Agora entendi o que é ajudar…

 

Se você odeia alguém, é porque odeia alguma coisa nele que faz parte de você. O que não faz parte de nós, não nos perturba.

Hermann Hesse (1877-1962)

 

 

O grupo recebeu um pedido de socorro de uma médium participante. Familiares queridos estavam em séria dificuldade espiritual, sendo atacados e não sabendo como se defender. O primeiro ímpeto foi ajudar rapidamente, urgentemente. O grupo porém é aberto para opiniões, sugestões, posicionamentos. Feita a reunião, em outro trabalho, grupo Fabiano de Cristo,  onde a maioria do Grupo Inácio Ferreira também participa, ficou combinado que na noite seguinte, hoje, a família seria atendida. Também ficou decidido, que nenhum membro daquele grupo familiar participaria da reunião. Não conhecem a Doutrina, nunca participaram de um trabalho espiritual, portanto não havia nenhum suporte para que assistissem este trabalho.

 

“Bilhões de almas no planeta, seja no corpo físico ou fora dele, clamam por esperança e paz. A vida astral padece de nutrição, orientação, socorro, acolhimento e alívio.
O submundo já não se comporta nas regiões subcrostais da Terra e se transpôs para as avenidas e escolas, prisões e templos, barracos e mansões, instituições e centros de lazer. O inferno literalmente se deslocou para o solo terreno.

Por conta dessa carga vibratória ignorada pelo homem mentalmente dominado pelo materialismo, pesa sobre a economia das nações em desenvolvimento um ônus que não é apresentado nos tribunais do mundo e nem nos projetos de assistência social dos órgãos públicos.
O chamado de Jesus pede nossa participação.

Estendamos nossa rede de luz e socorro nesse momento tão decisivo de nossa casa planetária. Afinal, é impossível a regeneração do planeta sem a limpeza do submundo astral, onde ainda se encontram as raízes de toda a maldade e de todos os problemas da Terra, em todos os tempos de sua história.”

Maria Modesto Cravo – O Lado Oculto da Transição Planetária²

Foram estas palavra de Bezerra de Menezes que iniciaram nossa preparação para o trabalho desta noite. Sabemos que somos ínfima parcela neste Universo em que Seres de Luz descem até nós, cooperando, assistindo, orientando e esperando nossa doação de trabalho responsável. Enquanto ouvíamos as recomendações de Bezerra, ficamos matutando sobre qual é a nossa parcela nesta expectativa de trabalho para o bem. Os amigos nos elevam, dizem que o que fazemos é bom, ajuda o próximo, nos deixam entusiasmados. Mas diante de tanto sofrimento, qual será realmente nossa participação…

O livro de estudo aumentou nosso estado de alerta para um trabalho espiritual desta envergadura. Assuntos intrigantes descortinavam nosso conhecimento sobre desobsessão. Como lidar com vampiros durante um trabalho espiritual. Normalmente este assunto não é ventilado, os compêndios que orientam a conduta espírita e as regras a serem seguidas nos trabalhos de desobsessão, não abordam o “como lidar” com estas situações. Esta virtude o Grupo Inácio Ferreira tem, sem nenhuma falsa modéstia. Buscamos o conhecimento com liberdade de pensar. Ainda bem que alguns autores destemidos tornam-se nossos orientadores em trabalhos desta complexidade. No mesmo capítulo foi apresentado atendimento a uma encarnada, em situação de muito sofrimento. Mesmo distante o espírito foi trazido para um diálogo de socorro, outro foco de perguntas e elucidações. Assim funciona este grupo; primeiro muito estudo e depois, muita dedicação com amor e perseverança.. Ou será o contrário…

Estávamos pensando sobre todos os ensinamento da noite quando foi aberta a página do ESE, cap 20, Trabalhadores da Última Hora,III Trabalhadores do Senhor,  Espírito de Verdade, Paris, 1862

“ Chegastes no tempo em que se cumprirão as profecias referentes à transformação da Humanidade. Felizes serão os que tiverem trabalhado o campo do Senhor com desinteresse, e movidos apenas pela caridade! Suas jornadas de trabalho serão pagas ao cêntuplo do que tenham esperado. Felizes serão os que houverem dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos, e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, na sua vinda, encontre a obra acabada”, porque a esses o Senhor dirá: Vinde a mim, vós que sois os bons servidores, vós que soubestes calar os vossos melindres e as vossas discórdias, para que a obra não sofresse!” .

Muita dor, como dói a alma, o corpo. Os atendimentos foram uma seqüência de dor. A dor não vinha sozinha, a revolta acompanhava, o desejo de vingança…

Chegou gargalhando, feliz com os resultados alcançados. Estava realizando sua vingança, tinha que estar feliz…

– realmente você está muito feliz com o que está conseguindo fazer…

– estou feliz, vingança, só quero vingança…

– puxa vida… enquanto você está preso nos resultados, não está vendo a sua perna!?

olha desconfiado, – não é nada…

– mas está muito doente, precisamos tirar estas correntes que te aprisionam e machucam…

– não é nada… mexe a perna bem devagarzinho… está doendo… Você é que está me machucando… não tinha nada na minha perna…

– veja como está… ainda bem que você está num hospital, a enfermeira está aí para limpar os ferimentos… precisamos tirar tudo isto da sua perna…

– não preciso… não tinha nada na minha perna… você é que está me machucando…

– agora os médicos estão tratando… ainda bem que você está num hospital… mas tem que fazer curativo

– não gosto daqui, vou embora…

– olhe com atenção onde fica este hospital, daqui uma semana volte para fazer o curativo senão a ferida vai piorar…

– não vou voltar… não gosto daqui…

– não se esqueça do curativo, os médicos estarão aqui te esperando…

 

O médium informou que os espírito não queria vir, ficava de longe. Aos poucos, por indução magnética foi chegando…

– que vocês querem de mim?

– ajudar você… está precisando

– ninguém ajuda ninguém…

– você nunca ajudou um amigo quando criança, não escondeu algum segredo para ajudá-lo?

– não. Nunca fiz nada pra ninguém, sou mau… também torto como nasci, ninguém gostava de mim e eu não gostava de ninguém…

– você tem que saber que nasceu torto por uma boa razão do seu passado, boa coisa você não vez antes desta vida…

– …. é, eu era mau mesmo, fazia sofrer…

– agora nos te trouxemos aqui para te ajudar…

– ajudar como!? Não tem jeito…

– você não se lembra, mas virá pessoas que você conhece de muito tempo e vão te ajudar…

– estou vendo uns médicos… mas sou torto, não tem jeito…

– tem sim… que parte do seu corpo te dói mais?

– meu braço, minhas costas…. vê não mexe… está duro, dói muito…

– os médicos estão cobrindo seu braço com um gel… sinta…estão te tratando…

O braço continua duro, preso. A dialogadora pega sua mão e suavemente vai dizendo que o braço vai voltar a movimentar. Ele expressa muita dor com o primeiro movimento. A dialogadora fica receosa de causar dor no médium. Delicadamente insiste que ele pode movimentar o braço.

Ele quase não acredita… está espantado… olhos arregalados… – agora entendi o que é ajudar…

agora você vai ser levado, tratado e vai aprender muito. Por algum tempo ficará longe de seu passado que provocava dor nas pessoas. Vai aprender muito, o tempo vai passar, viver diferente e quando estiver pronto poderá voltar a encontrar todos os envolvidos na sua história…

 

           Ao mesmo tempo outros diálogos aconteciam. Muito não aceitavam ouvir, iam embora revoltados. Alguns estavam em tão mal aspecto que influenciavam o organismo de alguns médiuns. No final do trabalho, os médiuns voltaram a se sentir bem.

 

Não quero ficar aqui… quero ficar lá, no meu canto…

– não dá mais e também que graça tinha em ficar lá!?…

– a gente faz bagunça, faz todo mundo brigar…

– só isto? Só para não tomar uma surra!?

– eu não apanho, faço tudo direito…

– você não acha que é muito pouco?… atormentar para não apanhar… ficar cuidando do pessoal… muito medíocre….

– agora esse índio metido tirou a gente de lá…

– e quando o índio tira, não tem mais volta…

– voltar de que jeito, de repente encheu de índio lá, colocaram a gente pra fora e trouxeram para aqui. Lá agora não dá para voltar, e o que a gente vai fazer agora?

– veja como é… uma companheira de trabalho nossa, pediu ajuda e com os méritos dela, a ajuda invadiu a casa

– tá cheio de índio lá, puseram a gente tudo pra fora…

– vocês podem ficar aqui, viram este jardim como é lindo!?

– não acho não, não gosto de flores, não estamos acostumados com isto

– prestaram atenção nas bicas d’água. Vocês podem beber água nos bebedouros. Tome desta água, fale para todos tomarem…

Bebe a água e arregala os olhos – que água é esta? O que tem nesta água?

– vocês estão vendo o riacho, podem tomar banho lá…

como vamos tomar banho, vamos ficar pelados, com todas essa gente aqui?

– fiquem sossegados… os índios fazem uma cerca… tomem banho à vontade…

Está deslumbrado… – que brilho é este na água, sai lá do fundo… as cores mudam….tem formatos na água, mudam os formatos… tudo brilha… como pode ser tão lindo!?

– agora vocês vistam as roupas novas e podem ir comer, vejam a mesa do banquete…

– eu menti para você, desculpa… o jardim é lindo, fiquei falando que era feio, tudo é lindo…

– você está melhor do que nós encarnados. Nunca vi este jardim, sei que é lindo, você pode ver, nós ainda não…

Pega a mão da dialogadora em agradecimento e coloca uma pedrinha – o índio deixou pegar no fundo da água para dar para você…

– sejam todos muito felizes…

No encerramento a mentora, chamou atenção para necessidade de não esquecer a caridade em nossas orações ao dormir, ao amanhecer, durante todo o dia. O mundo está mudando, vocês estão percebendo isto. Precisam colaborar, ter mais amor e caridade no coração, esquecer melindres. Trabalhar com amor no coração e caridade

Qual a mensagem inicial “Vinde a mim, vós que sois os bons servidores, vós que soubestes calar os vossos melindres e as vossas discórdias, para que a obra não sofresse”.

 

Obs: nos pareceu ser uma entidade feminina que deu a mensagem final, mas o importante é a compreensão do recado…

 

¹ livro O Drama de Um Desconhecido – Luiz Gonzaga Pinheiro

² livro O Lado Oculto da Transição Planetária – Wanderley Oliveira e Maria Modesto Cravo – prefácio de Bezerra de Menezes

 

 

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