Mas a água é maravilhosa! Brilha!

GRUPO INÁCIO FERREIRA – ATENDIMENTO PROGRAMADO

 

A reunião desta quinta-feira, do grupo Inácio Ferreira, mais uma vez surpreendeu. Quem não foi perdeu.

 

Começamos com o alerta do dirigente Flávio para que todos observem com mais atenção tudo o que ocorre durante os trabalhos espirituais do Ciscos. Os espíritos estão nos fornecendo informações importantes de como os trabalhos estão decorrendo e cada participante provavelmente percebe estas informações de forma bem particular. É a soma destas captações que vão dando a dinâmica, o caminho, para o atendimento amoroso e eficiente.

 

Foi a brecha que o grupo precisava para abrir mais ainda sua convivência e amizade. Um daqui, outro dali foi dando sua posição, falando de suas dúvidas. O assunto que foi destacado sobre os atendimentos na quarta-feira, que foi enviado a todos, veio à tona, e surpreendeu a forma como o episódio foi entendido. Pontos de vista tão diferentes abriram ainda mais o despertamento, a atenção para os fatos que ocorrem ao nosso redor, e que não são visíveis, não são comprovados materialmente.

 

Dessa troca de opiniões para a sugestão de reuniões regulares de todos os trabalhadores do Ciscos a cada dois meses foi imediata. A próxima reunião geral, total e irrestrita será dia 28 de novembro, terça-feira, às 19:30. Falamos a próxima, porque nesta quinta praticamente aconteceu a primeira. Como foi prazeroso e profícua a troca de idéias e pensamentos.

 

A lição do ESE foi escolhida à dedo pela equipe espiritual: o perdão. Quantas vezes perdoarei ao meu irmão? Perdoá-lo-eis, não sete vezes, mas setenta vezes sete. Eis um desses ensinos de Jesus que devem calar em vossa inteligência e falar bem alto ao vosso coração. Perdoarás, mas sem limites; perdoarás cada ofensa, tantas vezes quantas ela vos for feita; ensinarás a teus irmãos esse esquecimento de si mesmo, que nos torna invulneráveis às agressões, aos maus tratos e às injúrias, serás doce e humilde de coração, não medindo jamais a mansuetude; e farás, enfim, para os outros, o que desejas que o Pai celeste faça por ti. Não tem Ele de te perdoar sempre, e acaso conta o número de vezes que o seu perdão vem apagar as tuas faltas? Se vos dizeis espíritas, sede-o de fato: pensai apenas numa coisa: no bem que possais fazer.

 

A mensagem da mentora foi emocionante. Vocês precisam se dedicar mais ao perdão. Exercitar ao auto perdão e o perdão ao seu próximo.

 

Os atendimentos espirituais começaram. Era uma continuação de socorro anterior. Os diálogos eram verdadeiros alentos, quando confirmavam que os efeitos já se faziam sentir de forma que incomodava aqueles que se sentiam desalojados de seu conforto de perturbadores do sossego alheio. É interessante quando o espírito chega bravo e reclamando que está sendo perturbado pelo trabalho amoroso da casa dos Ciscos. No fundo nos causa alegria, aumenta nossa esperança em dias melhores para todos os envolvidos. É uma sensação única, que sai lá do fundo d’alma.

 

Uma das médiuns percebeu a atendida pelo trabalho de desobsessão programado, encolhida, com muito medo, em um canto escuro, sendo bicada na cabeça por uma ave com um grande bico. Muito triste só de imaginar uma cena desta…

 

Sarcástico e desafiador. Assim ele se apresentou.

vocês são muito inocentes, são criancinhas… vocês não sabem nada

– que bom que você está aqui para ensinar a gente, nós vamos ficar muito agradecidos pelo seu conhecimento

– não podem comigo, sou poderoso

– você está vendo esta luz que está aí

– essa luz é muito fraquinha, isso aí não acontece nada

– preste atenção, ela vai vibrando, mudando de intensidade, fica olhando

– esta luz está me enfraquecendo, tira esta luz daí

A luz foi envolvendo, ele foi cedendo e começou a ouvir e foi se aceitando. A mensagem foi para ele se perdoar…

agora você viu o outro lado da situação. Agora vou levar você para um lugar maravilhoso para você pensar no que viu e no que falamos. Está vendo aquele lago, a árvore, o banco, vai até lá, descansa, reflete, tira uma soneca e depois você faz suas escolhas…

 

Chegaram reclamando.

Vocês nos colocaram na rua, não podemos mais ficar dentro da casa, puseram a gente pra fora

– você não precisam ficar na rua, podem ficar aqui conosco

– mas eles não vão deixar, nós temos que ficar lá perturbando bastante, queremos entrar na casa e vocês nos puseram para fora

– muito covarde isto… pra que viver assim? Podem viver bem melhor…

– mas ela não se ajuda…

– que covardia! Vocês batem dia e noite, judiam sem dar trégua e falam que ela tem que se defender?

– se a gente sair, eles batem na gente, vão nos machucar

– aqui estarão seguros, ninguém vai machucar vocês

– somos em quatro, estamos na rua, é muito ruim ficar na rua…

– fiquem aqui conosco, vocês merecem ser felizes, sair desta vida

– a gente não vai apanhar?

– enquanto conversamos você está sendo maltratado?

– estamos com frio, estamos sujos…

A dialogadora abraça o espírito, num momento de ternura indescritível. Uma luz azul cobria a todos neste abraço, era um abraço de luz que abraçava o espírito, a médium e a dialogadora. Emocionante…

 

Passados alguns momentos chega o capataz dos quatro espíritos que foram socorridos. Veio revoltado, ameaçador, desafiador. Queria seus trabalhadores de volta, em seus postos. Aos poucos, com muitos passes de ternura e amor, foi se acalmando, compreendendo a situação, percebendo a antiguidade de suas mazelas e começou a aceitar a proposta de uma nova esperança de vida. Foi ficando e ficou. Mais um ser abençoado em busca da Luz!

 

O espírito chegou balançando o braço esquerdo. Parecia algo sem forma. Falou que não tinha braço. Foi arrancado por tortura. No seu todo estava em péssimas condições. Contou que foi torturado porque não concordou em fazer alguma coisa que o obrigaram. Durante todo o diálogo recebia passes refazedores. Ia mostrando alívio aos poucos, até que admitiu que o braço estava em ordem e não doía mais.

se você se recusou a fazer algo que não concordava é porque tem uma fagulha de amor dentro de si

– não é por isto… não fiz porque não queria fazer… não tem nada de bom dentro de mim

– faz tempo que você vive assim, olha o estado que você está, pode viver melhor, pode escolher uma vida melhor

– só quero fazer o mal, quero vingança, não quero ser bom, vivo assim nem sei desde quando

– você não se lembra de seus amores, eles sempre te acompanham e esperam você

– não tenho ninguém, não lembro de ninguém, quero apenas vingança…

– você parece um robô, não parece gente, só fala vingança, vingança, vingança

– eu sou assim, quero ser assim, ser bom não vale à pena, ser bom é ser bobo

– você fala assim porque já foi bom

– tenho medo

– aceite a ajuda de Jesus para viver melhor

– não tem jeito, quero vingança, quero que ela sofra e aprenda com o sofrimento a não fazer mais…

– você quando sofreu, aprendeu também?

– !?

– porque hoje você não sofre mais, a vingança lhe dá prazer, não existe mais sofrimento em você…

– !?… não fale assim, não me faça sofrer….

– você é fraquinho de vingança, quantos séculos está fazendo a mesma coisa?

– só quero vingança… meu braço está melhor… estou sentindo meu braço…

– beba esta água translúcida que estão te oferecendo… tem remédio…

– estou melhor

– é por isto que estamos convidando você para ficar aqui, para melhorar…

– tenho medo

– mas não teve medo de beber a água…

– !!! … mas a água é maravilhosa! Brilha!

– se você teve coragem de beber esta água maravilhosa, pode ter coragem de buscar o novo, fique aqui com a gente, se trate, melhore…

– vou ficar…

 

Vieram em bando, muitos, muitos. O líder veio conversar. A tarefa deles é perturbar, atormentar, não dar folga, não dar sossego. Manter no desespero. A ordem a ser obedecida é não dar trégua. A dialogadora começa a conversar e pergunta porque fazer isto, qual a vantagem de obedecer uma ordem desta envergadura.

você também obedece seu chefe… ele fez um sinal para você e você obedeceu correndo e veio falar comigo…

– isto não é obedecer, estou aqui com a maior satisfação, quero estar aqui conversando com você, isto me faz bem…

A resposta abalou os argumentos, abriu espaço para o diálogo que atingia a todos. Perderam a noção do tempo, não sabem desde quando estão fazendo a mesma coisa, recebendo e acatando ordens. Não acreditam que possam ser lembrados por Jesus e receber algo de bom…

Aos pouco foram entendendo o convite e aceitaram ficar conosco e serem ajudados.

 

Estava irredutível. – Ela é minha.

Estão ligados há séculos. As razões se perderam no tempo. Ele não tem outra referência, não tem nada. Está apegado a uma pessoa, ou esta pessoa é sua tábua de salvação para não se sentir no nada. Impressiona o vazio em que se encontra. A sua mente está reduzida, já nem lembra quem foi, o que fez, porque está deste jeito. Não pode largar porque não existe.

sinta estas boas vibrações que estamos enviando para você…

– não posso…. não sei o que é isto… não posso me afastar dela… ela é minha…não vai viver com ninguém.

– sinta estas boas energias que Jesus está enviando para você, está te envolvendo…

– Jesus!?… não pode ser… ele nunca vai querer estar comigo… eu não existo para ele…

– por que não?  Ele está com todos nós e com você também…

– não sei quando… não existo… Jesus não vai se preocupar comigo… não posso deixa-la, só tenho ela…

A partir deste instante o tratamento passa a ser outro. É providenciado uma cúpula isoladora, onde ele ficará por algum tempo. Sozinho, depois de receber doces vibrações, terá condições de refletir sobre sua situação nos últimos séculos. Precisa do isolamento como tratamento. Isto não impede de ter oportunidade de conversar com quem possa ajudá-lo.

 

Atendimento como este nos remetem à informações dos livros de Inácio Ferreira sobre os tratamentos para casos semelhantes no Hospital Esperança na qual ele é responsável pela ala psiquiátrica. Não são terapias fáceis. Exigem muito tempo, dedicação, tratamento de passes, diálogos, esclarecimentos, recordações. Primeiro a sensação de vazio, perda irreparável, do não existir. Aos poucos vai despertando o auto reconhecimento, fragmentado, cheio de espaços não preenchidos. Lembranças soltas, incongruentes, parciais, e a dor do arrependimento. Não importa a falta, é o desespero pelo desespero. Aos poucos o perdão começa a se insinuar. Como disse a mentora na abertura do trabalho, precisamos investir no auto perdão. Dificílimo para todo ser humano se aceitar exatamente como é. Doentes todos nós somos.

 

O trabalho chegou ao fim. Recebemos um passe coletivo, muita energia no ambiente. Todos quietos, meio letárgicos, sem palavras,  agradecidos por tamanha oportunidade de trabalho. Que Jesus cuide de todos nós, humanidade terrena!

 

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