Amigos, que bom estarmos juntos nessa Fé e nessa jornada.
Ao chegarmos, um querido companheiro da Casa, havia preparado aquela salinha apertada, da melhor maneira possível para nos abrigar. Uma atitude muito gentil de quem estava acreditando na nova proposta de trabalho. Coubemos todos com tranqüilidade. Igual coração de mãe.
É importante ressaltar, que a maneira que o grupo trabalha e se comporta é diferente de toda a tradição da Casa. Não utilizamos mesa. Nos acomodamos em círculo colocando alguns banquinhos no meio da sala. Quando os médiuns começam suas comunicações, os dialogadores se postam à sua frente e conversam. Em média quatro diálogos acontecem ao mesmo tempo. Sem formalismo dogmático, sem discurso religioso. Conversamos de igual para igual, com todo respeito e liberdade. Os resultados são de compreensão da situação e encaminhamento posterior.
O grupo tem mais de uma dezena de anos de existência. Muito estudo, acertos e erros acumulados. Meia hora inicial de estudo e discussão é fundamental. Cada pequeno trecho da leitura desperta muita troca de informação. Os médiuns perguntam, contam suas experiências, ajustes acontecem e sempre o resultado vem de imediato. Cada vez mais existe um casamento perfeito entre a preparação inicial e o que acontece durante o atendimento.
A atitude do grupo causa um pouco de estranheza na Casa. Seus componentes não são necessariamente médiuns experientes com muito tempo de trabalho. Alguns são convidados do curso Básico. Na medida que vão demonstrando interesse, persistência, gosto pelo trabalho, vão sendo incorporados. Alguns ficam com a responsabilidade da sustentação, outros vão desenvolvendo a mediunidade e outros mais tratam de aumentar rapidamente as leituras para que, somando aos próprios conhecimentos, passem a dialogar. Os médiuns estudam, se preparam e trabalham. Sem burocracia e com bastante ousadia. A base de todo este trabalho é a certeza de que o plano espiritual é que nos guia e inspira.
A oposição na Casa a este nosso métodos de trabalho é contornada pelas qualidades morais e dedicação ao trabalho do dirigente do grupo. As barreira são vencidas, porque diante de sua folha de serviço em nome da fé, alegria, esperança, persistência são a sua credencial para ir cada vez mais longe.
Para ilustrar as bases doutrinárias recorremos a Ermance Dufaux ¹ “A cultura espírita, em torno das questões mediúnicas, responde por uma mentalidade que inspira práticas e posturas nem sempre ajustadas aos reclames do tempo espiritual da transição. Transição é o tempo mental da renovação, a hora do recomeço e da reavaliação. Nesse cenário, os aprendizes da mediunidade serão aferidos com rigor. Muita coragem e sacrifício serão exigidos de quem realmente anseia servir sob novos e mais apropriados regimes, nesse tempo de contínuas mudanças.
Indispensável romper conceitos, vencer barreiras intelectuais e ter a ousadia para esculpir os novos modelos de relação intermundos, retirando a mediunidade do dogmatismo que aprisiona o raciocínio humano e da tristeza que oprime o coração como se os médiuns cumprissem severa sanção….
Vivemos uma nova proibição mosaica como a do Velho Testamento. Proibição essa mais nociva que a dos velhos textos hebreus, porque não se faz por decretos formais, passíveis de serem revogados, mas sob a coação impiedosa do preconceito sutil, das convenções estéreis e de sofismas aprisionantes – hábitos de difícil extirpação da mente humana.
Indispensável que haja um “Novo Tabor” em que Jesus, ao lado de Moisés e Elias, revogue a proibição da comunicabilidade dos espíritos com os homens.”
Os trabalhos desta quinta-feira nos surpreendeu mesmo. Os companheiros de jornada que foram atendidos não esperavam deparar com o que estava acontecendo em seu local de morada temporária e trabalho. Por ser também residência, a convivência familiar faz parte do ambiente além dos relacionamentos das atividades comerciais.
Por ser uma nova experiência de trabalho mediúnico, as situações ainda nos deixam com um pouco de dificuldade nas interpretações. De imediato, médiuns percebiam alguma coisa guardada em segredo na sala-cozinha. Os donos da casa, iam mentalizando, percorrendo todos os objetos e lugares que poderiam guardar algo em segredo.
Depois de muito procura, foi achado um drama ali guardado em um baú bem fechado. Uma criança, um bebê natimorto ali estava guardado espiritualmente. A descoberta causou um certo impacto. Explicava atitudes estranhas de um dos familiares, relativos ao desejo da maternidade, hoje na atual encarnação, impossibilitada.²
Por ser um local comercial, havia uma demanda de atrito com uma funcionária. Além do foco do atendimento inicial, outro lar inteiro foi abençoado como extensão das bênçãos do alto. Faz-nos recordar a máxima: fazer o bem, sem olhar a quem.
A pessoa atendida apresentava uma rebeldia, ódio, raiva e rancor desmesurado. Seu comportamento se reflete nos filhos e parcialmente no esposo. Mentalmente fomos até sua residência. Era um verdadeiro formigueiro de espíritos inimigos, cheios de ódio, galhofeiros, revoltados. Um a um, os “chefes” foram contatados, esclarecidos, convidados a uma outra atitude frente aquele grupo familiar. A maioria aceitou nosso convite, mas sempre deixam a recomendação: se não mudarem suas atitudes, atrairão outros do mesmo calão. “Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali”³.
Ao final do trabalhos, desceu sobre nós um lindo lírio iluminado e cada um o levou consigo. Agradecemos a todos, porque sabemos que mesmo aqueles que não puderam comparecer, sempre estão a nos enviar as melhores vibrações.
Obs: Para a próxima reunião todos se familiarizarão de alguma forma com o ambiente e com a pessoa atendida utilizando os recursos eletrônicos da rede social, com fotos e endereços. As reuniões têm o objetivo de atender primeiro a todos nós trabalhadores da casa de Auta de Souza. Outros casos que mereçam nossa atenção e carinho também serão atendidos.
¹ livro Lírios da Esperança de Ernance Dufaux e Wanderley de Oliveira – prefácio de Maria Modesto Cravo
² meses mais tarde, em outra ocasião de atendimento a outro familiar deste grupo, ficou esclarecido um drama do passado envolvendo abortos.
³ Mateus 12: 43 a 45 E, quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra. Então diz: Voltarei para a minha casa, de onde saí. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada. Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e são os últimos atos desse homem piores do que os primeiros. Assim acontecerá também a esta geração má.
4 livro Caminho Verdade e Vida, Francisco Candido Xavier, Emannuel 111 – PERANTE OS INIMIGOS