“ Que o grupo continue com os objetivos elevados, sempre
em busca do aprimoramento interior. Meus amados, reflitam
no Evangelho de hoje (Moral Estranha).” Bezerra de Meneses
O trabalho de hoje, causava a sensação de que estava mais compacto. Desde a preparação, todos participaram intensamente, trocando conhecimento e experiências mediúnicas. O assunto era a percepção do quanto o médium é uma parte das sensações do espírito. Difícil de colocar em palavras. Tanto o médium interfere nas modulações perispiríticas do espírito comunicante como o contrário é verdadeiro. Esta troca energética e plásmica é um dos componentes fundamentais no atendimento fraterno.
Como sempre chegam aqueles que estão revoltados, se dizem cheios de razão, com direito a vinganças. No decorrer do diálogo, nem sempre as afirmações são verdadeiras, na maioria das vezes, são convicções que foram implantadas na mente destes “justiceiros de aluguel”.
O espírito chegou cheio de desafios. – vocês sempre se intrometendo onde não devem. Me deixe em paz com meus bichinhos.
– estes não são bichos, são gente
– você não está vendo meus bichinhos… (falava com sarcasmo e deboche, somado a um ar desafiador)
– não vejo nada
– não vê os olhos grandes deles?…. os dentes caninos enormes?…. são meus lobos….
– e você está vendo os adestradores chegando?
– vocês não tem direito de mexer nos meus bichinhos… Vou continuar com eles nesta sala…
– veja, cada adestrador que chegou tem um bastão luminoso. Vão encostando nos seus bichinhos e eles voltam a ser homens, cheios de luz…
– não adianta, volto com outros, sei fazer isto muito bem… Volto com todos os meus bichinhos, arrumo outros, fácil…
– e agora o que você vai falar para seu chefe?
– não falem do meu chefe, ele é muito poderoso
– seu chefe vai te castigar por ter perdido seus bichinhos, é melhor você não ir lá…
– meu chefe vai entender, ele me disse que seria difícil…
– acho que não foi isto que ele disse
– ele falou: é difícil, vá e tenha sucesso!
– mas você não teve sucesso, o chefe vai te chamar de fracassado…
– tudo por tua culpa! O chefe vai entender…
– o chefe não vai te perdoar e você sabe disto. Já viu isto acontecer…
– é, … não sei onde ele foi parar…
– você quer ir atrás para descobrir o que o chefe fez com ele?…
– ele não vai fazer nada comigo…
– pare de ser boi de piranha, você está todo torto. O chefe te colocou nesta fria e não tem dó de você…
– não sou boi de piranha…
– do jeito que você está ficando feio e torto, seus amores do passado não conseguirão mais te encontrar…
– é melhor assim…. não preciso encontrar ninguém… (vai ficando mais torto, desacorçoado)
– vamos te colocar para dormir… depois conversaremos com mais calma….
No início o espírito estava reticente e dizia não ter sentimentos, e que somente ficava ali sem fazer nada. Recebeu alguns passes para tentar quebrar a resistência para que pudesse sentir o sentimento de amor e compaixão que estava sendo irradiado para ele. Minutos depois a conversa deslanchou, embora ainda dissesse que não possuía sentimentos.
O diálogo falava do amor, sentimento sublime que todos sentem, aquele calor gostoso no peito que trazia felicidade.
– Amor não existe e só traz sofrimento, não é mesmo moça? ( deu um sorriso sarcástico tentando desafiar)
– Pelo contrário, o amor é maravilhoso, sentimento que não consigo nem descrever… Amor de mãe então nem se fala, transcende a alma.
– Eu não faço nada, não sinto nada, só fico lá…
– Como não faz nada?
– É meu trabalho ficar lá
– Se é seu trabalho, então você faz alguma coisa, o que você faz?
– Sorri e fala: Quando ele dorme, levo ele pra longe, pra se divertir.
– Que trabalho indigno esse que teu chefe mandou fazer… Atrapalhar essa família. Enquanto você faz isso, deixa de sentir os seus filhos que aqui estão com saudades de você e te amam muito…
A conversa continuou e ela fala que não pode ficar com seus filhos porque os fez sofrer e agora que eles estavam bem, ela não podia colocá-los em perigo novamente, não havia sido uma boa mãe, segundo ela, não merecia o amor deles.
O diálogo amoroso reforçava que todos nós merecemos o amor, e que embora ela tivesse cometido erros, eles estavam lá, de braços abertos para recebê-la e que já a tinham perdoado e aquele era o momento dela se perdoar, também e seguir em frente.
Ela os abraçou, sentiu novamente o amor de verdade, chorou, mas ainda tinha medo de ser perseguida. Foi convencida de não precisava ter medo, que agora estava protegida e que um dia o perseguidor dela iria sentir a necessidade de se perdoar, e também iria ter uma nova condição.
– Nossa moça, você me quebrou! Você tinha razão.
– Só tinha uma casquinha nesse coração, e nós apenas tiramos ela de você. Você sempre teve o sentimento aí no fundo escondido.
– É difícil se perdoar
– Você vai conseguir, é só crer em Deus, tenho certeza que conseguirá.
– Me perdoa, pela bagunça, por ter atrapalhado a vida naquela casa.
– Claro que perdoamos, do fundo de nossos corações (A dialogadora sentiu um amor irradiar do seu peito de forma intensa e não conteve a emoção)
– Eu sei, posso sentir agora, muito obrigada, obrigada mesmo. Vou com meus filhos agora.
– Vá com Deus minha amiga.
Outro atendimento. – que bom que você está aqui. Para que tanto ódio no coração?
– tenho só ódio mesmo, ela merece vingança…
– me conta o que aconteceu?
– ela me deixou… dei tudo para ela… tudo o que ela pedia, eu dava….
– mas você não dava o que ela queria…
– dava sim, tudo o que ela pedia eu dava…
– ela queria, respeito, reconhecimento, carinho, atenção
– mas isto ela não pediu…
– e você tinha para dar?
– …… não…. mas eu dava tudo o que ela pedia e ela me deixou para viver com aquele pobre….
– ele tinha o que ela queria….
– mas ele era pobre, não tinha nada… como ela pode viver com aquele sorriso?…. sorriso de felicidade?
– ela não precisa mais do que tem, ela é feliz com o que tem… Você sabe ajudar outras pessoas?… Você já ajudou alguém?
– não, eu não sei ajudar….
– você com tanta capacidade, inteligente como é, poderia ficar um tempo aqui conosco e aprender a ajudar?
– você está me pedindo para ficar aqui…?
– você fica o tempo que quiser, mas primeiro aprende a ajudar, é fácil, não é preciso fazer muita coisa…
– vou ficar….
Este caso é um exemplo interessante. A entidade está ligada a uma pessoa hoje encarnada, mas não percebe isto. Transmite para a encarnada seus fluidos e os recebe também, mas enxerga apenas a vivência que teve quando encarnado, em tempos que já passou… Ele está preso àquele episódio vivido no passado. Continua vinculado à parceira do passado, sem saber que tudo mudou. Todo o diálogo foi mantido lá, tempos atrás. Quando foi pedido a ele alguma coisa – que aprendesse a dar para os outros – aceitou na hora, sem pestanejar. Ele atende facilmente ao que lhe pedem, sem perceber o alcance de suas ações. Este atendimento é para pensar e analisar profundamente.
No outro atendimento, a médium visualizava uma escada na sala da casa da família atendida que não ligava ao apartamento de cima ou de baixo, uma escada totalmente na posição vertical. Foi descrevendo o que estava vendo, quando a entidade dona daquela escada veio conversar.
Era uma entidade, se dizia trabalhador, que estava no ambiente para causar problemas, utilizava a escada para se movimentar para todos os lugares. Falou que estava lá porque as pessoas deixam ele entrar. Foi questionado então, como ele ia pra todo lado se aquela escada não ligava nada a lugar nenhum, era só uma escada? Ele ficou enfurecido e mais ainda quando levaram a escada embora.
Foi trazido para outro ambiente e avisado que não mais voltaria para aquela casa e não teria aquela escada de volta, e que se ele quisesse poderia ter uma nova escada, branca, bem bonita, diferente da marrom. Depois de insistência ele aceitou. Foi convidado então, para subir uns degraus da escada e avistar um lindo gramado, e mesmo com receio ele subiu…
– tire os sapatos e senta a grama fresca em seus pés
Ele foi gostando… Viu muitas pessoas ao redor dele, todas sorrindo, e uma delas falou para ele ter calma, que ele iria entender toda aquela situação e que era pra ir com eles.
Ele aceitou, mas ainda sim queria a escada, então foi esclarecido que ele poderia construir novas escadas brancas,
– quero minha escada marrom
– a escada marrom não existe mais… veja com outros olhos a oportunidade que você está tendo…
Ele foi então com os nossos amigos espirituais que vieram acolhe-lo.
Este atendido nos mostra, que mesmo com todo esforço que calculamos estar fazendo, com novas atitudes, orações, Evangelho, as brechas continuam. As energias que nos cercam, em que vivemos, ainda são muito densas, sem afetividade, sem propósito, e, viver dentro das energias do Cristo é uma verdadeira guerra entre o Bem e o Mal.
Na casa de um dos trabalhadores do grupo, residência alugada, um determinado lugar estava nitidamente com vibrações estranhas. A médium, sabedora deste fato, mentalizou o local. Chega a entidade, curvada, com voz cansada. – tenho muito trabalho para fazer aqui…
– para que você está fazendo isto?
– tenho que fazer, sou só eu para fazer tudo…
– mas tem uma turma com você…
– cambada de preguiçosos… foi chegar aqui e estão espalhados, fazendo algazarra…
– é que eles estavam com sede, viram água e saíram correndo. Acho que vão beber tudo, é melhor você garantir este copo d’água antes que acabe…
– um que delícia…. estes famintos, não tem vergonha…
– também quando eles viram água, comida, roupa limpa… não querem mais nada…. é melhor você comer este prato de comida, antes que acabe…. está gostosa e você está com fome…
– cambada de famintos, quase que comeram e beberam tudo…. agora nem estão mais aqui… foram todos embora…
– ainda bem que você bebeu água e comeu… está até com o corpo mais levantado… ta ficando mais firme, mais alto… quer uma roupa nova?
– claro que quero! (ia se alisando, passando a mão na roupa, no peito)
– você está elegante… todo bonito… você era um cara bem elegante….
– agora estou vestido do jeito que eu gosto..
– mas o que você estava fazendo lá?
– sabe que não me lembro… Você não sabe?…
– não, você não falou, não deu tempo….
– acho melhor nem lembrar… aí você vai querer a roupa nova de volta….
– veja onde você está agora…
– que lugar lindo! Como vim parar aqui?…
– seus amigos que pediram para irmos buscá-lo… eles estão aí… você vai ter muito para conversar com eles…
– e como eu e a turma vamos pagar toda esta comida e a roupa. Eles comeram tudo, uns esfomeados…
– seus amigos trocaram por serviço… eles tem crédito em serviço e pagaram com os créditos…
– mas vai precisar trabalhar muito para pagar tudo isto que gastamos…. vou com eles…
Este espírito que foi atendido, pode estar lá a mando de algum espírito ligado aos moradores da casa, ou, estar há muito tempo, por algum motivo de antigo morador. É uma moradia alugada há poucos meses, e anteriormente, morava outra família.
Sobre os espíritos beberem água, encontramos esta explicação: A água no Plano Espiritual é tão vital para a vida dos seres que aqui existem, homens, animais e plantas, quanto o é para os seres que vivem na Crosta! O perispírito, ou corpo espiritual, seria incapaz de sobreviver sem água! (destaque do autor) Assim como o corpo físico, de 70% a 80%, é constituído por água, o perispírito na mesma proporção, também o é! Por esta causa, a nossa atual base alimentar é muito mais líquida que os alimentos de que os encarnados necessitam para sobreviver… Aliás, os alimentos vão deixando de ser sólidos para serem líquidos e, depois, gasosos…¹
Como diz nossa companheira de trabalho: Que felicidade é fazer parte do grupo Inácio Ferreira e perceber a cada trabalho a grande oportunidade de nossa vida estarmos reunidos, nos redimindo do nosso passado, para colher um futuro melhor.
Como deve ser difícil conviver nos lares que não se lê o evangelho, que não têm o amor e amizade entre os casais… Se em casas onde as pessoas se esforçam ser melhores a cada dia, se acomodam multidão de irmãos escravizados e atraídos pela sintonia de seus moradores, o que serão dos demais lares meu Deus?!
¹ livro O Mundo Espiritual É Planeta! de Carlos Bacelli e Inácio Ferreira