendimento fraterno.

– Exatamente! Chico ficou com o braço imobilizado por vários dias, impossibilitado de psicografar!

– Esta é uma das partes desconhecidas da luta de quase todos os médiuns que, na maioria das vezes, atribuem somente à causa de natureza física seus achaques cotidianos, e até problemas mais sérios de saúde que neles se desencadeiam…  e que, sempre que necessário, não devem hesitar em procurar o auxílio de um médico competente e de confiança.

– Foi através de seu médico, que já fora prevenido anteriormente,  que conseguimos prestar auxilio mais efetivo ao irmão médium que fora vítima de atentado. O que não descarta a eficácia da terapia espiritual, através das preces e dos passes, da qual ele se valeu para a indispensável e pronta recuperação.

– Houve necessidade de interrupção do trabalho mediúnico em andamento?

– No dia do atentado sim. O médium teve que ir ao médico duas vezes, mas graças a Deus, no outro dia estava firme, como quem havia levado uma surra muito grande, com o corpo todo dolorido, mas a cabeça preservada.

– Nos dois dias subseqüentes o médium sentiu alguma dificuldade para dar seqüência ao seu trabalho mediúnico. Porém não é de bom alvitre interromper o serviço. Acontece que mesmo “baleado”, médium tem que trabalhar.  Chico dizia que, quando o médium começa a achar que é coitadinho, a vaca já foi pro brejo há muito tempo…”

 

Outra forma do médium ser atacado, é através do abatimento, falta de energia, nervosismo, medos, ansiedade. Não é possível perceber a origem, mas fica difícil raciocinar com a lógica necessária para se desvencilhar das sensações. O primeiro antídoto para esta doença da alma é o Evangelho de Jesus. Porém, nós médiuns, estamos ainda na trajetória das experiências que aos poucos vão nos fortalecendo no entendimento do bem. Prestemos muita atenção, porque ainda estamos na fase da compreensão do bem. A realização do bem, ainda está por ser feita dentro e fora de nós. Nosso passado comprometido, facilita as investidas do mal em nosso caminho. No livro Por Amor ao Ideal² temos este alerta e orientação:

“Não podemos atribuir às trevas a autoria da nossa invigilância, isentando-nos de culpa naquilo que nos acontece de desagradável. Sabemos que os espíritos infelizes permanecem sempre à espreita de nossas fragilidades, mas semente alguma germina em terreno que não seja propício.

Conforme já mencionamos anteriormente, periodicamente, sentíamos mais diretamente a ação das falanges do Mal. Entidades espirituais que, parecendo se organizar, nos assediavam, intentando comprometer nosso trabalho na Doutrina. Atravessávamos fases difíceis, que exigiam de nós, maior recolhimento na oração e, sobretudo, perseverança no cumprimento do dever. Quando, imaginando que tudo estivesse bem, descuidáva-mos da vigilância, os problemas explodiam: desavenças, atritos familiares, inquietação…”

No livro Trabalhadores da Última Hora³ encontramos interessante diálogo entre médiuns desencarnados recordando sua dificuldades quando trabalhadoras encarnadas:

“O problema maior é o desgaste emocional, que, gradativamente, parece minar-nos as forças de resistência.

– Concordo. Os espíritos interessados no fracasso dos médiuns, se não logram deles se aproximar, endereçando-lhes constantes pensamentos de desânimo – sugam-lhes, por assim dizer, as energias. Quantas vezes eu me sentia tomada por aquela sensação de desamparo, quase sem condições de deslocar da minha casa para o centro… É o trabalho que nos revigora espiritualmente e. e sabendo que é assim, eles fazem de tudo para que dele nos distanciemos.

Todo médium carece se convencer de suas limitações – de ver na mediunidade um instrumento de trabalho para sua redenção. O médium é igual a todos, sujeito a falhas e quedas. O Chico dizia que os espíritos infelizes não lhe concediam trégua na tarefa: ele contava histórias de arrepiar. Certa vez, ele nos disse que chegou a ser agredido fisicamente pelas entidades que o perseguiam; contou-nos que levou um soco na boca e, em conseqüência, teve uma prótese partida!

Guardemos a convicção de estarmos procurando fazer o melhor do melhor e avancemos, confiantes no amparo da Divina Misericórdia. Todos os médiuns lutam e sempre haveremos de lutar!”

A partir da reflexão durante a preparação,  feita pelo grupo, deslumbramos o quesito obrigatório para um trabalho desta natureza: o caráter do grupo. A integração, produção para o bem, libertação dos grilhões do passado, confiança no presente e esperança no futuro, são elementos de Vida, que o próprio grupo tem que fornecer e sustentar, para isto, o caráter de cada um de seus componentes, é fundamental para sua permanência. Como diz nosso patrono Inácio Ferreira Sem honestidade, nenhum trabalho de natureza espiritual consegue prosperar, porque, em hipótese alguma, contará com o aval dos Planos Superiores que lhe garantam êxito4.

Outro alerta dentro de nossa preparação, é a aceitação das pessoas como elas são, independente de cor, raça, opção sexual. Interessante exemplo encontramos no livro O Lado Oculto da Transição Planetária5, quando a presença de um médium gay dentro do grupo, despertou sentimentos ocultos e guardados, gerando desconforto, maledicência, repulsa e atração ao mesmo tempo. Admirável discussão sobre assunto tão importante para a libertação emocional e moral de um grupo de trabalho espiritual.

 

O atendimento estava programado. O teor do conflito histórico daqueles atendidos era conhecido. O importante é despertar a possibilidade de reconciliação e nova jornada. A entidade chegou falando que era difícil entrar no Auta, que tem proteção, que queria entrar e não conseguia. Se era uma casa de Jesus, não deveria ter essa dificuldade. Foi explicado  que tinha um campo magnético e ele concordou. Para entrar mais facilmente era só começar a perdoar, ele falou que não tinha essa capacidade, negou que tivesse ódio. Era preciso mudar o foco, desviar a sua atenção, sair do pensamento “disco rachado” repetitivo. Quem sabe ele poderia estar carregando raiva, então dentre outras coisas ele admitiu magoa. Recebeu a sugestão de que  já tinha o perdão no coração mas não se dava conta/aceitava, por isto tinha conseguido entrar no ambiente.

Quando sentimos raiva ficamos muito feio. Aí, ninguém que ficar perto de nós. Seus amigos são feios?

Ele contou que já não tinha companheiros, que havia se afastado, não por serem feios, mas por causa das vibrações que não lhe faziam bem que já andava sozinho por um tempo.

então vamos dissolver um pouco estes sentimentos que estão muito grudados em você, para facilitar sentir o perdão e ficar bonito. (passes cruzados, para dispersar as energias grudadas foram aplicados. Depois retirados as placas miasmáticas que o continham e após, o passe de harmonização dos chacras, que ele reagiu muito bem.

Aceitou ficar,  entendeu sobre o perdão e ficou muito grato. A gratidão que ele sentiu foi linda, ele estava feliz. Uma das médiuns que estava ao seu lado comentou: Pelo que pude sentir desde o momento que ele chegou, ele já estava procurando uma redenção e a encontrou.

 

Esta outra entidade estava prevista para ser atendida. Já se manifestara em outras vezes. Prefere ficar irredutível. Se acostumou dentro deste mental, e se compraz nas sensações que tem e que causa. A médium de incorporação via uma mulher revoltada próxima ao encarnado atendido deste trabalho, dizendo palavras de ódio e vingança. Com a comunicação, tal mulher pode se revelar mais; estava enraizada em ódio e perseguia o atendido porque ele o abandonara, usava e abusava das mulheres como objeto, e agora ela iria se vingar dele, trazendo sofrimento. Qual a data deste passado? Não o sabemos. Ela está enraizada lá, não quer sair daquele ambiente que se fixou em suas entranhas perispiríticas. É lá que seu mental está. “- no espírito que não possui mais amplo domínio sobre si, que não se conhece mais profundamente, o inconsciente prevalece, com as aquisições do pretérito se opondo às realizações do presente; a vida da criatura, onde estiver, é a exteriorização de pensamentos ardentemente acalentados; o pensamento equivocado faz com que o espírito tome a ilusão pela realidade do corpo, o teor dos pensamentos do espírito é que determina a região em que ele há de se fixar; a mente não se descondiciona com facilidade, por vezes, a sugestão recebida perdura por séculos no espírito6.”

Não foi possível estabelecer um diálogo completo, mas palavras de amor e perdão e muita luz foi sendo irradiada no espírito, que pedia para pararmos porque estávamos atrapalhando os pensamentos dela. Até que dado momento, nossos Amigos do Alto ajudaram a introduzir remédios em sua boca, que ela dizia ser amargo, e era rebatida, ouvindo que era o mais doce néctar de amor que estava penetrando dentro dela, e assim ela foi se acalmando e foi posta para dormir.

Atendimentos como este se repetirão à exaustão. Cada um de nós, a cada semana, tem a oportunidade de se reencontrar com seu passado, seus algozes, seus amores/ódios que entrelaçaram em algum momento de nossa  jornada evolutiva. Nem mérito, nem demérito. A oportunidade é única, privilégio sagrado, poder de alguma forma ir de encontro com nossos desafetos e pedir socorro aos Céus para que todos possam se recompor, reajustar, recuperar seu equilíbrio natural evolutivo e traçar novos rumos em busca do Divino Amor. Mais uma vez temos a palavra do nosso patrono a nos sustentar nesta proposta de trabalho para o bem:

“- Para os espíritos que não logram perdoar, liberando-se de qualquer sentimento de mágoa, o tempo, simbolicamente, não passa…  Desencarnados existem que permanecem, por séculos, presos ao ressentimento ou ao anseio de vingança, indiferentes aos convites de renovação a que a Vida os exorta com freqüência. O livre-arbítrio da cada um é respeitado; o espírito mais evoluído, porque tenha chegado aonde chegou, não tem o direito de coagir os retardatários. A escravização, em todos os sentidos, é antinatural. Somo inteiramente livres para amar e para odiar, para semear e para colher. A rigor, ninguém carece de clamar por justiça, porquanto o infrator da Lei é candidato potencial ao devido reajuste. Toda reação começa no instante exato da mais insignificante ação. A dor não poupa ninguém e, se, até a pedra bruta se transforma à ação lapidária do tempo, nós, criaturas evidentemente mais meláveis, igualmente nos sentimos compelidos a mudar. Quando nos observamos sozinhos em nossos propósitos menos dignos, às vezes descemos tão profundamente no abismo do desencanto, que, naturalmente, nos predispomos a ser diferentes do que temos sido, e basta-nos o mais leve aceno para que a Vida nos favoreça com as oportunidades indispensáveis à própria mudança.

– Podemos intervir no momento certo. Nada além disso. As coisas não acontecem como por encanto. A semente, por vezes, permanece indefinidamente sobre o monturo, esperando clima propício para germinar; quando as forças da Natureza se conjugam e a favorecem, ela então eclode… Conosco também é assim. A nossa existência – o nosso aproveitamento na encarnação – depende de uma série de fatores e circunstâncias. Todos estamos expostos à chamada influência do meio. As grandes realizações, sem dúvida, dependem dos grandes homens, mas também das grandes oportunidades – assim como existe ambiente espiritual mais ou menos propício à realização de determinadas tarefas².”

 

Espírito com plena consciência de seu desencarne; julgava não estar fazendo nada de errado: só ficava na casa mandando e desmandando outros a atrapalharem o ambiente. Dizia que não tínhamos que nos meter naquela briga, que não era nossa e que tínhamos papo furado porque não queríamos ajudar a ele, e sim nosso amigo encarnado.

– Ao ajudar nosso amigo, ajudamos você também, para uma nova oportunidade.

– Papo furado, você vem me falar de reencarnação, que vou sofrer isso aquilo…

– Mas você já está sofrendo…. Se achando o chefe do pedaço, coisa que não é. É só mais um que apanha quando faz algo errado.

Nesse momento, mais um trabalhador do grupo se aproxima e conversa com a entidade, mostrando que estávamos ali pra ajudar sim, e fazer o bem.  Foi reconstituída sua mão machucada e  com isso o espírito sente o alívio das tensões reduzidas, mais leve,  pode notar  que era hora de mudar.

Seus pais vieram auxiliá-lo e o acolheram.

 

Porque, perguntamos nós, tem tanto espírito em nossa casa, nosso local de trabalho? Porque me cercam, me atrapalham, me confundem? Esta é a pergunta que não cala em nossa mente. Os mentores amigos nos explicam este anseio. “– Mesmo os fanfarrões desencarnados não passam de mendigos, tentando ocultar os próprios andrajos… Os que não lutaram para acender, pelo menos, diminuta réstia de luz no âmago de si mesmos vivem se arrastando na escuridão: os “mortos”, em sua imensa maioria, continuam psicologicamente, dependentes dos “vivos”…  Daí os processos de vampirismo, em que os encarnados, de maneira inconsciente, servem de repasto para os desencarnados. Os supostos “mortos” freqüentam a nossa mesa, participam das nossas refeições, bebem conosco no mesmo copo, esfregam-se em nós, carentes das emanações de calor e de sensualidade do corpo…

– tudo funciona com base na sintonia mental…  Através do que pensamos, manifestamos o que preferimos e atraímos os que cultivam as mesmas preferências. Existem entidades que, inclusive, chegam a participar das situações de relacionamento sexual, não nos respeitando sequer o tálamo conjugal. Agora, como o homem pode pensar melhor, se tem abolido até mesmo a prece de seu cotidiano? Raros são aqueles que oram e muitos dos que oram o fazem por mera formalidade, não colocando sentimento algum nas palavras que pronunciam…

– A prece emite ondas mentais luminescentes; seria como, dentro do escuro labirinto do cérebro, de repente se acendesse um clarão… Quem ora entra em contato direto, sem necessidade de intermediação, com as Fontes da Vida. Está provado cientificamente que a prece atua na intimidade celular, alterando-lhe a constituição e funcionamento. A fé é um poder sem precedentes…

– Ninguém pense que orando, lhe será possível mobilizar as energias sutis do espírito… Todo o Universo é sensível, ou melhor, ultra-sensível ao poder da mente. Jesus não conseguiu curar aqueles que se revelavam psicologicamente desmotivados… Toda semente para florescer, necessita de terreno fértil.

– Os espíritos quando se reconhecem sem rumo na Vida Maior, têm receio do que lhes possa acontecer…  Existem maltas de desencarnados malfeitores que percorrem regiões de Além-Túmulo aliciando os incautos: submetem-nos aos seus caprichos e os escravizam, para deles se servirem segundo as próprias conveniências…

– A situação não muda…  Não temos no mundo pessoas que se tornam dependentes de outras e as que vivem, durante longo tempo, em regime de escravidão moral no seio da própria família? Querem crescer e são impedidas; aspiram trilhar novos caminhos e têm seus passos cerceados…  Gente que para ter um serviçal dentro da casa, não pensa no prejuízo moral que está ocasionando àquela pessoa…  Prejuízo de uma existência inteira. Tremenda dívida que se contrai. Em vidas futuras, os papéis se inverterão. Apenas o amor, em forma de indulgência, pode entrar no meio desse carma que, caso contrário, se arrastará indefinidamente… O perdão pode interromper o carma. Modificá-lo, torná-lo possível de ser cumprido e impedir que a roda do destino se transforme num círculo vicioso.

– A escravidão dos espíritos é um mal sem precedentes. Às vezes não atinamos para isto².”

 

Este atendimento a seguir, é para refletir…

O espírito chega aprisionado, amarrado. Está agitado, revoltado..

– porque você está preso, o que fez para estar desta maneira…?

– eu matei mesmo… sou um assassino…. por isto me prenderam

Repete, repete esta fala, como um roda girando lentamente

– veja onde você está agora…

– estou preso, na prisão, você não está vendo?

você não está na prisão. Você está aqui, veja onde está! Dito em tom enérgico

Ele começa a prestar atenção onde está… olha surpreso…. começa a chorar copiosamente…

– não estou na prisão… aqui é limpo….olha os homens de branco…. quem é aquela mulher que me sorri?….

– ela diz que estou livre, que vai me levar com ela….vou com ela….

 

Ele chega pedindo para se livrar de um sujeito que não larga o pé dele.

tira ele do meu pé, ele não me larga. Onde vou ele está. Vou no mato, ele está, vou pescar ele aí agarrado…

– quem é ele?

– é um traste que vive agarrado no meu pé, pedindo para eu perdoar, pedindo piedade

– você sabe quem é ele?

– é um safado que eu matei, matei mesmo, mas acho que ele não morreu, não sai do meu pé, olha ele aí…?

– porque você matou?

– é, ele andou fazendo umas coisas que não devia com  minha família, aí eu levei ele no mato e enforquei ele. Pendurei ele na árvore, mas ele não morreu, fica pedindo piedade,  para eu perdoar ele, grudado na minha perna…

– mas ele falou isto antes de ser enforcado, não foi?

– é ele pediu para eu não matar ele, mas eu enforquei lá na árvore, mas ele não morreu, está grudado, Tira ele daí, me solta…

– e depois o que aconteceu, quando você enforcou…

– voltei para minha casa…  é apareceram uns homens armados….mas eu corri, saí por trás da casa…

– olhe lá no chão da casa… os homens deram muitos tiros em você, não foi?

– é, mas nenhum acertou em mim, fugi pelos fundos, saí correndo, os tiros não me acertaram…

– e quem é aquele deitado lá no chão, parecendo uma peneira, todo furado…?

– é eles deram muitos tiros, mas nenhum acertou em mim, fugi…

– mas veja que aquele corpo está todo furado no chão…

– lá não sou eu… eu estou vivo, você não está vendo… eu estou aqui…

– então vamos ver o que aconteceu com aquele corpo todo furado de bala, escorrendo pelo chão. Vamos ver o que aconteceu…

– estão levando ele para o cemitério, mas não sou eu, eu estou vivo, eu estou aqui…

– então não tem jeito… vamos ter que cortar sua perna para você se livrar deste aí que está grudado…

– minha perna não! Não vai cortar minha perna…

– mas não tem jeito, ele não desgruda. Desde que você passou a corda no pescoço dele, não atendeu o que ele suplicou…

– é… acho que ele morreu…. eu também morri….

– agora só com perdão para soltar…

– não vou perdoar ninguém….

– então continua grudado…  quem é este moço que está sorrindo para você e quer conversar?

– não quero conversar com ele. Este já morreu faz muito tempo… Não vou falar com morto…

– é melhor você conversar com ele, para entender as coisas. Vai ter que ir com ele….

“Para os espíritos que ainda conservam os hábitos humanos, a vida continua literalmente. Milhares vivem vagando por aí. Figuremos uma casa de marimbondos… Os espíritos que deixam o corpo pelas circunstâncias da morte, em maioria, vivem presos à psicosfera do Planeta, como marimbondos no exterior da casa, a voejar em torno dela mesma quando tenha sido semi-destruída. De modo geral, os desencarnados não têm outro ponto de referência que não seja o mundo físico e os afetos, ou desafetos, que deixaram na retaguarda…

– Principalmente desafetos, porquanto, se o amor liberta, o ódio escraviza. Durante a existência física, vivemos a nos sugestionar com a repetição de atitudes e a fixação dos pensamentos que acalentamos… Morrer é tão somente sair do corpo. Seria ótimo se a morte igualmente significasse o decesso das ilusões de dos equívocos que nos norteamos passos na trajetória empreendida do berço ao túmulo! Infelizmente não é assim: a morte não nos despoja de nós mesmos e nos coloca em confronto com uma realidade que não queremos aceitar, porquanto, para aceitá-la, teríamos que conjugar um verbo extremamente difícil – o verbo renunciar, em cuja conjugação não conseguimos ultrapassar a primeira pessoa…

– O corpo físico funciona para nós como uma espécie de esconderijo: ele não nos permite mostrar como realmente somos, pelo menos aos olhos alheios… à consciência não há quem possa ludibriar…  Após o desenlace, cada qual prosseguirá vivendo na órbita dos seus interesses²…”

 

O último espírito atendido, de certa forma, repete o mesmo quadro, daqueles que procuram um lugar para se esconder. Imaginam que a escuridão é a sua proteção. Ficam muito nervosos quando brilha a Luz. A claridade os desorientam, deixam-nos atônitos, assustados, revoltados diante de sua fragilidade. Tentam gritar, mostrar-se forte, para que seu medos não sejam revelados. Este problema se repete em todas as casas, abrigos, lugares cobertos. Espíritos buscam cantos escuros para se esconderem. Se o lugar não é muito freqüentado por pessoas, ficam lá pela eternidade. Se apossam do lugar. Já nos lares, ficam por algum tempo, até que alguém se sinta suficientemente incomodados e resolva “abrir a janela” daquele local e trazer a Luz.  Quando o ambiente se mostra pesado a limpeza tanto física quanto espiritual tem que ser acompanhada com leitura do Evangelho. Em qualquer ambiente, o que não tem utilidade deve ser descartado. O que não serve mais para uns, é útil para outros. Limpeza e Luz, eis a receita para um bom começo de mudança. Se temos a oportunidade de somar a um trabalho espiritual, tudo fica mais fácil.

É interessante que nossas casas, nosso lares, não são invadidos ou apropriadas por um único espírito, por um único bom inimigo. Oh!, não. Eles fazem questão de trazer seus “funcionários”, seus prisioneiros, para ajudar na ocupação da área conquistada. Nunca saberemos se fazem isto porque são fracos, ou porque são fortes como dizem, mas a verdade é que sabem como ninguém prejudicar aqueles que consideram seus desafetos. Como que para ajudar, o dono da casa e seus familiares, nunca têm um só credor, juntam-se na porta e são convidados para entrar para fazer parte do exército vingador. Parece história dos irmãos Green, de Andersen, de Isopo, que atravessam séculos e milênios na alma da humanidade. Evangelho de Jesus é nossa arma de Luz. A guerra é real, sempre presente. Descrentes, preguiçosos, relapsos, não utilizam o Evangelho, não o crêem, não estão dispostos a aceitá-lo. Perderam a guerra. Não importa a aparência exterior, foram subjugados.

Uma das primeiras providências quando atendemos um lugar e encontramos um “exercito” escravizado, dominado, assustado, é oferecer água, roupa limpa  e comida. Debandam e abandonam seus “chefes” instantaneamente. Não agüentam mais tanta sujeira e fome. Os dominadores ficam bravos. Tentam reagir, recuperar seus homens. Ameaçam, falam impropérios, clamam por vingança… Em alguns casos, na medida que vão sendo beneficiados, se acalmam, e também “trocam de lado”. Outros estão com o orgulho tão ferido, que não é possível uma resposta rápida, ter a sensação de alívio, permitir-se estar bem. Nestes casos os Amigos do Bem, colaboradores do trabalho providenciam um sono reparador e deixam que os esclarecimentos fiquem para um outro momento.

 

Quando terminamos qualquer atendimento, o grupo fica satisfeito, sabendo que mais uma vez cumpriu suas tarefas com respeito e amor. Cada um retorna à sua casa levando estas reflexões, estes exemplos… Todos somos um neste trabalho. A Luz que brilha para um, que busca o lar de um, está no lar do outro. Que Deus nos fortaleça sempre, para que possamos manter esta Luz Divina dentro de nossos lares, limpando nossos deslizes e tristezas e trazendo a esperança e a fé. Que Deus abençoe a todos, agora e sempre!

 

 

¹ livro Anjos Decaídos de Carlos Bacelli e Inácio Ferreira

² livro Por Amor ao Ideal de Carlos Bacelli e Inácio Ferreira

³ livro Trabalhadores da Última Hora de Carlos Bacelli e Inácio Ferreira

4 livro Diálogos com Dr. Inácio de Carlos Bacelli e Inácio Ferreira

5 livro O Outro Lado da Transição Planetária de Carlos Bacelli e Maria Modesto Cravo

6 livro Amai-vos e Instruí-vos de Carlos Bacelli e Inácio Ferreira

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