“ Sempre o velho círculo vicioso – quando fora da oportunidade bendita
de trabalho terrestre e vendo a extensão das próprias necessidades, desvela-se o
indivíduo-espírito em prometer fidelidade e realização, mas, logo que se apossa
do tesouro do corpo físico, volta ao endurecimento espiritual e ao menosprezo
das leis de Deus” André Luiz
O trabalho desta quinta-feira, podemos dizer que estava no prumo. Denso, correto, proveitoso. Atribuímos o excelente resultado à minuciosa preparação. Começamos com o ESE no capítulo 13, recomendando cuidado com nossas beneficências em relação ao outro. O título do capítulo é preciso: que sua mão esquerda, não veja o que faz a direita.
A leitura na preparação, de um pequeno trecho do livro de estudo¹, nos levou a muitos questionamentos. Duas páginas de leitura, que exigirão mais do que uma reunião para estudo. O primeiro destaque, é a tentativa de ter razão nas atitudes, utilizando falácias como argumentos. “ Todos os que aqui freqüentam, o fazem de livre vontade. A sua invasão (dos médiuns e protetores do trabalho no reduto daqueles trevosos) é uma intolerável agressão ao livre-arbítrio de cada um (dos espíritos que estão aprisionados naquelas furnas) e deve ser punido exemplarmente (tentativa de medir forças)”.
Foi feita a pergunta para o grupo: porque uma pessoa encarnada, durante a noite escolhe ir para lugares piores do que aquele que vive durante sua vigília? Lembramos do personagem principal do livro² Além do Infinito Azul, que durante o dia, era médico muito querido e dedicado enquanto que à noite escolhia lupanares e bordeis das trevas, onde saciava sua sede de prazeres – foi preciso muita intervenção dos amigos do alto, para que conseguisse fazer melhores escolhas, além de uma boa lição da Vida, que não poupa ninguém dos aprendizados necessários. O que poderia ser uma explicação, é que muita gente considerada “boa ou elevada” é apenas fruto do atual momento de suas experiências encarnatórias. Pode estar desfrutando nesta encarnação a oportunidade de boa família, amigos, influências e estar se esforçando ao máximo para corresponder à oportunidade. Porém, ao entrar no sono, acaba por reencontrar seus “velhos amigos e companheiros” e se compraz nos antigos hábitos, mesmo que estejam contrastando com suas palavras e pensamentos manifestos durante a vigília.
André Luiz³ explica: “Existe um programa de tarefas edificantes a serem cumpridas por aquele que reencarna, no qual os dirigentes da alma fixam a cota aproximada de valores eternos que o reencarnante é suscetível de adquirir na existência transitória. E o espírito que torna à esfera de carne pode melhorar essa cota de valores, ultrapassando a previsão superior, pelo esforço próprio intensivo, ou distanciar-se dela, enterrando-se ainda mais nos débitos para com o próximo e consigo, menosprezando as santas oportunidades que lhe foram confiadas. Todo plano traçado na Esfera superior tem por objetivos fundamentais o bem e a ascensão, e toda a alma que reencarna no círculo da crosta, tem recursos para melhorar sempre”.
O novo livro de Inácio Ferreira, Egos em Conflito, que acabou de sair do forno, agora no mês de outubro de 2016, fala dos nossos diversos egos, correspondentes a cada experiência reencarnatória. Muita vezes a persona que somos e construímos hoje, não suplanta outra de ontem. Podemos ser muitos, identificados pelo nome da certidão de nascimento de hoje. No prefácio do livro o autor assinala “À semelhança do homem que respondeu a Jesus, meu nome é Legião, todos nós podemos dizer que, em verdade, o nosso nome também é “legião”, de vez que trazemos, em nós, a presença das inúmeras personalidades que já incorporamos no curso de nossas vidas sucessivas. E tais personalidades, estratificadas em nossa individualidade, continuam. Emergindo do “porão” do inconsciente, a exercer sobre nós a sua influência, negativa ou positiva, nas lutas que prosseguimos travando em busca do homem totalmente renovado em Jesus Cristo. Em muitos irmãos que, presentemente, se encontram encarnados, as experiências transatas foram tão marcantes que eles, por assim dizer, ainda não conseguem delas se libertar, com seu próprio espírito se transformando em palco de transcendente peleja, no qual o passado insiste em não ceder espaço ao presente.”
Foi sugerido como exemplo, a situação de freqüentarmos uma academia cheios de entusiasmo. Porém, enquanto temos imensa dificuldade e praticar exercícios com pequenos pesos, ao nosso lado, estarão outros que conseguem carregar e exercitar em aparelhos com pesos imensos e apresentarem um corpo trabalhado que sequer imaginamos como alcançar.
A análise do trecho do livro de estudo, nos levou a reflexões mais profundas. Dizia o texto: Noto que duas enfermeiras (à serviço dos trevosos) preparam uma maca com muito esmero. Estamos observando um grande salão onde existe farto material cirúrgico e tecnológico. Na maca que está sendo arrumada há diversos fios conectados a grandes telões. Tanto André Luiz como Inácio Ferreira, afirmam que o mundo espiritual é muito mais adiantado do o que conhecemos hoje, em tecnologia, como encarnados. Para Inácio, reencarnar é voltar no tempo, é voltar para um mundo mais atrasado. Isto vale tanto para aqueles espíritos que vivem em estágios superiores, quanto aqueles que vivem nas trevas. Evolução espiritual, não depende de evolução tecnologica e de conhecimento. Evolução espiritual, pertence ao indivíduo e é fruto de suas experiências únicas e intransferíveis. Daí o valor que cada ser tem, por ser único, especial, e uma “ovelha que não será perdida do aprisco de Jesus”.
Aqui são feitas cirurgias perispirituais, implantes de chips, contaminação com vibriões, torturas, coisas desse gênero. Faz parte do nosso grupo e médiuns trabalhadores, um médico psiquiatra que acrescenta informações preciosas sobre o comportamento humano. Nos consultórios e pronto-socorros é possível encontrar pessoas aflitas afirmando que tem implantado dentro do corpo algum destes objetos citados. A medicina em geral, os interpreta como estando com alguma neurose, e os tratam apenas com os recursos químicos à disposição no mercado farmacêutico. Quem se dispõe a atender processos de obsessão, tem que ter conhecimento profundo destes recursos que as trevas utilizam. Não basta apenas consolar; o trabalho de desobsessão exige muito estudo, conhecimento, análise e bom senso. Podemos dizer que mesmo um bom discurso com preceitos evangélicos, não retira chips implantados nos nossos irmão obsidiados. O trabalho vai muito além das palavras. O livro4 1/3 da Vida, relata que muitos trabalhadores encarnados, dedicados e cheios de boas intenções, durante a noite procuram tarefas em postos de atendimento espirituais. A maioria de nós, trabalhadores espíritas, não temos condições de fazer parte do corpo de trabalhadores, no mundo espiritual. Somos despreparados, conhecemos pouco e a maioria precisa na verdade é de tratamento. Neste livro, relatam um trabalho de limpeza feito em encarnados trabalhadores, através de passes magnéticos, que somente pessoas preparadas conseguem realizar. Passe magnético, qualquer um de nós pode dar. Alcançar o resultado programado, é outro departamento. Imaginamos que basta querer para bem realizar. Passamos muito longe disto.
Continuando a leitura: Em uma espécie de mesa cirúrgica vejo uma jovem despida com inúmeros fios ligados ao corpo. Nos telões passam cenas rápidas. Acredito que sejam passagens da vida da jovem. Pelo que vejo, eles vasculham as vidas passadas das pessoas através desta aparelhagem. Que informação estamos recebendo! Lidar com desobsessão exige muito dos trabalhadores encarnados. Podemos ajudar, tanto como podemos ser atacados com estes mesmos recursos. Orai e Vigiai! Amai-vos, instruí-vos! Uma pergunta surge: porque aquela jovem, encarnada, está lá sendo submetida àquele processo? Porque encarnados se sujeitam a estes ataques? Está lá por vontade própria, por uma atração vibratória? Foi seqüestrada para este procedimento? É vítima, ou algoz de si mesma?
Mais dúvidas surgem destas ilações: o trabalhador, o médium, o estudante da doutrina, está protegido, isolado, destes ataques? Pretender seguir o Mestre, garante imunidade? Como diz Emmanuel “Raros aceitam as condições do discipulado. Em geral, recusam o título de seguidores do Mestre. Querem ser favoritos de Deus”. O procedimento a que esta jovem está sendo submetida pode trazer conseqüências muito funestas para sua existência de encarnada. Procuram no seu passado, uma vida que tenha sido marcante no sentido de deturpações do comportamento moral e emocional. Encontrando este estágio, passam a exarcebá-lo até que o passado suplante as experiências atuais. A criatura passa a viver em uma confusão interna, tem dificuldade em definir quem é, o que faz, o que gosta, o que deseja. Passa a ser uma tragédia emocional e comportamental. Daí para a derrocada é só questão de tempo. São egos sobrepostos, interligados. Num atendimento espiritual, o atendido seria ora um, ora outro ego da mesma pessoa. Ressignificar um e fortalecer o outro. Trabalho conjunto para o psiquiatra, psicólogo e médiuns e doutrinadores.
O trabalho foi iniciado com a investida de um médium na casa da pessoa atendida. Não conseguiu entrar. O Caboclo veio ajudar. Com as duas primeiras entidades trazidas, não foi possível nenhum contato. Estavam por demais revoltadas. Veio o Preto Velho conversar com a atendida dos trabalhos. Muito emocionada chorou muito. Teve uma palestra sincera com o amigo mentor. Foi consolada e estimulada a ter muita fé. Muitos problemas pertencem a situações não resolvidas do passado, que aos poucos vão sendo aclaradas. O Preto Velho deu um passe a atendida, para recompor suas emoções. Mais um grupo de espíritos foram trazidos pelo Caboclo. Estavam na casa, fazendo o que não deviam, obrigados. Cansados, ficaram felizes com a nova oportunidade oferecida. Pediram desculpas pelo que fizeram e agradeceram pela nova oportunidade.
Em seguida, por outro médium, uma doce e delicada entidade feminina que costuma participar dos trabalhos, veio consolar e orientar. A atendida se prestou a ouvi-la. A recomendação é assentar o coração, prestar atenção no que é colocado dentro do coração. Muito cuidado, com tristezas, rancor, magoas. É preciso perdoar e compreender aqueles que nos surpreendem com traições e desprezo; aqueles que não reconhecem nossos esforços para o bem. Lágrimas de conforto e esperança desceram pela face.
A entidade chegou revoltada logo em seguida, pelo mesmo médium. Se dizia uma cobra, se mostrava como uma cobra. O médium sentiu até a boca no formato da serpente. O trabalho de limpar esta “escama” mental, esta distorção foi feita. A pele de cobra se soltou como uma veste. Era uma cabeça ou duas? Assim ela se mostrava enquanto destilava seu veneno e revolta. Queria envenenar os corações. Sustentar sua revolta com ódio. Entidade de difícil contato e entendimento.
– sou eu que despejo estes sentimentos no coração dela! Todos estes sentimentos de mágoa que sente por fulano, sou eu quem coloca dentro dela! Vou destruí-la!
O difícil diálogo continuava, enquanto passes magnéticos eram aplicados na entidade. Foi posta para dormir. Não se permitia compreender e aceitar nada. Foi levada.
Outros diálogos aconteciam ao mesmo tempo. Muita revolta, desejo de vingança, o passado gritando no presente. A reunião já esta quase findando. A médium dava sinais de perceber ou sentir alguma coisa.
– estou vendo uma cabana; tem gente dentro. Do lado de fora tem uma criatura horrível!
– não vamos nos preocupar com o lado de fora; vamos entrar na cabana; abraçar a todos e trazer para cá, sem passar pelo lado de fora
– que lugar é este? Porque estamos aqui? tenho medo…
– aqui não precisa ter medo, vocês estão livres
– falaram isto pra gente quando nos prenderam, enganaram a gente…
– podem se desgrudar, não precisa ficar colado um no outro; veja com atenção: aqui tem paredes?
– não, só tem no prédio bem grande que fica lá longe…
– está vendo aquela fonte? Vamos tomar banho lá? É gostoso…
– e pode?
– claro que pode, chama todos, vamos entrar, brincar…. brincar muito…. é bom…. Agora vocês estão de roupa nova e limpa
– e quanto nós vamos ter que pagar por isto? …. é claro que vamos ter que pagar…..
– agora não tem pagamento. Olha a sua volta…
– é bonito… tem a mesa do banquete…
– é para vocês comerem… tomaram banho, estão lindos, beberam água, agora vão comer…
– (sorrindo) água!, bebemos muita água! Lá onde nós estávamos não tinha água…
– agora vamos comer, todos. Chame todos para se fartarem
– e você não vem comer com a gente?
– (surpresa e emoção) é claro que vou…
– você comeu pouco… também com tanta comida, acho que já tinha comido antes da gente chegar… agora para onde vamos?
– o que você gosta de fazer?
– mexer com bicho!
– aqui tem muito serviço para cuidar dos animais; preste atenção no que estão falando com você
– vou embora com eles. Vou trabalhar com os animais…
No final do trabalho, ao trocarmos informações dobre o desenrolar dos atendimentos, quando contamos do convite para comer junto com o grupo, a gargalhada foi geral.
Semana passada (somos um casal participantes) o marido foi convidado a comer paçoca do lado de lá.
Agora a esposa é convidada para comer no banquete, também do lado de lá…
O horário estava quase chegando ao fim. Ficou uma dúvida dentro de nós. Parar o atendimento e deixar o restante para um dia talvez, ou completá-lo?
Perguntamos para a médium se conseguia ver o que estava do lado de fora da cabana. Ela sentiu muita dificuldade, chegou a ter um pouco de pavor.
Chamamos mais um médium para ajudar. Chegou o Caboclo, que induziu a chegada da entidade. Brava, revoltada não queria muita conversa.
– você tirou minhas coisas… tirou meu tacho…
Surpresa com esta revelação demos um riso de exclamação!
Três dias atrás, na aula do Básico, utilizamos a mentalização de um grande tacho, qual um alquimista, para depositarmos nele nossas experiências boas e marcantes. Praticamente foi a âncora motivacional da aula. Outra “coincidência” desde a terça-feira, foi a escolha aleatória da leitura do ESE que foi o capítulo 13, que a mão esquerda não veja o que faz a direita, capítulo este escolhido também para a atividade de quarta-feira à tarde.
O Caboclo, sentado ao lado, deu a bronca:
– você não trouxe tudo. Jogue na água, jogue tudo, até o tacho
– meu tacho!
– você vai se sentir bem jogando tudo fora, não precisa de nada disto. Jogue também aquele caixinha…
– a caixinha não! É minha!
Mudamos o tom da conversa…
– assim você fica mais bonito. O Caboclo sinalizou que é moça
– vou te dar em troca um vestido bem bonito. Quer este aqui?
Apesar de toda encolhida, o corpo se manifestou com interesse
– ficou bonita… e o cabelo? Assim não dá… vamos cortar este cabelo!
– você sabe cortar!?
– pense no cabelo bem bonito do jeito que você gosta, pense com bastante atenção… Ficou lindo! … vamos dar um brilho nele; tem que brilhar!
O corpo aprumou mais um pouco
– e os brincos? Pense em brincos bem bonitos, aqueles que você gosta.
A cabeça levantou, sentia os brincos… sorria
– veja como brilha, são grandes de ouro! Brilham! Olha eles balançando…
– agora pegue sua caixinha, para fazer a maquiagem
– ele vai deixar!? Ele mandou eu jogar fora…
– ele não entende de maquiagem de mulher, não sabe o que tem na caixinha… pode usar, tem que ficar bonita…
Foi a glória. A alegria era total. Finalmente poderia voltar a usar a caixinha que tinha guardado por muito tempo, apesar de toda a escuridão e desgraça que vivia…
Fez sua maquiagem, estava linda! Feliz, foi embora acompanhando alguém
Praticamente quase no final deste atendimento, chega outra entidade em outro médium que estava bem próximo. Estava furioso.
– esta aí que vocês atenderam não é nada, é um cisco, não perdemos nada. Ela não é o chefe, não manda nada. O chefe é outro…
Foi levado, junto com toda sua raiva.
Mais uma noite maravilhosa de trabalho espiritual!
¹ livro O Drama de Um desconhecido – Luiz Gonzaga Pinheiro
² livro Além do Infinito Azul – Antonio Demarchi e Irmão Virgílio
³ livro Missionários da Luz – Chico Xavier e André Luiz
4 livro 1/3 da Vida – Ermance Defaux e Vanderley de Oliveira