Queridos amigos, sede severos para vós mesmos e indulgentes para as fraquezas alheias. Essa é também uma forma de praticar a santa caridade, que bem poucos observam. Todos vós tendes más tendências a vencer, defeitos a corrigir, hábitos a modificar. Todos vós tendes um fardo mais ou menos pesado que alijar, para subir ao cume da montanha do progresso. ESE cap 17 Bem aventurados os misericordiosos – A Indulgência
Uma semana de muito aprendizado para nosso grupo.
Na quarta-feira, antecedendo nosso trabalho, um dos espíritos assistidos foi trazido por três pretas velhas. O interessante é que elas foram direto ao ponto: acabou batuque e cachaça, você agora vai trabalhar. No final dos trabalhos foi este moço que trouxe as palavras de despedida. O recado para todos nós era para não se preocupar com a casa, que outras casas espirituais estão se somando à nossa para dar apoio aos trabalhos e a sustentação da casa.
Nosso trabalho foi uma escola viva. Novo companheiro para fortalecer o grupo, médium experiente. Começamos com a leitura do livro Desobsessão, terapia dos imortais¹. No capítulo estudado é relatado uma sessão de atendimento em que a médium vai desdobrada até a casa do assistido, que fica na Argentina. Chegando lá fica admirada, quase sem acreditar no que via: lanceiros esticaram uma rede na casa do assistido. Duas quadras antes da casa induziram um vendaval como um verdadeiro tsunami. Aquela energia foi empurrando tudo o que estava em seu caminho. Os espíritos foram lançados na grande rede. Os mais empedernidos, conseguiram se safar da rede O restante, muitos, foram sendo tirados dela e atendidos em tendas hospitalares que foram armadas ao redor.
“Costumamos usar a simbologia de uma árvore para explicar a questão dos atendimentos aos sofredores desencarnados. A copa da árvores trata-se dos espíritos tombados pela culpa, comandados pelos exploradores espirituais. Os galhos e o tronco são os hipnotizadores de todo porte, organizadores de falanges e grupos do mal. As raízes são a origem da maldade no mundo, os corações endurecidos pela perversidade.”²
Estudando a leitura comentamos, por intuição, que no atendimento que iríamos iniciar, muitos espíritos no caminho da casa assistida até o Auta seriam também trazidos aos borbotões. Nos despertou a curiosidade sobre a variedade dos trabalhadores especializados no plano espiritual. Normalmente nos referimos aos índios, pretos velhos e médicos e enfermeiros. Mas um trabalho no nível espiritual que fazemos, é preciso muitos outros especialistas para atender as necessidades, agressividades, esclarecimentos, dos espíritos trazidos para socorro e entendimento.
No trabalho tivemos a resposta deste estudo. Um novo grupo se juntou à nós, comandado pelo Caboclo rei das matas, que teve que pegar o touro à unha em certa situação. Foi este grupo que cercou a casa atendida no trabalho e trouxe os espíritos para serem atendidos no Auta. O caboclo informou que a partir de agora vai trabalhar conosco. Chamou atenção dizendo que nós precisamos ficar mais unidos, estamos meio dispersos, precisa mais afinidade entre o grupo.
Outra situação surpreendente, foi no atendimento de uma entidade que se fazia de desentendida, que foi retirada e levada de supetão pelo índio.
Durante o atendimento alguns espíritos reclamavam de serem retirados daquele lar. Diziam que não iria adiantar muita coisa, porque seriam chamados novamente. Na palavra final, o caboclo falou a mesma coisa. Recomendou que alertássemos as pessoas assistidas para mudarem de atitude e rezarem mais.³
Um dos atendidos foi uma aula para quem dialoga. Não queria se afastar, não arredava pé da cabeceira da pessoa espiritualmente socorrida, porque tinha que dizer a ela, para mudar, fazer alguma coisa diferente do que estava fazendo. A entidade quando viva errou e agora tinha que “salvar” a mãe nas suas relações com sua filha.
Por princípio não entramos na intimidade dos atendidos, não há necessidade disto. Primeiro a entidade dizia que estava junto com os que queriam ajudar, mas acabou confessando que estava sozinha, grudada na pessoa e que não poderia se afastar porque a queria muito e tinha que ajudar. Estamos relatando este atendimento por ser interessante e um aprendizado. Aos poucos ela teve que admitir, que durante todos os anos que a atendida vai no Auta de Souza ela nunca arredou pé para acompanhá-la. Não fica junto nos momentos das orações. Teimosa nas suas intenções entende que para ajudar, não pode correr o risco de mudanças pela oração. A teimosia no que quer fazer a mantém justificada.
Teve que ser chamada na moral, na honestidade até admitir que suas próprias atitudes atrapalhavam a atendida. Depois de admitir e ceder, ao receber um abraço uma entidade que estava ao seu lado, disse: que abraço delicado, parece um abraço de mãe. Custou a perceber que estava nos braços de sua mãe. Esta é uma lição para colocarmos a barba de molho quando imaginamos que estamos fazendo tudo certinho em nossa casa, em nossa vida.
Outro atendimento muito interessante foi a sacada do dialogador. Eram muitos espíritos que corriam de um lado para outro, com medo, sem entenderem o que estava acontecendo. A entidade atendida, com quem conversava, estava assustado com a claridade. Procuravam onde se esconder. O dialogador então começou a graduar a claridade, até chegar em um ponto que conseguiam enxergar e conversar com a equipe de espíritos que os estavam socorrendo. Com entidades raivosas, vingativas usamos o recurso da LUZ, intensa, concentrada, que queima, revela as mazelas escondidas. Com espíritos assustados, perdidos, a luz pode ser graduada para não se sentirem acuados.
Ficamos sabendo após os trabalhos, que no local que o prédio em que a assistida reside, foi local de um asilo. Tomara Deus que os espíritos que lá estavam puderam ser encaminhados.
Caboclos, são representantes do mundo natural e dos espíritos. O termo “caboclos” pode derivar do tupi kara’ïwa, “homem branco”, e oka, “casa”, do tupi caa-boc, “o que vem da floresta” ou de kari’boca, “filho do homem branco”. Originalmente se referia ao índio escravizado ou catequizado ou ao mestiço de branco e indígena, em oposição aos silvícolas resistentes à assimilação e cristianização, chamados pejorativamente de “bugres” ou “tapuias”. Os caboclos mais tradicionais são os “caboclos índios” ou “caboclos de penas”.
O caboclo tradicional é valente, selvagem antes de tudo, destemido, intrépido, ameaçador, sério e muito competente nas artes das curas. Enquanto o preto-velho consola e sugere, o caboclo ordena e determina. O preto-velho acalma, o caboclo arrebata. O preto-velho contempla, reflete, assente, recolhe-se na imobilidade de sua velhice e de seu passado escravo; o caboclo mexe-se, intriga, canta e dança como o guerreiro livre que um dia foi.
¹ livro DESOBSESSÃO, Terapia dos Imortais, Luiz Gonzaga Pinheiro
² livro Lirio da Esperança, Ermance Dufaux
³ reação surpreendente foi da pessoa assistida neste trabalho. Ao saber que um espírito familiar tinha sido afastado de sua casa para melhor entendimento no plano espiritual, ficou muito nervosa e revoltada. Não tinha dado permissão para tirarem nenhum espírito familiar de sua casa. Levou mais de mês para retornar na Casa, e meses pela frente para sair de uma grande depressão.
Nota: Meus queridos, linha de frente de luta contra o vazio. Vocês são a segurança, certeza de bom caminho e libertação.
Obrigado por relatos primorosos sobre nossas reuniões. Supimpa! Espero, assim (e assim será) que o equilíbrio voltar, voltarei também a seguir em marcha . Beijins.. Salve Jesus, Inácio, indios e pretos amigos preciosos. Flapo