Esta quinta-feira estava muito fria e a chuva caia intensa. Poderia ter sido um trabalho com poucas pessoas, mas no entanto, a sala estava cheia. Não é a chuva, o frio, o transito meio caótico, que impedem que o trabalho de socorro espiritual aconteça na Casa dos CISCOS.
“Quando ele veio ao encontro do povo, um homem se lhe aproximou e, lançando-se de joelhos a seus pés, disse: Senhor, tem piedade do meu filho, que é lunático e sofre muito, pois cai muitas vezes no fogo e muitas vezes na água. Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não o puderam curar. Jesus respondeu. dizendo: Ó raça incrédula e depravada, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui esse menino. – E tendo Jesus ameaçado o demônio, este saiu do menino, que no mesmo instante ficou são. Os discípulos vieram então ter com Jesus em particular e lhe perguntaram: Por que não pudemos nós outros expulsar esse demônio? – Respondeu-lhes Jesus: Por causa da vossa incredulidade. Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível. (Mateus 27).
Foi com este maravilhoso ensinamento e chamada de atenção que nossa preparação do trabalho foi iniciada. Evangelho Segundo o Espiritismo capítulo 19, A FÉ QUE TRANSPORTA MONTANHAS. “Quando ele veio ao encontro do povo, um homem se lhe aproximou…” Esta informação dá a impressão que o povo estava aglomerado em algum lugar esperando pelo Mestre. Significa, você se colocar em prontidão de espera, confia, aguarda, que ELE vem.
“Lançando-se de joelhos a seus pés, disse: Senhor, tem piedade…” Dá a ideia de submissão à vontade do MESTRE. Ele pede a ajuda e suplica a piedade, a consideração, a atenção, a gentileza, a caridade De Jesus, até então, um homem igual a ele, mas que tinha algo mágico, que o definia com um poder diferente.
“Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não o puderam curar.” A impressão é que para os discípulos, apenas o MESTRE poderia curar. À eles ficava a tarefa de admirar, seguir, falar bem, divulgar seus feitos. Porém o trabalho era exclusividade de Jesus. Jesus não gostou desta história e deu-lhes uma boa bronca.
“Ó raça incrédula e depravada, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei?” em outra tradução “Ó geração incrédula e perversa, até quando hei de estar convosco, até quando vos hei de sofrer?” Incredulidade é a primeira carraspança que Jesus deu em todos. Todos os seguiam, mas acreditar que é bom… Vai mais além na bronca: depravada e perversa. ELE está afirmando que não tem nenhum santo a segui-lo. O que falavam boca para fora, não é o que sentiam no coração. Somos assim até hoje. Apertou o calo, saímos a duvidar, reclamar, desistir, imprecar, desanimar, justificar, debandar…
Jesus faz uma pergunta intrigante: até quando estarei convosco, vos hei de sofrer? Poderia significar que em algum momento futuro ELE poderia se cansar de nós, não ficar junto, parar se envolver nos nossos desatinos? Está implícito a possibilidade de separação, de afastamento. ELE ou nós é que seremos afastados?
“E tendo Jesus ameaçado o demônio, este saiu do menino, que no mesmo instante ficou são.” Neste relato, o afastamento do espírito que estava incomodando o garoto foi fácil. Jesus falou alguma coisa para o espírito, e ele caiu fora rapidamente. É uma situação diferente daquele outro espírito que atormentava o homem no cemitério, que vem até Jesus perguntar o que ELE queria.
“Quando Jesus desembarcou, um homem com um espírito imundo veio dos sepulcros ao seu encontro… Qual é o seu nome? ” “Meu nome é Legião”, respondeu ele, “porque somos muitos”. (Marcos 5)
Despertar a FÉ no incrédulo, é quase impossível. O maior valor que o incrédulo tem, que defende com garras e dentes, é a sua falta de FÉ. Jesus neste episódio, que dá a maior bronca no pessoal dizendo que se tivessem FÉ transportariam uma montanha daqui para lá, dá dois recados que merece mais atenção de todos nós. Primeiro ELE diz que não movemos as montanhas dos nossos problemas porque não temos FÉ. Em momento mais íntimo com seus discípulos, explicando o que tinha acontecido, o porque de terem fracassado no afastamento do espírito que perturbava o menino, falou: “Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum (Mateus 17). São qualidades que tem que ser acrescentadas naquele que quer trabalhar com espíritos. Oração, prece, meditação, proposição, e abstinência, privação, moderação, sobriedade, temperança, auto domínio, continência.
“E nada vos seria impossível”… “e nada vos será impossível.” Sempre no futuro, ou podemos realizar no presente?
Na nossa preparação, sempre estudamos um livro. Atualmente estamos lendo Violetas na Janela e saboreando cada página em que Patrícia nos conta a sua exploração da nova residência espiritual, na Colônia São Sebastião. Pergunta ela se quando desencarnamos, conseguimos recordar vidas anteriores. No caso, estavam falando de espíritos que desencarnam analfabetos. Lá tem alfabetização para adultos. Patrícia pergunta se, no caso deste espírito ter sido alfabetizados e vidas anteriores, se ele poderia buscar na sua memória, este conhecimento. Se instrutor explica: ele vai recordar as coisas boas e as coisas ruins daquela encarnação e nem sempre estas lembranças lhe farão bem. É melhor se alfabetizar, estudar agora e aprender a ler e escrever…
No livro Nosso Lar, acontece uma situação de recordação de vidas passadas, com muita assistência e no máximo, três experiências reencarnatória para trás. Inácio Ferreira sempre fala que não tem interesse em recordar suas vidas pregressas.
Começamos o trabalho de Desobsessão Programada, que fazemos a cada semana, para um membro trabalhador do CISCOS. Desta vez, a pessoa atendida estava à 600 km de distância, no interior de SP, e relatou via watsapp todos os cômodos de sua casa e os arredores. Como a tecnologia facilita as distâncias!
Na abertura um amigo trouxe as orientações para o trabalho.
“ Boa noite. É muito bom estarmos todos aqui neste trabalho de ajuda à espíritos muito necessitados.
Comparecerão irmãos para tratamento que há muito tempo não tem contato com a informação, com a luz, não tem contato com ninguém, não tem a oportunidade de encontrar o caminho da esperança.
Vieram em grupos. Quando estiverem falando com um, estarão conversando com muitos. Todos serão auxiliados. Atenham muito carinho para com todos, para o auxílio ser o mais eficiente possível.
Que Deus abençoe a todos nesta noite.”
Outro espírito amigo completou as orientações da abertura.
“Nesta noite cada dialogador tem um preto velho ao lado assessorando. Estaremos também ao lado dos novos dialogadores. Mantenham a sintonia, a ligação, para que eles possam orientar nos atendimentos destes irmãos que estão muito necessitados.”
Observação: O Preto Velho é uma entidade muito conhecida no socorro espiritual . Ele representa os ancestrais africanos, consideradas de grande elevação espiritual. É atribuído a eles o conhecimento da magia divina e da manipulação das ervas. Embora nem todos tenham vivido em escravidão, eles refletem sentimentos como humildade, sabedoria ou paciência, em reverência à dor sofrida por esse povo durante o período escravocrata. Não são apenas entidades do bem, mas também, são um espíritos fortes na luta contra o mal. Se um espírito manifesta determinado arquétipo, isso não necessariamente, quer dizer que ele foi esse tipo de pessoa quando encarnado. Por isso, um Preto Velho pode ter sido em uma de suas encarnações um africano que passou pela escravidão em solo brasileiro. Contudo, isso não é uma regra. Na verdade essas são raras exceções. Na linha de Preto Velho, convivemos e aprendemos com o arquétipo do negro escravizado que superou as atrocidades de seus algozes. É como se esse sentimento de perdão, tivesse transcendido sua vida. Por isso, neste momento compartilha por meio da experiência mediúnica, virtudes como a humildade, simplicidade, caridade, calma, evolução, paciência…seriedade. Sentimentos que só um espírito de luz, carregado de amor tem para dividir.
O espírito chegou, encolhido, ressabiado…
– seja bem vindo, podemos te ajudar?
– não preciso de nada, nem sei onde estou
– vejo que você não está bem, por isto é que estamos aqui querendo ajudar você
– não sei se vocês podem fazer isto, aqui é muito horrível
– o que você está vendo, como é este lugar que você está?
– é uma casa grande, muito grande, muito grande… tem uma floresta dentro, muitas árvores e animais… todos estão brigando entre si, tenho medo, é muito feio aqui…
– que animais são estes?
– tem todos os animais… macacos assassinos, cobras, aves, todos se atacam…são perigosos…
Neste momento outro médium se aproxima, mediunizado, e orienta para levar todos os animais para o zoológico que Inácio Ferreira junto com Chico Xavier cuidam no plano espiritual… Todos os animais são recolhidos e a imagem da floresta se desfaz…
– e agora o que você está vendo ao seu redor?
– tem muita gente chorando de dor… muita… crianças, velhos… gritam de dor… os corpos estão feridos… tem também os que sentem a dor moral… muita dor, muito sofrimento, eles choram…
– você vai nos guiar para que os padioleiros possam recolher todos os que estão sentindo dor e precisam de tratamento no hospital… não deixe ninguém para trás, você é o nosso guia…
– eles estão recolhendo todos… não tem mais ninguém…
– e agora quem continua por aí?
– tem as ilusões do pensamento… não sei direito, eles pensam… aparece…o pensamento vira verdade…
– você está falando de formas pensamentos, parecem que tem vida…
– é isso, tem muito aqui…
– vamos jogar um jato de luz e dissolver todas elas… veja estão desaparecendo… não existem mais…
– ainda tem os maus… tenho medo deles… não quero nem chegar perto…
– precisamos de sua ajuda, até agora você está conseguindo ajudar todos eles… nos mostre onde estão…
– não posso chegar perto, eles são maus, são três, muito altos, com chapéus pretos, roupas pretas… ameaçam…
Novamente o outro médium se aproxima e orienta para chamarmos os Pés Grandes. São índios enormes, que nestes momentos de muita agressividade, vem para resolver.
– você está vendo os índios Pés Grandes, eles vieram buscar estes três…
– estão brigando, lutando muito… foram amarrados… os índios estão levando… aqui está ficando mais claro
– agora temos que cuidar de você de dos outros que ficaram
– nem sei quem sou, não tenho para onde ir, não sei o que fazer…
– vamos cuidar de todos vocês, vocês ficarão conosco, receberão abrigo e alimentação, pode confiar e vir junto com todos os outros…
– eu quero… estou com fome, vou comer…
Muitos espíritos no lugar. Passando para lá e para cá. Com uma forte atração da vizinhança. Viciados, baderneiros, frequentadores de bar, morador de rua com fome…
Na casa, no centro em um aspirador enorme que aspira as energias ruins da vizinhança para dentro da casa. O foco a ser atingido é a dona da casa. A equipe de socorro espiritual retirou este aspirador e colocou no centro da casa um pedestal com uma rosa. Recomendou que as orações sejam feitas neste lugar, no centro da casa.
Um rapaz foi atendido. Do tipo descrente e materialista. Não está interessado em nada, nem na sua própria dor…
– como você está?
– aqui é bom de ficar, só que tem muita gente…
– queremos ajudar você
– ninguém olha você aqui, ninguém liga para ninguém…
– vejo que seu pescoço está torto, que você está precisando de tratamento… vamos te ajudar…
Este socorro nos pareceu que atendia grupos diferentes, dentro da mesma problemática, no caso, pequenas batalhas, dizimação do grupo todo. Um atendido se reportou à data de 1672 enquanto outro médium percebia os revolucionários de 1932. A dor era a mesma…
No século 17, 1672, estava acontecendo a expansão territorial da colônia portuguesa Brasil. A disputa era para chegar nas minas de prata que os espanhóis dominavam. Os portugueses dominaram até o rio da Prata, fundando a Colônia do Santíssimo Sacramento, atualmente a cidade de Colônia no Uruguai.
No século 20, aconteceu o movimento armado, chamado hoje de Revolução de 32, em princípio nos estados de São Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, entre julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas e convocar uma Assembleia Nacional Constituinte. Na hora do vamos ver, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, desistiram e se aliaram ao governo. A guerra acabou em 2 de outubro, com quase 900 mortos. Graças a esta revolta paulista um novo texto da Constituição foi elaborado dois anos depois, no qual incluía em suas entrelinhas que as mulheres possuiriam a partir de então o direito ao voto, além de definir que o cidadão tinha a partir daquele momento o direito de escolher seu candidato de forma secreta nas urnas.
Este espírito tinha muita dificuldade de falar. Era sofrimento físico, moral, decepção, medo… um quadro de sofrimento… o diálogo foi lento, difícil, sofrido…
– estamos aqui para ajudar você e todos que estão ao seu lado
– estamos em guerra, tenho que defender meu país, não gosto de matar…
– em que ano você foi convocado?
– 1672… a gente estava na barraca, nem vimos quando eles chegaram, não deu tempo de pegar as armas…
– agora todos vocês vão se socorridos, as enfermeiras estão aqui cuidando de vocês
– não são enfermeiras de batalha… são diferentes, não sei explicar… vocês estão ajudando também os inimigos!?
– aqui vamos ajudar todos vocês, estão muito machucados e precisamos de você…
– tem muita gente de cara feia… ele é inimigo e me olha feio…
– sorria para ele…
– eu sorrir para ele, nem sei fazer isto..
– você consegue, assim nos ajuda, ele precisa confiar, sorria…
– ele está mais espantado ainda… não entendeu porque estou sorrindo, olha feio…
– você está ajudando muito, precisamos trazer todos, não podemos deixar ninguém para trás…
– na verdade não somos inimigos, eu nem queria estar nesta guerra, acho que ele também não queria…
– vamos levar todos os feridos para o hospital, não importa de qual batalha e de qual lado ele está e você está nos ajudando muito…
– o atendimento é rápido, estão levando todos, vou também…
Um companheiro nosso, está começando a trabalhar com sua mediunidade. Sentia a perna adormecida e dor no joelho. Dois outros médiuns, viam um caminhão e intuíam um acidente… O neófito médium, é instado a descrever o que estava sentindo…
– sinto muita dor na perna, o joelho dói muito…
– preste atenção, o que você está vendo…
– estou dirigindo…
– você está vendo o caminhão se aproximar?
– foi muito rápido, nem vi direito…
– estamos te ajudando, pode confiar… fique tranquilo, a dor está passando e você está sendo atendido…
No encerramento, o primeiro espírito nos falou:
“Um trabalho com muita luz. Agradecemos a presença do Mestre e de cada um encarnado e desencarnado que colaborou nos trabalho desta noite.
Gostaríamos de propor uma pergunta: – como está o seu compromisso com a sua FÉ, com o que você acredita, se é da boa para fora, se é com você mesmo, com sua melhora espiritual?
Há uma estrada muito longa para ser trilhada por cada uma, mas não há pressa, pode ser um passo de cada vez. Mas não pode ficar parado, duvidando… aí os irmãos que não gostam da gente fazem a festa…
Convidamos todos para o compromisso com a própria FÉ.
Deus abençoe todos.”
Outro amigo veio dar sua mensagem… era médium de outro espírito médium. A mensagem vinha do mais alto
“ Estava aqui observando o trabalho, a colaboração de cada um de vocês. Ficamos olhando quão bonita é a dedicação e empenho de cada um de vocês no trabalho desta noite. Tão bonito será o esforço de vocês aí fora, em se dedicar o melhor de vocês na sua educação espiritual, mudar o comportamento, sua dedicação dia a dia, hora a hora, na melhora interior de vocês.
Esta mensagem está vindo lá do alto. Acreditem em tudo o que aconteceu nesta noite e carreguem com vocês esta mensagem e se empenhem aí fora em fazer, se dedicar, na saúde mental e no comportamento diário de cada um de vocês. Que Deus os acompanhem.”
Recebemos a terceira mensagem de encerramento…
“Gostaria de compartilhar… me sinto muito feliz de poder estar com vocês com muito amor e responsabilidade. Continuem trabalhando com empenho e dedicação para atingir o que vocês tanto buscam. Continuem neste trabalho maravilhoso de esperança e de ajuda.
Que o Pai os abençoe sempre”.