O trabalho de hoje, foi um recado para todos nós. Denso, interessante, alertando nossa conduta. Desde o início, com a leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo, conversamos sobre fazer o bem sem olhar a quem, e principalmente sem esperar agradecimento. Como temos muita liberdade de ultrapassar o politicamente correto espírita, expressamos nossas considerações para aqueles que são verdadeiros pidões. São pessoas que se especializam em conseguir algum benefício a qualquer custo. Em nome de necessidades aparentes, agem de acordo com seus interesses, não importando se prejudicam os outros. Não é porque seguimos a orientação espírita, que temos que nos submeter a estes verdadeiros 171 da desgraça.
Discutimos também a necessidade de ampliar nossos estudos. Encontrar uma maneira de fazer com que todos se preparem mais para nossas leituras e troca de informações. O capítulo da leitura tem um título bastante sugestivo: Operação Peçonha. A médium descreve lugares abaixo da Crosta, escura, lamacenta, viscosa, habitada por espíritos de vibrações inferiores às nossas. Isto nos remete às explicações de Inácio Ferreira no livro A Vida Viaja na Luz4. – Ao deixar o corpo, o espírito sobe ou desce, isto é, de acordo com sua vida mental e consciência, o que determina o peso específico de seu perispírito , ele se arremessa ao passado ou se projeta em direção ao futuro. Existem espíritos que, quanto a tempo e a espaço, retrocedem, passando a habitar regiões abaixo da Crosta; outros, como que se adiantam no tempo e no espaço, povoando as dimensões acima da Crosta. Crosta é o lugar que vivemos como encarnados. Continuando com Inácio²: … Dos sete planos existentes, Abismo, Trevas, Crosta, Umbral, Amor Fraterno Universal e Diretrizes do Planeta. Dois planos considerados subcrostais e cinco outros a partir da Crosta Terrestre. André Luiz foi ainda mais longe referindo às dimensões paralelas…. Estes lugares horripilantes para nossa realidade, ao são fruto de nossa imaginação. São mundos reais, que o médium consegue transitar, sem pertencer a ele, do mesmo modo que também consegue visitar planos mais sutis e radiantes.
Continuando o estudo da leitura, surge outra situação, que é o ataque das sombras sobre um grupo espírita que está socorrendo uma determinada pessoa. Muito semelhante ao que realiza o Grupo Inácio Ferreira. No caso relatado, o espírito era especialista em colocar junto aos encarnados, bichos peçonhentos para retirar energia e causar muito incomodo. No relato houve uma intervenção direta dos índios protetores do grupo de trabalho. Isto demonstra que qualquer trabalho, depende de uma conquista através da labuta que garanta proteção permanente de espíritos especializado neste tipo de tarefa. Para compreender melhor: num ataque de peçonhentos, não será um espírito filósofo que vai defender o grupo. Terá que ser espíritos mais acostumados com a natureza. Grupo que não tem uma boa equipe de índios, caboclos, pretos velhos, corre perigo.
Entender a presença importantíssima de índios, caboclos e pretos velhos nos trabalhos espíritas, ainda é para poucos. Esta dificuldade está enraizada nos conceitos europeus do século XIX em que Kardec vivia, que afirmava que a raça branca era superior. Kardec demonstra ser um homem de seu tempo, embora com visão de futuro, em duas afirmações, que hoje não se sustentam e tranquilamente podem ser desqualificadas. No livro A Gênese4 afirma: “Com efeito, seria impossível atribuir a mesma antiguidade de criação aos selvagens que mal se distinguem dos macacos, que aos chineses, e ainda menos aos europeus civilizados” e em Obras Póstumas5, quando trata da “Teoria da beleza”: “O negro pode ser belo para o negro, como um gato é belo para um gato; mas não é belo no sentido absoluto, porque os seus traços grosseiros, seus lábios espessos acusam a materialidade dos instintos; podem bem exprimir paixões violentas, mas não saberiam se prestar às nuanças delicadas dos sentimentos e às modulações de um espírito fino”.
Uma explicação interessante encontramos nesta ponderação de Moab José³: “Praticamente nasci e cresci na casa espírita, onde, desde cedo percebi atitudes discriminatórias com relação aos chamados espíritos de índios, caboclos e pretos velhos. Vistos como “irmãos inferiores” dentro da escala evolutiva, ainda hoje, esses espíritos continuam a usar a “entrada de serviço” ao chegarem aos centros. A velha visão “eurocêntrica” tão comum aos europeus da época de Allan Kardec, continua a ser aceita sem restrições no meio espírita. E isso, porque nós espíritas alardeamos aos quatro cantos do mundo que o espiritismo é uma doutrina científica e progressista. Alguns conceitos contidos nas obras básicas – e isso não é motivo para termos vergonha -, necessitam ser atualizados em caráter de urgência. Se não o fizermos, correremos o risco de cairmos no ridículo. A minha admiração por Allan Kardec reside justamente no fato de ele ter sido um homem como outro qualquer. Deixou uma inestimável contribuição ao pensamento humano, porém, sofreu as limitações impostas pela época em que viveu, pensou e escreveu. Isso, não é nenhum desdouro. De que adiantou Kardec ter dito que o espiritismo deveria sempre acompanhar a ciência? De que fé inabalável somente seria aquela capaz de encarar a razão face a face? Kardec não criou essa visão antropológica, apenas seguiu a idéia predominante na época: o etnocentrismo: “visão do mundo característica de quem considera o seu grupo étnico, nação ou nacionalidade socialmente mais importante do que os demais”. O que é inadmissível, contudo, é que ainda hoje tais conceitos permaneçam presentes em tais obras. Numa época em que o Projeto Genoma desfez a crença de que existe uma raça superior, demonstrando que negros, índios, brancos e asiáticos diferem apenas 1% em seus “gens” – ou seja, de que as raças inexistem. Libertemos então, dessa visão estereotipada, ultrapassada e preconceituosa, nossos índios, caboclos e pretos velhos, permitindo-lhes trânsito livre e que possam nos favorecer com sua sabedoria e espiritualidade.”
Uma vez desencarnado, o espírito mais lúcido e evoluído, não mais pertence a qualquer das raças humanas terrenas. Não tendo mais corpo físico, o espírito não é amarelo nem negro ou branco. O espírito poderá apresentar em seu perispírito (corpo espiritual) características de alguma raça, se isto for necessário para seu trabalho da mesma forma que um trabalhador na terra, veste uniforme e equipamentos para poder exercer sua função. A evolução não tem nada a ver com a expressão física ou lingüística. Espíritos que se manifestam como pretos velhos, índios e caboclos, podem ser muito evoluídos, tanto quanto podem ser atrasados. O produto, o conteúdo do que faz é que determina quem é. Os espíritos desencarnados, quando evoluídos, podem adotar a forma e o linguajar que lhes aprouver. É uma opção e uma rotina entre os trabalhadores espirituais. Richard Simonetti relata um acaso interessante: um médium vidente, visitou certa feita um grande terreiro de Umbanda em vitória, Espírito Santo. Viu algo que o perturbou: o Espírito de Frederico Fingner, que foi dedicado diretor da Federação Espírita Brasileira, manifestar-se como um preto velho. Julgou estar tendo uma alucinação e logo esqueceu. Algum tempo depois, em visita a Uberaba, ouviu alguém perguntar a Chico Xavier por onde andaria Frederico Fingner. E Chico responde: Anda dando assistência a um terreiro de umbanda em Vitória, no Espírito Santo.
O primeiro atendimento, veio de encontro aos estudos preliminares. O espírito chegou, fazendo movimentos com as mãos, indicando algo referente ao mental. Coma aproximação do dialogador, tentou fazer conexão de mental para mental. Imediatamente foi projetado energias contra sua energia, fazendo uma interrupção, um corte. Em seguida, na medida que ele se surpreendeu, energias foram projetadas no seu frontal.
– estou aqui para colocar dúvida, é isto que eu faço, coloco dúvidas na mente de todos vocês
– agora você está recebendo energia, luz para se livrar da dúvida e ver sua verdade
– não quero ver isto, estou com minha turma, ligada a todos vocês, colocando dúvida em todos vocês
– da mesma maneira que você está sendo ajudado agora, para se livrar a dúvida e compreender a própria realidade, seus amigos também estão sendo atendidos.
– vocês não vão conseguir nada com eles
– já conseguimos, olhe para trás e veja, foram todos embora, descobriram coisa melhor para fazer
Neste momento o espírito fica abalado, desmontado, se encolhe
– agora vamos cuidar de você. Estamos te cobrindo com uma camada de remédio, diferente do que você conhece. Tome um pouco desta água. Agora você vai dormir…
Outro atendimento. Este espírito está na casa de um médium do grupo. Facilmente identificado. Está todo amarrado, enfaixado, como uma múmia. Passes dispersivos cruzados, são jogados nele, com vigor para desfazer todas as ataduras que o amarram. Depois passes de libertação, retirada dos fluidos deletérios. O espírito vai demonstrando alívio ao mesmo tempo que está envolto em muita poeira.
– está livre das amarras, pode ser mexer
– não acredito que me livrei disto, tem muito pó…
– vamos limpar esta poeira velha de múmia.
São aplicados passes de harmonização, primeiro em círculos, e depois suavemente, longitudinalmente, sobre todo seu corpo.
– como é que você ficou assim?
-ele me pegou, pegou todos nós. Ele tira nossa energia até a gente ficar seco, igual a uma múmia
– agora você vai melhorar
– olha! Estou enchendo, ficando gordo, meu corpo está ficando grande…
– pense em todos os outros que você viu na mesma situação. Vá pensando neles e trazendo para cá, vamos cuidar de todos.
– não vão conseguir, ao muitos, parece um exército, estão todos secos
– aqui nós temos como cuidar de todos eles, trabalhamos com uma medicação diferente do que você conhece, vão ser todos preenchidos novamente
– mas está demorando, não sei…
– veja eles estão aumentando também..
– são muitos, está bem devagar…
Agora você vai pensar no homem que fez isto com vocês, precisamos falar com ele. Traga mentalmente para cá.
São aplicados passes de luz sobre o médium. Juntam outros médiuns para fortalecer as energias. O espírito chega com escárnio.
– vocês não podem tirar o que é meu.
Fala bravo, dá risada, briga com o índio. Não parece muito amendontrado com o que está acontecendo.
– ela é minha, sempre trabalhou comigo, agora está diferente, mas vou voltar
– você vai com este índio para outro lugar
Ri do índio, o desafia, não parece ter muito medo da situação que está. É levado pelos índios.
Algumas características dos passes6 de distribuição ou dispersivos: dispersar entre outras coisas significa – fazer ir para diferentes partes, pôr em debandada, espalhar
- Filtram os fluidos, refinando-os para os atendimentos de cura e equilíbrio; o passe dispersivo, como equilibrante e reordenador dos fluidos e centros vitais é fundamental para uma boa absorção fluídica do atendido
- Introjetam os fluidos que ficam, por motivos vários, armazenados nas periferias dos centros vitais para consumo gradual do paciente; os passes de limpeza ou distribuição, auxiliam realmente na maior assimilação e distribuição energética por todo o corpo, como também na retirada dos excessos.
- Catalisam fluidos, aumentando seu poder e velocidade de penetração, fazendo uma assepsia no campo vibratório do paciente facilitando a penetração dos mesmos, facilita também o alcance e transferência entre os centros vitais; quando em grande circuito, faculta a harmonia e o equilíbrio entre os centros vitais;
- Esparge as camadas fluídicas superficiais, deixando mais visíveis e sensíveis os focos de desarmonias; elimina os excessos de concentrados fluídicos por ocasião do passe, assim favorecendo ao paciente uma sensação de equilíbrio e ao passista uma compensação fluídico-magnética que reduz muito a possibilidade de uma fadiga;
- Resolve desarmonias causadas por fadigas, embora nestes casos seja quase sempre requerida a ingestão simultânea de água fluidificada;
- Corrige eventuais equívocos no uso de técnicas de passe; redireciona cargas fluídicas entre os centros vitais. Por fim, é certo que os dispersivos extraem excessos fluídicos redirecionando-os mesmo, para regiões mais necessitadas. Os excessos são extraídos exatamente porque não estão retidos pela combinação ou afinidade, daí a maleabilidade em seus manuseios.
Uma preta velha vem nos aconselhar:
– Que tipo de corrente nós queremos ser? Cada um é um elo da corrente. Todos os elos tem que ser fortes e mais resistentes. Se manter unidos. Não ser frouxo, ser um elo firme para não quebrar a corrente.
Outra médium é intuída:
Cada um do grupo está diminuindo o próprio círculo de proteção. Todos são muito protegidos, pelo espíritos, mas cada um está diminuindo as próprias defesas, seus limites. Não falta proteção, vocês têm proteção demais, está faltando a conduta de cada um, o problema não é dos espíritos, e do comportamento pessoal, da sua fé. O Pai nos dá a oportunidade de caminhar na luz. Devemos questionar a nós mesmos do porquê nos permitimos cair. Nós estamos abrindo frestas e permitindo infiltração de coisas ruins.
Ao término o mentor deixou mais este alerta convite.
Vocês são como o pão. Tem a semente, o fermento, leveda, cresce. Agora o pão está pronto para ser dividido. O mundo está em transformação e todos aqui podem distribuir o pão, divulgar o Evangelho.
¹ livro O Drama de Um Desconhecido – Luiz Gonzaga Pinheiro
² livro A Vida Viaja na Luz – Inácio Ferreira e Carlos Bacelli
³ artigo: Moab José de Araújo e Sousa – Lar “Pouso da Esperança” – São Luiz, MA – julho de 2005.
http://www.forumespirita.net/fe/outras-doutrinas-espiritualistas/pretos-velhos-indios-e-caboclos/#ixzz4avHPyLv6
4 livro A Genese – Kardec cap 11 Gênese Espiritual pergunta 32
5 livro Obra Póstumas – Kardec 1ª parte cap 11 Teoria da Beleza
6 As técnicas do Passe – Aluney Elferr Albuquerque Silva
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/elferr/as-tecnicas-do-passe.html